Lores são histórias de acontecimentos do presente ou passado dos personagens, elas precisam necessáriamente ter um início, meio e fim.
Nessas histórias damos vidas aos personagens de forma única, podemos Conhece-los e até mesmo conhecer mais de nossos Mapas do RPG.
As lores abaixo serão separadas por TÍTULO + PARTE + PERSONAGEM.
Vale frizar que nem todoas as informações contidas nas Lores aão realmente permitidas ou possíveis nesse RPG. No entanto, foram muito bem escritas e serão postadas exatamente da mesma forma aqui!
Demais informações sobre o personagens podem ser vistas diretamente dentro do nosso RPG.
Boa leitura!
A conversa com Samira começa a me trazer devaneios assim que ela menciona meus pais... A espada pesa nas minhas costas quando lembro de meu pai, de quão insignificante era minha força perto daquele Nephilin.
Ainda era tarde quando voltei da caça, após ter caçado um urso negro selvagem que assolava um vilarejo próximo. Minha família tinha um acordo, há muitos anos, com o povo do vilarejo Avrus, próximo às colinas, não muito longe do que hoje é conhecido como Instituto Valyrion. Mas, antigamente, aquele povo era sozinho, precisava de qualquer ajuda que pudesse conseguir, e não tinha muito dinheiro.
As Colinas de Avrus são uma região marcada por vastas planícies e pequenas vilas rurais. Ao contrário de outras regiões mais urbanizadas, as colinas são habitadas por povos que preferem viver de maneira simples, baseados na agropecuária e na convivência com a natureza, sem a busca por grandes avanços civis. Ali, as pequenas comunidades, formadas por diversas raças, optam por manter um estilo de vida independente, focado no cultivo e na criação de animais.
Com isso, veio a minha família, um guerreiro nomeado descendente de um dos Nephilins mais poderosos da Batalha do Armagedom. Dizem as histórias da minha família que ele pensou em tomar o vilarejo e matar todos para que sua família tivesse abrigo... mas não foi assim que aconteceu. Quando chegou, viu que aquele povo tão humilde tinha sérios problemas com seres malignos e feras que apareciam ao redor, estragando não só suas plantações, mas também matando seu povo e seus animais. Foi quando a missão no sangue falou mais alto do que a ambição: ele ordenou que o povo do vilarejo cuidasse das três mulheres de seu grupo e das duas crianças. Ele e os quatro homens de seu pelotão rodearam e varreram todas as redondezas, assassinando todo tipo de ameaça que estivesse por perto. Aquilo não foi diferente do que aconteceria ao colocar um leão no meio de um aglomerado de ovelhas. Foi um massacre, e o povo reconheceu a ajuda.
O tratado consistia em ajudarmos em todas as questões de ameaças que chegassem ao vilarejo; em troca, eles nos deram não só uma grande parte de suas terras, mas também todo tipo de alimento que nós mesmos não fôssemos capazes de caçar ou produzir. Afinal, o vilarejo, com 60 pessoas, ainda era bem melhor do que o nosso clã, com apenas 10 membros na época... eu ainda não era nascido. No momento em que cacei o urso, nosso clã contava com 16 membros no total, e o vilarejo tinha mais de 100 pessoas. Porém, algumas coisas começaram a mudar naquele momento.
Aquele era o dia em que eu faria aniversário, minha maioridade, 15 anos. Já era o melhor combatente de qualquer um da mesma idade, mas não chegava aos pés do meu pai. Porém, naquele dia, eu seria batizado, e tudo mudaria. Pensando nisso, eu voltei feliz e ansioso da minha caça, carregando, com dificuldade, o corpo do urso, arrastando-o pelo chão.
continua...
Samira sempre soube que sua vida seria diferente. Desde pequena, ela sentia o vento de uma maneira que ninguém mais em Cronacytus conseguia entender. Nos primeiros anos de sua infância, Samira sentia a presença do vento em todos os momentos, mas sua conexão com ele ainda era inicial, apenas um sussurro ao longe.
Mesmo ainda menina, ela adorava correr pela região de Cronacytus, onde o vento cortava a pele como lâminas de gelo. Sentia uma leveza e um prazer, como se o vento a carregasse sem esforço. Mas ainda não conseguia entender esse poder que sentia em seu interior.
Foi em uma manhã fria e serena, aos seis anos, que tudo começou a mudar. Samira se afastou de sua vila e foi até o topo de uma ribanceira de gelo, onde o vento cantava uma melodia ao tocar as pedras.
Ela sentou-se no topo, fechando os olhos e deixando que o ar tocasse seu rosto. Uma sensação de calma invadiu seu peito, como se estivesse em harmonia com tudo ao seu redor. Sem querer, estendeu as mãos, e o vento pareceu responder, uma brisa leve que começou a envolver seus dedos. Samira só conseguia sorrir, e o vento se intensificou, ficando mais forte e mais quente, como se quisesse acariciá-la, sussurrando um segredo que ela ainda não conseguia compreender completamente.
Aos nove anos, seu poder se manifestou de forma palpável. Durante uma tarde, em meio a uma tempestade — que ali eram bem comuns —, Samira sentiu algo diferente, uma fúria ao observar o céu. Em um impulso, ela correu para o lado de fora, desafiando os ventos. A tempestade estava furiosa, as nuvens escuras se envolviam no céu e os ventos rugiam com a força de um animal selvagem. Samira, sem saber o que fazer, fechou os olhos, com apenas aquele dia, há três anos, em sua mente. Quando percebeu, estava com os braços levantados, como se estivesse disposta a abraçar a tormenta. O vento, antes impetuoso, começou a se acalmar, como se reconhecesse sua presença. A chuva diminuiu por um momento, e o vento se moldou aos seus gestos, uma força poderosa, porém controlada. Samira conseguiu conjurar uma pequena rajada de vento ao impulsionar suas mãos, com as palmas para frente, dispersando a névoa da tempestade.
Completamente pasma, surpresa com o controle que tinha sobre o ar, mas, ao mesmo tempo, sentiu-se mais conectada a ele do que nunca.
Nos primeiros anos, seus pais, Mara e Julius, tentaram ignorar o avanço peculiar da filha. Mas, ao ver pela janela aquela cena espetacular da ligação de Samira com o vento, não havia dúvidas de que ela queria seguir o mesmo caminho da matriarca da família: controlar os ventos.
continua...
Esta é a história de Lucivaldo, uma máquina criada com o objetivo de ser um guerreiro imbatível e versátil, podendo ser usado em qualquer situação, seja em combate individual, onde podia usar suas armas e habilidades de luta corpo a corpo, ou contra hordas de inimigos, onde seu potencial era usado ao máximo, com o uso de sua magia de fios – uma magia simples, mas com um grande potencial ofensivo. Seu maior trunfo, porém, era a escama de dragão negro, uma segunda camada de proteção que não só garantia mais tempo em campo de batalha, como também concedia uma magia antiga, que seu criador batizou de "Domínio das Sombras". Mas voltemos ao começo. A pedido dos mestres, contarei hoje como o LN Mark 1, ou melhor, seu criador, conseguiu essas escamas.
A história começa há muito tempo, no auge do Armagedom. Nessa época, existia um grupo de mercenários conhecido como "Soldados da Alvorada", liderado por um guerreiro formidável chamado Logan D. Karma. Logan era um guerreiro inventor, detentor de um intelecto avançado para a sua época; muitos diziam que aquilo era uma bênção dos anjos.
Graças à sua loucura, acompanhada de sua inteligência, travou e ganhou várias batalhas improváveis a favor dos anjos, vencendo uma parcela considerável delas. Durante muitas e muitas batalhas, percebeu-se a necessidade de um autômato, uma criatura robótica que serviria não só como um reforço, mas também como uma grande adição para o grupo.
Então, Logan juntou um grupo seleto de pessoas em quem confiava e deu ao projeto o nome de "Projeto Crocodilo", para confundir os inimigos e não saberem que se tratava de um robô.
Durante um ano, o grupo se espalhou pelo mundo, coletando recursos e mão de obra para construir a máquina. Foi um processo caro e complicado, que demandou muito esforço coletivo. Depois de um ano, o Crocodilo Mark 1 foi criado e, no mesmo mês, já foi usado durante uma batalha no Desfiladeiro de Agregor. Os demônios haviam dominado um posto avançado estratégico na área, e o grupo foi contratado para conquistar e defender o posto até que o reforço chegasse. Dito e feito, o grupo se moveu para a região, e uma batalha que durou semanas foi travada, na qual os demônios tinham certa vantagem, devido ao terreno favorável a eles.
Durante semanas, a batalha ocorreu. Então, o Crocodilo foi acionado, e isso foi uma virada de chave, pois, graças à sua versatilidade, ele conseguia lidar com os demônios com certa tranquilidade, abrindo caminho para que pudessem tomar o posto.
Quando a vitória parecia certa, os demônios jogaram sujo e lançaram um dragão negro em direção aos guerreiros. Aquilo foi um movimento inesperado. Graças ao dragão, 90% dos guerreiros foram mortos, devido ao seu enorme poder. Logan, vendo seus homens morrerem sem poder fazer nada, usou tudo que tinha para enfrentar a criatura, travando uma batalha mortal que, além de custar a vida dele, acabou destruindo parcialmente a máquina, tornando-a inoperante.
Então, tanto Logan quanto a máquina desapareceram sem deixar rastros. Em algum período entre essa batalha e os dias atuais, o Crocodilo recebeu as placas de dragão negro. E agora, a máquina reconstruída vaga pelo mundo, tentando entender seu passado e recuperar sua memória.
Souma:
Inicialmente, eu poderia estar preocupado em caçar sozinho. Apesar de ser bom em combate de mãos vazias e manipulando lâminas, uma caçada solo e sem nenhuma arma seria um problema, com certeza... Mas, neste exato momento, encontro-me com um guerreiro, um espadachim especificamente, que está tão faminto quanto eu.
— Dessa forma, ficaremos muito mais avançados em nosso objetivo... Vamos em busca de uma grande safra de comida!
Sorrio para frente, em determinação, observando a imensidão dos campos verdejantes e as colinas ao fundo da minha ampla visão. Por ser uma região onde, aparentemente, a conexão com a natureza é maior, e o povo, conforme observei, vive de maneira mais simples e rural, a caça se tornará mais efetiva do que o esperado, visto que haverá animais até demais para tirarmos proveito.
Para o início da caçada, surpreendi-me muito com a velocidade de Noctis, bem como com sua maestria com a espada e, principalmente, com sua estranha habilidade de criar portais. Percebi que, conforme nossa caçada prosseguia gradativamente, o couro e a carne dos animais poderiam ser armazenados dentro do portal criado, como se fosse... um armário mágico?
No entanto, suas capacidades agressivas de caça, que estavam amplamente melhoradas com minha habilidade de amplificação, não me deixavam para trás, visto que eu também usava habilidades ofensivas com minhas chamas azuis espirituais, soltando rajadas de chamas e envolvendo regiões do meu corpo com chamas intensas o suficiente para abater um animal. Mesmo que, obviamente, a maneira como Noctis caça seja mais efetiva, não deixo de mostrar meu valor como seu suporte e fazendo minha parte em derrotar alguns animais também.
Repetidamente, quanto mais animais pegávamos, mais eu mostrava meu respeito pelas vidas tiradas. As Colinas de Avrus, por serem um lugar muito ligado à natureza, segundo as informações dadas pelos cidadãos dos vilarejos, exigem respeito. Eu não posso simplesmente caçar, tirar vidas destes campos sem nem mesmo mostrar agradecimento. Por este motivo, eu, respeitosamente, fechava meus olhos e agradecia pelo local estar me proporcionando uma farta safra de comida.
Noctis:
Já havíamos pego alguns animais de porte médio e pequeno, mas, para mim, muitos deles não eram interessantes no momento, e caçar apenas esses seria um desperdício. Admito que, à medida que fomos caçando, comecei a utilizar a caça mais como um treinamento, não dando muito valor aos animais mortos. Isso até ver Souma prestando seu respeito a todos os mortos.
A cada abate, Souma parava por dois minutos, de joelhos em frente ao corpo morto, e fechava seus olhos com os dedos, antes de eu os arremessar no portal. Com o tempo, comecei a dar mais crédito a esse rito, considerando que cada animal tinha sua função ali naquele bosque, que me trazia tantas lembranças, boas e ruins.
Em determinado momento, decidi que não iria mais caçar esses simples animais, e sim feras. Assim, causaria menor dano à fauna e à flora, facilitaria a sobrevivência de espécies menos fortes e equilibraria a cadeia alimentar. Então, começamos a caça de verdade. Por cerca de 40 minutos, espreitamos, mas ainda não tínhamos caçado nada, o que me frustrou novamente. Sentei-me em um momento, junto a Souma. Pegamos dois esquilos mortos do inventário, e ele me ajudou a assá-los, cuidando para retirar os órgãos, mantendo a carne e a proteína.
Enquanto comíamos, comecei a notar uma presença muito fraca por perto... mas, ao mesmo tempo, um nível de perigo altíssimo.
— Use seu fogo em mim agora! — Gritei para Souma, que mal teve tempo de fazê-lo, no susto.
No instante em que senti meu corpo ser coberto gradualmente pela temperatura morna, uma fera gigante avançou em minha direção. Já em pé e com a arma na mão, tive muito pouco tempo de reação para impedir o bote, conseguindo apenas segurar seu pescoço com as mãos, a milímetros de sua boca gigante devorar minha cabeça.
Para minha sorte, Souma, que se afastara, conseguiu finalizar seu encantamento, o que fez meus olhos, antes azuis, brilharem em um vermelho alaranjado suave, mas cintilante. Arremessei o lobo gigante para a esquerda, na direção contrária à de Souma, e me levantei em postura de ataque.
— Preciso que seja meu suporte, assim não precisamos exagerar. — Disse para Souma, enquanto mantinha meus olhos atentos à movimentação em círculos do lobo e me movia junto com ele.
O lobo facilmente tinha mais de dois metros de altura; não era comum um ser desse naquele local. Essa era minha fera. Dei um grande sorriso, pegando impulso. Parti para cima do lobo com um ataque de espada lateral, da esquerda para a direita, sabendo que ele simplesmente iria ainda mais para a esquerda para pegar impulso e me cobrir da outra direção. Mas, nesse momento, girei com toda potência, dando um corte em 360 graus, decepando sua pata esquerda gigante enquanto ele ainda estava no ar. Rolei antes que ele me atingisse, ainda no impulso do movimento.
O lobo rosnou, uivou, chorou, mas, sem uma pata, não conseguiria fugir de mim. Avancei em sua direção, dando uma risada sincera, sentindo o gosto do sangue antes mesmo de concluir o que faria...
[...] 5 horas depois...
— Quer dizer então... que só porque... o bicho é grande... você não consegue colocar no portal...? — Perguntou Souma pela décima vez nas últimas horas, enquanto carregávamos o corpo do lobo, arrastando-o no grande tecido de peles que Souma costurara antes de sairmos do bosque. Estávamos exaustos e ofegantes. Afinal, mesmo com minha força e velocidade, o lobo facilmente pesava meia tonelada. Mesmo assim...
— Pare de reclamar... já chegamos...
Olhei para frente, enquanto parávamos na frente da ponte que entra na ilha do Instituto. Resolvemos parar um pouco para respirar, olhamos um pouco em volta e, quando vi Souma, ele estava me encarando.
— O quê? — Perguntei, irritado.
— Como vamos passar esse corpo gigante nessa ponte estreita...?
Existe uma forma de lidar com tudo isso sem partir para a violência? Talvez o pacifismo fosse uma arma letal se usada com sabedoria, mas para que dialogar se tenho um demônio que pode sair a qualquer momento? É como aquela história da ovelha com máscara de lobo e o lobo com máscara de ovelha, ou o velho ditado: "Se correr, o bicho pega; e se ficar, o bicho come."
Jazia alguns dias desde a chegada ao Instituto Valyrion. Devido à alta demanda de pessoas, feras e espíritos, chegando a cada dia que se passava, a comida se tornou escassa. O melhor que se podia fazer em uma situação como essa era caçar. O cartaz, posto há pouco tempo, chamou a atenção dos mais diversos, saindo sozinhos ou em conjunto para a caçada nas Colinas de Avrus. Um caminho bem longo a ser percorrido, dada a nossa localização, mas a grande concentração de monstros e animais naquele lugar era bem abrangente. Sendo assim, o início da jornada se formou na direção da região. Era como se uma linha tracejada de sangue fosse formada, e o tempo que realmente levaria se tornou apenas uma fagulha, ocupando um espaço insignificante. Claro que, após a rápida viagem na forma mais letal de um lobisomem, uma pausa para o descanso era crucial.
É realmente difícil ser um caçador que porta dentro de si uma besta voraz. Os pequenos se afastam apenas com a presença, mas nada com que se preocupar; afinal, eu vim aqui para caçar presas grandes. O descanso levou em média 25 minutos. Totalmente recuperado e pronto para seguir em direção ao tracejado vermelho, era como se sangue fresco tivesse acabado de ser derramado – e, na verdade, foi. A exatamente 15 metros à frente, havia uma criatura, fera como eu. Os instintos foram aguçados, e minhas pernas agora foram tomadas por patas, assim como minha mão esquerda se cobriu de pelos, destacando garras afiadas. Tinham aproximadamente 6 a 7 centímetros, dependendo do dedo, sendo o maior o do central, seguido pelo indicador e, por último, mas com milímetros de diferença, o dedão. Os olhos foram tomados pelo negro, enquanto as íris se manchavam em tom carmesim e a pupila se retraía, tendo uma leve alteração anatômica.
O avanço furtivo dos meus pés, chegando cada vez mais próximo... A fera foi tomando forma: um tigre, talvez, mas suas presas eram maiores, e sua dianteira tinha uma estrutura mais formada, enquanto sua traseira era mais fina, com uma cauda longa coberta por uma pelagem mais completa. Claro que a furtividade não duraria muito tempo. É como se a voz na minha cabeça dissesse: "MATE! MATE! MATE!", enquanto a única parte que ainda me mantém são se desprendeu da razão e entregou o destino da caça para o lobo. Houve um avanço de ambos; tanto o tigre quanto meu corpo se moveram um contra o outro. As garras e presas do tigre visavam meus ombros e garganta; seu salto havia sido mais alto que o meu. Contudo, a lâmina que carrego em minhas costas tomou forma sob minhas mãos. Seu tamanho alterou levemente; era o tamanho suficiente para usar com uma mão, a mão direita, que não estava transformada. Quando se está com adrenalina, o tempo parece passar de forma mais lenta. Era como se aquele salto durasse por alguns minutos, mas foram apenas segundos. Ali, no alto, enquanto sua garra cravou meu ombro, sua presa sequer chegou na minha garganta; parou exatamente a 10 centímetros de mim, onde sua mandíbula agora estava presa, uma à outra, pela espada. As garras haviam feito ferimentos leves, nada com que se preocupar, sendo sincero. Entretanto, assim que puxei a espada, um chute lateral foi desferido, fazendo com que o tigre fosse lançado para o alto. Contudo, devido ao impacto causado do golpe, meu corpo também foi jogado para outra direção, mas, graças aos reflexos aprimorados, pude aterrissar com certa destreza. Mesmo assim, a força do impacto das pernas sob o chão me fez ranger os dentes. A fera, por assim dizer, não teve a mesma sorte. Sequer pôde se apoiar, pois sua dianteira estava em minhas mãos, a mesma que o tigre havia usado para arranhar meu ombro.
— Ora! Parece que o gatinho esqueceu de pegar a patinha. — Disse em certo tom de ironia, enquanto minhas presas traçavam o pedaço da carne retirada do tigre. O sabor da carne era ótimo; infelizmente, estava um pouco dura. O sangue fresco escorria entre os dentes e caía no chão. Cada mordida era como um aviso. Meu olhar sequer saiu do tigre, vendo seu desespero, o mesmo desespero de quando um caçador descobre que é a presa. Ela permaneceu imóvel, parada ali, pois sabia que, se corresse, não haveria misericórdia. Ela havia escolhido abraçar a derrota, e assim foi. A lâmina foi lançada em direção à cabeça; seu crânio foi atravessado e, em questão de segundos, caiu no chão.
Levou algum tempo. Cuidei dos arranhões, mas o fator de cura acelerado de um lobisomem já havia quase cuidado de tudo. Aproveitei o local para retirar a pele e limpá-la ali mesmo. Ficaria mais leve para carregar – não que isso fosse um problema, mas gostaria de vender a pele antes de entregar a carne.
Naquela manhã, o vento soprava suave sobre a Baía de Zephyros, que cerca o Instituto (parte do mar de Nyvaris, que cerca toda a Terra de Valyrion). As águas cristalinas da Baía de Zephyros reluziam como espelhos sob o sol. Era um mar vasto e indomável, conhecido por abrigar criaturas marinhas tão fascinantes quanto perigosas, que haviam evoluído para conseguir sobreviver durante e após o Armagedom.
No Instituto Valyrion, os mantimentos estavam escassos. Haviam recebido uma missão para caçar, e Samira decidiu então se arriscar: caçar um peixe gigantesco, o Marisquar, conhecido por sua astúcia e força, uma criatura marinha enorme.
O Marisquar era um peixe colossal com escamas azul-escuras que brilhavam como metal sob a luz do sol. Suas nadadeiras lembravam asas de um pássaro, permitindo-lhe nadar em alta velocidade, e sua mandíbula possuía dentes finos e afiados, perfeitos para despedaçar até mesmo rochas. Ele era conhecido por ser ágil e astuto, utilizando as correntes da baía para escapar de predadores ou caçadores.
Apesar de seu treino como elementalista do ar, Samira sabia que ainda era inexperiente. Ela sabia que precisaria confiar em sua criatividade para ter sucesso.
Samira se preparou na margem, ajustou o medalhão em seu peito, fechou os olhos e se conectou com o vento que soprava sobre o mar, meditando por um tempo. Ela sabia que, apesar de ainda estar em treinamento, precisava confiar em seu vínculo com o vento e na orientação de sua intuição. Com um gesto suave, ela invocou uma leve brisa para impulsioná-la ao mergulhar nas águas profundas.
Enquanto descia, Samira manteve a calma. Sentia o peso da água ao seu redor, diferente do ar, que tão naturalmente se moldava a seu comando. Manipulando pequenas correntes de ar, com seus realizou um movimento circular em volta de sua cabeça, criando uma bolha ao redor do rosto para respirar enquanto explorava as profundezas. Era um truque que ainda estava dominando, mas que já conseguia manipular.
A luz solar se dissipava à medida que Samira mergulhava mais fundo. O silêncio do oceano era opressor, interrompido apenas pelo som distante das criaturas aquáticas. Concentrando-se, ela estendeu a mão, sentindo as sutis vibrações do vento aprisionado na água ao seu redor. Estava ali, mas disperso... Fraco, difícil de manipular.
Logo, avistou o Marisquar. Ele nadava próximo a uma formação rochosa, as manchas brilhantes de suas escamas piscando como as estrelas no crepúsculo. O coração de Samira acelerou. Ela sabia que precisava ser estratégica; o peixe era rápido demais para um confronto direto.
Samira observou, avaliando o comportamento da criatura. O peixe parecia atento; sua causa se movia com lentidão calculada, mas seus olhos brilhantes captavam qualquer movimento ao redor.
Ela precisava criar uma distração. Concentrando-se, começou a manipular as pequenas bolhas de ar ao redor, guiando-as em direção ao peixe. As bolhas subiam em padrões irregulares, atraindo a atenção de Marisquar. Ele nadou em círculos, desconfiado, enquanto Samira se movia silenciosamente para uma posição melhor.
De repente, o Marisquar pareceu perceber sua presença. Com um movimento forte da cauda, ele investiu na direção de Samira. Samira girou o corpo, usando uma corrente de ar, desviando por pouco, mas o impacto quase a tirou do equilíbrio.
Sentindo a ameaça, o Marisquar ficou mais agressivo. Ele investiu novamente, e Samira, com movimentos rápidos, criou uma pequena explosão de bolhas para desorientá-lo. Apesar disso, a criatura era persistente. Sem o medalhão para ajudá-la, Samira precisava confiar apenas em sua habilidade com o ar, algo que ainda estava longe da perfeição.
O confronto continuou. Samira usava as correntes de ar para manipular sedimentos do fundo do mar, criando cortinas de areia e algas que limitavam a visão do peixe. Contudo, manter o controle do ar na água era exaustivo, e Samira sentia o peso da pressão crescente em seus pulmões.
Finalmente, Samira teve uma ideia. Fechando os olhos, ela tentou sentir o pouco ar disperso ao seu redor. Era uma quantidade mínima, mas suficiente para formar uma bolha de tamanho médio acima do Marisquar. Com um movimento rápido, ela condensou a bolha e a liberou em direção ao peixe, criando uma forte onda de pressão que o empurrou contra uma formação de corais.
O impacto deixou o Marisquar atordoado, dando tempo para Samira o capturar. Samira sabia que esse era o único momento que teria. Com uma última explosão de esforço, ela usou uma corrente de ar para direcionar o peixe para águas mais rasas, enquanto se esforçava para não perder o controle de sua própria respiração.
Ao chegar à costa, caiu de joelhos, exausta, mas vitoriosa. Sentiu o vento ao seu redor esfriar, mas não de uma forma ameaçadora. Parecia uma saudação, um reconhecimento de sua vitória.
Ela olhou para o horizonte da Baía de Zephyros, agora tingida pelos tons dourados do pôr do sol, e sussurrou:
— Obrigada, vento. Ainda temos muito a aprender juntos.
Souma teve um sonho estranhamente singular. O jovem se encontrava deitado em um jardim com flores e folhas macias. O ar estava rarefeito, o suficiente para ele sentir calafrios, mas... não parecia ser uma sensação ruim, exatamente. Era uma noite de Lua cheia; o silêncio predominava em todo o local. A paz era... reconfortante. Tanto o jovem ali presente quanto qualquer outra pessoa se sentiriam bem apenas por estar ali. Mas o motivo deste sonho ter ocorrido... é por causa de sons de sino que surgem de repente, implicando no corte do silêncio.
O Kitsune, brevemente, se senta no jardim e... olhando para o horizonte, era possível enxergar pequenos e tímidos espíritos de forma humanoide e formatos de rosto peculiares. São espíritos da natureza... Kodamas, que vieram até os seus sonhos. No momento em que Souma usara seus poderes espirituais pela primeira vez na floresta das Colinas de Avrus, seu espírito forte, somado com seu respeito pela floresta, chamou a atenção dos pequenos protetores da natureza. E, por isso... sem o consentimento de Souma (não que ele achasse algo ruim), os Kodamas queriam criar um vínculo eterno, uma amizade que continuaria mesmo que passassem milhares de anos. Os Kodamas surgiriam, visivelmente ou de maneira invisível, sempre que Souma desejasse.
Timidamente, um dos Kodamas se aproxima de Souma, oferecendo a ele um pequeno talismã com o símbolo de uma flor de lótus desenhada de maneira desajeitada. Souma sorri para o pequeno espírito e diz:
— Eu aceito este vínculo... Espero que possamos nos divertir durante esta curiosa jornada.
Souma pega o talismã, e o desenho brilha em chamas azuis, condizentes com o espírito do mesmo. Os Kodamas, em animação e afeto, pulam em cima de Souma, comicamente... e antes que ele pudesse fazer algo a respeito, ele desperta em um susto. Em seu palmo... algo brilha: uma chama fria de cor branca surge. Sua nova chama agora possui um nome e um propósito em sua vida.
Em um determinado momento, após os acontecimentos da batalha na vila dos anões, Lucivaldo estava ajudando a arrumar parcialmente os destroços da cidade. Graças ao seu corpo de máquina, conseguiu resgatar e remover escombros. A máquina passou o dia todo ajudando, chegando ao final da noite com a bateria muito baixa, precisando de um período de repouso urgente. Enquanto se deslocava para um acampamento improvisado, onde seu grupo se preparava para dormir para o próximo dia, um dos anões se aproxima dele.
— Ei, robô, muito obrigado por salvar nossa cidade. Somos profundamente gratos pela ajuda do seu grupo. — comentou o anão, com uma voz profunda, mas ao mesmo tempo calma.
— O prazer é meu. Quando ouvi os gritos de desespero, minha diretriz não permitia que eu simplesmente ignorasse o sofrimento alheio. — respondeu o autômato, demonstrando claros sinais de que precisava de um reparo. — Qual seu nome, senhor?
— Pode me chamar de Bjorn. Sou ferreiro da cidade. Se precisar de algo, pode me chamar.
— Me chamo Lucivaldo e, na verdade, eu preciso, sim. Meu corpo está há um tempo danificado pela batalha e pela ação do tempo. Poderia me reparar, por favor?
— Claro! Seria o mínimo que eu poderia fazer, depois de você e seu grupo salvarem nossa cidade. Eu só não vou poder lhe deixar novo, já que minha forja foi destruída, mas posso tentar lhe deixar melhor para a próxima cidade.
— Agradeço muito pela ajuda, senhor Bjorn.
Então, ambos seguiram caminho até a forja dele, que realmente estava bem destruída, mas ainda dava para trabalhar no robô. Chegando lá, Lucivaldo se posicionou no local indicado e entrou em modo reparo, já quase entrando em estado de hibernação.
— Senhor Bjorn, minha bateria está bem baixa, então irei entrar em modo de recarga, mas fique à vontade para o reparo.
Nesse momento, sem ao menos esperar uma resposta do anão, o robô entrou em modo de recarga, estando imóvel, mas, de certa forma, consciente.
Enquanto estava recarregando, Lucivaldo começou a desbloquear memórias às quais ele não tinha certeza do que se tratavam, mas sentia familiaridade com elas.
A partir daqui, serão narradas as memórias do personagem:
Era uma noite tempestuosa. A chuva forte adentrava o quarto junto a um vento frio, obrigando-o a fechar as janelas. O quarto era iluminado por algumas velas, que apenas permitiam enxergar o necessário. Em sua frente, havia um mapa de todo o continente. Nele, havia diversas peças que marcavam o território. Era possível identificar que era dividido em duas facções, os anjos e demônios, onde se mostrava uma certa vantagem dos demônios em relação aos anjos. Aquilo deixava o homem com certa irritação. Sua mente, a milhão, pensando em maneiras de contornar essa situação, quando, repentinamente, um outro homem adentra o quarto, sem bater, dando um susto de leve nele.
— Seu idiota! Eu já disse pra bater nessa porta! E se eu estivesse pelado?
— Grandes coisas! Até parece que eu já não vi você assim.
— Independente, irmão, de todo modo, bata antes de entrar. O que você quer?
O outro homem entra no quarto de vez e se deita na cama, soltando um som, um gemido, como se tivesse passado o dia todo com a coluna torta e agora estivesse se sentindo confortável.
— Então, querido, eu vim aqui para lhe lembrar que nós estamos precisando repor as mercadorias das lojas, consertar as muralhas da última batalha e, por fim, amanhã nós temos o encontro com o xamã daquela vila. Ele concordou em nos ajudar na batalha se ajudássemos ele primeiro com o problema dos homens-fera.
— Certo. Amanhã eu vou acertar tudo isso com os administradores. Eles vão ficar responsáveis pela cidade. Eu vou me acertar com esse xamã.
O outro homem faz um gesto de chamá-lo para um abraço. Ele se aproxima, aceita o abraço e o abraça de volta, ficando juntos na cama.
— Você está indo bem, querido. Apesar das nossas perdas recentes, você está indo muito bem. Conseguimos repelir o último ataque dos demônios, e os anjos estão mandando suprimentos este mês. Está tudo bem.
— Mas não é o suficiente. Precisamos acelerar o Projeto Crocodilo. Ele vai ser nosso maior trunfo contra esses demônios malditos.
— Amor, tudo no seu tempo. Não afobe as coisas sem necessidade. Esse é um projeto muito caro para ser apressado desse jeito. Você precisa descansar. Hoje foi um dia bem estressante para você.
Ele fica em silêncio, ouvindo o que seu amor falava, entrando em uma espécie de transe temporário, onde ele parecia desassociar do ambiente ao redor. E, quando ele menos percebe, estava de conchinha menor com ele, recebendo um cafuné.
— Amor, você acha que essa luta vai acabar um dia? Será que um dia, finalmente, poderemos ter o nosso descanso e viver nossa vida longe dos campos de batalha?
— Um dia, talvez, mas esse dia não é hoje, amor. Agora descanse. Já é de madrugada. Deveria estar dormindo, isso sim.
Ele pensa mais um pouco, se vira e dá um beijo nele. Então, eles caem no sono, apenas aguardando o próximo dia.
De repente, depois de algumas horas, Lucivaldo acorda, já reparado e recarregado, mas cheio de perguntas: "Quem eram eles?", "Onde eu estava?". Essas e muitas outras perguntas enchiam seu processamento, mas nada fazia sentido. Quando ele percebe, seus arquivos, antes corrompidos, agora estão acessíveis, permitindo a ele verificar e descobrir mais sobre seu passado. Ele vê o anão dormindo, então deixa uma mensagem de agradecimento ao lado dele e se dirige para o acampamento, indo verificar a elfa e saber se ela estava bem ou se tinha acordado.
A dúvida de Souma era compreensível, e eu precisava que ele me ajudasse. Não só ele, mas já era um excelente início ter um companheiro.
Eu fui um jovem muito talentoso, um dia. Era o melhor lutador e combatente da minha geração. Depois que meus pais conseguiram estabelecer nossa família não muito longe do instituto, eu nasci. As Colinas de Avrus eram cercadas de vilarejos há muito tempo, e tínhamos o pacto de proteger esses vilarejos em troca de mão de obra, alimentos que não pudéssemos confeccionar, além de que eles ajudavam muito com transportes, viagens e equipamentos. Em troca, nós caçávamos para eles todos os tipos de criatura que poderiam ameaçar sua sobrevivência, o que não era sempre fácil, afinal, éramos poucos nephilins. Enfim, eu fui treinado; apenas com 6 anos eu já atirava com arco e flecha e, com 7, manuseava uma espada com maestria. Com 11 anos, comecei a receber missões de caça que não eram nem um pouco fáceis; caçava predadores. Com 15 anos, eu seria batizado pela minha família, atingindo minha maioridade e recebendo minha herança.
Naquele dia, eu consegui cumprir a missão que me fora dada na noite anterior: caçar um urso negro gigante. Eu consegui e o matei, afinal, era o que eu sabia fazer até então. Mais à noite, eu me preparei para a coroação. Em meus melhores trajes, adentrei nossa base, a casa de reuniões dos Nephilins. Como num rito, lembro que as luzes eram fracas e as pessoas estavam reunidas em um círculo aberto no meio do salão, aguardando minha entrada. Meu pai, à frente do círculo, sentado em uma poltrona com uma postura rígida, como sempre, me encarava, aguardando que eu entrasse.
Eu estava nervoso demais; cheguei a cogitar rir, de tanto nervoso. Mas, mesmo assim, comecei a seguir lentamente, como diziam as instruções para o rito de batizado. Eu entrei no centro da roda, e eles fecharam a passagem, todos com suas pedras de luz azuladas na mão. E então meu pai começou a contar os segredos de nossa família. A História Perdida.
Ali, eu descobri tudo sobre a guerra do Armagedom, sobre os anjos lutarem contra os demônios pela soberania. Descobri sobre as civilizações antigas da guerra, descobri que oito bilhões de humanos foram massacrados, destruídos, mutados... e tudo isso para que seres superpoderosos resolvessem suas batalhas. Eu nunca havia imaginado tanta atrocidade; nem sequer consigo hoje imaginar o que são oito bilhões de pessoas andando, sorrindo, conversando e vivendo suas vidas, cada uma com suas funções e obrigações, quando, de repente, todos foram dizimados.
Ali, meu pai me contou que, na verdade, todas as raças que existem hoje em dia foram criadas a partir do poder dos anjos ou dos demônios, utilizando seres humanos vivos ou mortos para participarem desta guerra, que durou quase 300 anos. Nós, Nephilins, havíamos sido criados pelos anjos, e daí descendemos, em corpos meio humanos. Porém, por mais abismal que fosse descobrir toda a verdade, eu não esperava que os Nephilins tivessem uma missão para o período de intervalo entre as lutas dos anjos e demônios. Quando a guerra terminou, ambos os lados acordaram que aquilo era apenas uma trégua e que, em determinado momento, voltariam para a Terra para terminar o que iniciaram.
Antes dos anjos deixarem a Terra, eles deram uma ordem clara aos Nephilins: “Exterminem todas as espécies provenientes dos demônios. Limpem-nos da face da Terra”. E era esse o motivo do meu batizado ali. Na verdade, o meu batizado serviria apenas para a passagem do bastão. Ali, naquele momento, eu seria encarregado de simplesmente tirar a vida de todos os seres vivos que tivessem sangue demoníaco correndo em suas veias. Matar monstros era uma coisa... Isso era inaceitável. Mas eu não consegui reagir.
Minha família... Ali, me foi entregue primeiro a espada, minha espada Nephilim, foi a minha herança. Em seguida, com a espada em mãos, eu deveria me prostrar perante o meu pai e recitar a aceitação de missão dos Nephilins... mas eu não consegui. Meu pai, furioso, me deu a ordem, e então eu, sem pensar nas consequências, neguei. Meu pai sacou sua espada, e eu nem posso dizer que aquilo foi uma luta. Vi minha mãe ao lado chorar, sem sair do lugar, sabendo que o filho morreria ali, mas eu não cedi. Em dois minutos, eu fui arremessado em uma parede, que se quebrou quase que por completo. E no chão, antes do golpe final degolar minha cabeça, eu estava aqui... no Kamui.
Por anos, eu vaguei aqui, sem entender o que eu poderia ou não fazer, como sair... Treinei continuamente e, então, um dia, abri novamente o portal e consegui retornar às Colinas... mesmo que tivesse que enfrentar meu pai novamente, não haveria problema algum, afinal, estava muito mais forte. E então vi que não havia chance de retorno, de verdade, para mim. Todas as civilizações em volta foram devastadas, e um monstro em específico acabou por assassinar toda a família de Nephilins que ali existia.
Minha família havia morrido.
Muito tempo depois de conseguir controlar meus poderes, percebi que havia uma forma de impedir que todas as civilizações fossem dizimadas novamente. Percebi que, na verdade, o meu poder pode ser a chave para a sobrevivência de um mundo inteiro. Percebi que o Kamui é a civilização que nunca poderá ser destruída enquanto eu ainda estiver de pé, Souma. E é por isso que eu preciso da sua ajuda para construir aqui o maior reino que o mundo já viu!
O alien observa a cápsula de fuga tremendo e vibrando enquanto atravessa a atmosfera de um planeta desconhecido. O som da pressão externa faz os circuitos internos de sua estrutura se aquecerem levemente, um aviso de que ele está sendo puxado para um ambiente hostil. A cápsula está perdendo estabilidade, e ele calcula a chance de sobrevivência, com base em suas análises rápidas. O exterior da cápsula é coberto por fragmentos de energia solar que causam falhas no sistema de navegação. Em seu último ato consciente, ele consegue ativar um sistema de emergência que faz a cápsula se teletransportar para um ponto aleatório do universo, uma tentativa desesperada de escapar do desastre iminente.
O céu ao redor da cápsula brilha em tons de laranja e vermelho, refletindo o calor da reentrada, mas, ao mesmo tempo, uma escuridão misteriosa toma conta do horizonte. Kos-Mos, com sua mente calculando a trajetória da queda, percebe que a cápsula está indo em direção a uma vasta região gelada. Uma paisagem completamente desconhecida se desenha à medida que a cápsula se aproxima do solo; o vento cortante do local envolvente faz a temperatura interna da cápsula cair bruscamente.
Ele sente o impacto iminente, seus sensores detectando a proximidade do solo gelado. O frio extremo é uma preocupação imediata, e Kos-Mos ativa protocolos de aquecimento para suas partes mais sensíveis, ciente de que a temperatura ali pode ser fatal para suas estruturas.
Com um estrondo que ressoa por toda a região gelada, a cápsula colide com o solo, levantando uma nuvem de neve e gelo. Kos-Mos, sem perder a compostura, realiza rapidamente um diagnóstico. A cápsula está irreparavelmente danificada, e ele está preso ali. Sem tempo a perder, ele sai da cápsula e encontra-se de pé na neve profunda e fofa, um ambiente imenso, vasto e silencioso. O som de seus pés esmagando a neve é abafado pelo vento gelado que corta a paisagem.
O céu está coberto por nuvens pesadas, e a temperatura continua a cair, tornando a "respiração" de Kos-Mos quase visível no ar frio, embora ele não precise respirar. As montanhas distantes são cobertas por uma capa de gelo, e a vegetação é escassa, limitada a pequenos arbustos e plantas adaptadas ao clima severo.
A temperatura é extremamente fria, provavelmente abaixo de -20°C, um ambiente perigoso para qualquer ser vivo que não esteja preparado. O terreno é plano, com algumas elevações ao fundo, como montanhas e grandes blocos de gelo. O chão é coberto por neve espessa e compactada.
A flora e a fauna são escassas. Kos-Mos observa algumas plantas pequenas e resistentes ao frio, como liquens e arbustos de baixa estatura. No entanto, não há sinais de vida imediata à vista. Ele sabe que o ambiente é perigoso para qualquer forma de vida que não tenha adaptabilidade extrema. O vento corta a região, intensificando a sensação de frio e tornando qualquer movimento externo um desafio. O céu nublado impede que o sol se revele, criando uma escuridão constante, interrompida apenas por flashes de luz que refletem na neve.
A paisagem é desolada, com uma sensação de isolamento e quietude. O ar é pesado, com pouca vida visível, o que faz o ambiente parecer abandonado e sombrio. Kos-Mos dá os primeiros passos, tentando se ajustar ao terreno coberto de neve. Ele sabe que precisa avaliar rapidamente sua situação. Sem perder tempo, ele ativa o sistema de análise e obtenção de dados para escanear o ambiente imediato.
Ele examina o solo gelado, as pequenas plantas ao redor e até os fragmentos da cápsula. Ao observar, consegue aprender rapidamente que a neve ali é densa e pode dificultar sua movimentação. A análise do ambiente é suficiente para indicar que ele deve buscar um abrigo ou uma forma de se proteger do frio extremo.
Kos-Mos tenta obter informações sobre o terreno, mas sua análise só oferece detalhes superficiais. Ele não consegue avaliar o potencial de risco imediato do ambiente, como criaturas ou mudanças climáticas que possam surgir. Sabendo que só tem seis análises por dia, ele decide usar as restantes com sabedoria.
A forma de vida inorgânica pondera sobre sua situação: a cápsula foi danificada gravemente, e ele está em um planeta desconhecido, sem saber o que mais pode estar à espreita. Ele sabe que deve encontrar um local seguro para se abrigar e tentar reparar seus sistemas. O banco de dados ainda contém informações limitadas sobre o ambiente, e ele está consciente de que precisará aprender mais observando e interagindo diretamente com a fauna e flora locais.
Com sua primeira análise do terreno concluída, ele decide buscar um local mais seguro, possivelmente em direção às montanhas distantes, onde acredita que pode encontrar um abrigo natural ou, pelo menos, um ponto de referência.
O sol já havia "acordado" e brilhava forte no céu sobre nossas cabeças. O céu azul e amplo, com poucas nuvens, trazia um lembrete da estação: o verão, a estação mais quente dentre as quatro, onde os dias eram mais longos e a temperatura mais alta, muitas vezes acompanhado de dias ensolarados, mas não abandonando suas chuvas torrenciais...
Callyope despertava, abrindo os olhos lentamente enquanto suas orelhas, no topo de sua cabeça, se viravam e tremulavam, tentando compreender e acompanhar os sons que cercavam a floresta. A claridade foi a primeira coisa que a impactou, trazendo consigo uma dificuldade para a visão clara. Com a visão ainda embaçada, ela apoiou seus sentidos em suas orelhas, identificando localização e origem. Podia ouvir o cantar dos pássaros, o farfalhar das folhas, até mesmo pétalas deixando seu ramo e caindo sobre a grama esverdeada. Logo, sua mão direita se guiou até os olhos e, com as costas da mão, ela os esfregou, conseguindo, assim, ver tudo com mais clareza do que antes.
Seus olhos puderam examinar o ambiente, reconhecendo o lugar em que estava. Ela havia subido em um galho alto de uma árvore tão alta quanto para poder adormecer em segurança; isso era o suficiente para explicar o desconforto que sentia em seu corpo. Deitada sobre o galho, com suas nove caudas caídas em direção ao solo, Cally suspirou e guiou sua visão até o horizonte, contentando-se em saber que já não estava tão distante quanto da última vez que havia observado. Ela se sentou, inclinando seu corpo para a esquerda, usando de apoio ambas as mãos e, assim, erguendo a postura. Um bocejo, uma esticada de seus braços e, então, saltou do galho em que estava, caindo no solo sobre quatro "patas", como um gato. Ainda sobre as quatro patas, ela se espreguiçou, esticou a coluna o máximo que pôde enquanto estendia suas caudas ao limite e, com um sorriso de satisfação, se colocou de pé sobre seus dois pés.
— Bom dia, grande árvore. Agradeço por me proteger esta noite! Espero que possamos nos rever em breve...
— Você falou isso para todas as árvores em que dormimos. Não vai conseguir se lembrar de todas! — exclamou um espírito-raposa de tonalidade azulada, que se manifestava no ar ao redor de Callyope.
— É uma maneira simpática de agradecer, Bill. Deixe de ser chato! — dizia outro espírito-raposa, dessa vez de coloração rosada.
— Bom dia para vocês também... — Callyope dizia, revirando seus olhos, mas com um sorriso no rosto. — Vocês nem acordaram e já estão brigando?!
— Que piadinha engraçada. Você sabe que não dormimos; só deixamos você de lado. — resmungou Bill, a raposa azulada.
— É sério?! Consegue fazer de novo?! — caçoou Cally.
— Engraçadinha... Vou lembrar disso quando você for atravessar o véu!
A outra raposa apenas ria do diálogo entre os dois, enquanto se mantinha flutuando próxima ao ombro da kitsune.
Callyope, uma kitsune de longos cabelos negros e pelo mesclado, tinha orelhas que acompanhavam o tom de seu cabelo, enquanto sua cauda havia puxado os pelos de sua mãe: brancas como a neve. O trio, com a companhia de mais outros espíritos que vagavam pelo caminho, tinha o objetivo de chegar até o famoso instituto criado para proteger e ensinar os raciais. A kitsune vinha de uma longa linhagem de sacerdotisas com magias focadas no véu entre a vida e a morte. Infelizmente, seu clã teve que partir, atravessar o véu que dividia as existências para auxiliar o equilíbrio a se manter. E, para ela, foi dada a missão de ficar no plano existencial da vida. Cally era muito nova quando suas ancestrais e anciãs partiram; não podia acompanhá-las e nem seria capaz. Então, foi encarregada de ficar para trás, proteger o bosque das raposas e manter viva as tradições até o retorno das demais. A solidão havia a tornado uma raposa selvagem, desprendida da civilização e da socialização. Por longos anos, seus únicos amigos foram os espíritos que a guiaram, mas, exaurida da solidão e do sentimento de abandono, ela decidiu buscar por conhecimento, conectar-se com novas raças e culturas, simplesmente conhecer. Então, partiu sozinha para uma missão solo de chegar até o instituto.
Na floresta, os três amigos seguiam viagem. A raposa vestiu-se com um longo manto branco, que a ajudava a manter uma faceta inocente e singela. Os espíritos que a rondavam apenas podiam ser vistos por ela, graças a um sino preso à sua cintura. Tudo que tinham era uma bolsa de pano com poucos alimentos, algumas roupas e uma curiosidade feroz...
A caminhada se iniciou, trilhando por caminhos que eles desconheciam, observando e anotando tudo em suas mentes: a flora, a fauna, a forma como se portavam e os pontos onde estavam. Como forma de distração, eles criavam um mapa mental em suas cabeças para que, assim, não se perdessem ou andassem em círculos. A viagem já havia durado dias e estava prevista para durar mais algumas horas.
O céu estava tomado por nuvens cinzentas, prometendo uma tempestade de neve iminente. Kos-Mos caminhava com calma pela floresta, sua inteligência analítica mantendo-o alerta ao ambiente. Embora não sentisse frio, ele sabia que sua aparência “pelada” era um problema para se misturar com os nativos. Humanos e outras raças cobriam seus corpos com tecidos, algo que ele precisaria imitar.
Aproximando-se de um conjunto de árvores caídas, ele avistou o que parecia ser um pequeno acampamento abandonado. Uma tenda parcialmente destruída estava coberta de neve, mas alguns objetos emergiam do gelo: pedaços de tecido, ferramentas rudimentares e uma mochila rasgada. Kos-Mos ativou o sistema de análise. Os sensores registraram que o acampamento estava abandonado há cerca de uma semana, possivelmente por caçadores ou exploradores. Entre os itens, ele encontrou:
Um casaco marrom com alguns rasgos e manchas de terra.
Um par de botas grandes, com um dos cadarços quebrado.
Um cachecol cinza e áspero, com um odor leve de tabaco.
Rapidamente, ele vestiu as peças, ajustando os tamanhos com eficiência. O peso e a textura das roupas eram novos para seu corpo, mas ele se adaptou em segundos. Agora, sua silhueta era muito mais convincente, mesmo que ainda rudimentar.
A tempestade de neve começou a se intensificar. Kos-Mos priorizou encontrar abrigo, ativando sua análise para escanear o terreno em busca de cavidades ou formações rochosas. A análise revelou uma pequena caverna a cerca de 300 metros dali, protegida por uma saliência de pedras. Ele se dirigiu à caverna, movendo-se com eficiência pelo terreno escorregadio. O local era pequeno, mas oferecia cobertura suficiente contra o vento cortante. No interior, ele analisou o ambiente em busca de sinais de ocupação, como marcas de garras ou fezes de animais. O espaço estava vazio, exceto por algumas marcas de musgo congelado nas paredes.
Com o abrigo garantido, Kos-Mos saiu brevemente para explorar os arredores da caverna. A floresta ao redor estava coberta de neve, mas ele encontrou pequenas plantas congeladas emergindo do solo. Usando o sistema de análise, ele identificou:
Arbustos com bagas vermelhas: comestíveis para humanos e animais, mas sem valor energético para ele.
Musgo Ártico: resistente ao frio, capaz de absorver água rapidamente, o que Kos-Mos registrou como potencialmente útil para futuros reparos.
Cipós Gélidos: flexíveis, mas altamente escorregadios, com propriedades adesivas quando aquecidos.
Ele catalogou as plantas no banco de dados, ajustando informações sobre possíveis usos. Enquanto retornava para a caverna, Kos-Mos ouviu um ruído baixo, algo que poderia ser interpretado como um rosnado. Ele parou, ajustando seus sensores auditivos. A cerca de 15 metros, escondido atrás de uma árvore, estava um lobo ártico, com o pelo branco como a neve. O lobo estava claramente faminto, com os olhos fixos nele. Kos-Mos ativou seu sistema de análise novamente, descobrindo que os lobos desta região costumavam caçar em matilhas, mas aquele parecia estar sozinho.
Annelise, ou Anne, como é conhecida entre seus amigos mais próximos, é uma elfa nascida na Floresta Élfica de Himura, uma região mística e sagrada do mundo de Valyrion. Sua família pertence à antiga linhagem dos Guardiões da Natureza, uma ordem secreta de elfos que juraram proteger os espíritos das florestas e garantir o equilíbrio natural entre os reinos. Desde cedo, Annelise foi treinada nas artes do arco, mas seu verdadeiro talento revelou-se em uma habilidade rara: a conexão com os Espíritos da Floresta.
Na infância, Anne passou muitos anos vivendo entre as árvores ancestrais, onde aprendeu a conversar com as criaturas da floresta e a invocar o poder natural ao seu redor. Ela foi instruída nas tradições dos Ancestrais, antigos elfos que cuidavam da harmonia entre o mundo físico e espiritual. Esses conhecimentos ancestrais são transmitidos de geração em geração, e ela, como uma dos últimos membros de sua linhagem, sente o peso dessa responsabilidade sobre seus ombros.
O Arco da Natureza, seu item inicial, foi forjado a partir de uma árvore sagrada da Floresta Élfica, imbuído com magia primordial. O arco não é apenas uma arma, mas um vínculo com os elementos naturais, capaz de criar flechas de madeira, pedra, cristal e até mesmo de luz, cada uma com efeitos únicos que variam conforme o espírito da floresta invocado. Esse arco é mais do que uma ferramenta de combate; é uma extensão da própria alma de Annelise, refletindo sua conexão profunda com a natureza.
Annelise é uma viajante solitária, cujas jornadas a levaram para além das fronteiras da Floresta Élfica. Ela recebeu uma visão dos Espíritos Antigos, que lhe mostraram a necessidade de buscar algo fora de sua terra natal — algo que poderia ser a chave para restaurar o equilíbrio do mundo de Valyrion, ameaçado por forças desconhecidas que obscurecem as terras.
Sua missão a levou até o Instituto Valyrion, onde ela encontrou um novo propósito. No entanto, ela carrega uma maldição ancestral: sua fragilidade ao sol. Por causa de um antigo pacto feito por seus ancestrais com os espíritos das sombras, ela não pode passar muito tempo sob a luz do dia sem sofrer efeitos debilitantes. O que começou como uma bênção se tornou uma dor, e Annelise busca desesperadamente por uma maneira de reverter essa condição, sabendo que sua missão pode ser a chave para sua própria salvação.
Annelise, com sua sabedoria, habilidades e um poder que poucos compreendem, está em busca de aliados, respostas e um lugar para pertencer. Ela sabe que as forças que rondam Valyrion não são apenas físicas, mas espirituais e mágicas, e ela está disposta a lutar, não apenas com seu arco, mas com o poder ancestral que lhe foi concedido pelos Espíritos da Floresta. Sua jornada está apenas começando, e o destino de muitos pode depender de suas escolhas.
Aos 10 anos, Samira foi levada pelos pais à Montanha da Tempestade, um local sagrado para sua família. Lá, eles se encontraram com Tâmira Tulli, a lendária guardiã dos ventos — e avó de Samira. Tâmira viu o potencial latente na neta e ofereceu a ela um lugar ao seu lado para aprender mais sobre seu poder. Embora fosse uma despedida dolorosa, os pais de Samira a deixaram partir, confiantes de que ela estava destinada a algo grandioso no futuro. Sabiam que, logo mais, ela descobriria mais sobre os seus segredos, que descobriram após o nascimento de Samira, algo que, até o momento, haviam mantido guardado: seu verdadeiro elemento.
Durante o ritual de iniciação, Tâmira entregou a Samira o amuleto "Asa da Tempestade", um artefato antigo que continha a essência dos ventos, um poder até o momento desconhecido para Samira. Assim que o amuleto tocou sua pele, Samira sentiu uma conexão indescritível com o ar ao seu redor. Era como se o mundo tivesse ganhado uma nova dimensão. O vento não era mais apenas um elemento; era um aliado, uma extensão de sua própria alma.
Os anos que se seguiram foram de disciplina e descobertas. Samira aprendeu a usar o vento para criar ataques fortes e barreiras de defesa, mas ainda sem dominar por completo essas práticas. Sua avó lhe ensinou que o ar não era apenas uma arma, mas também uma ponte entre o mundo físico e espiritual. Samira aprendeu a ouvir o que as correntes de vento traziam: fragmentos de vozes, segredos de terras distantes e até mesmo alertas de perigos iminentes.
Apesar do treinamento árduo, a relação entre avó e neta era marcada por amor e respeito. Tâmira via em Samira uma sucessora digna de seu legado, alguém que não apenas dominaria os ventos, mas os compreenderia.
Aos 15 anos, a tragédia aconteceu. Sua avó morreu em uma batalha feroz durante uma invasão. Tentaram invadir a Terra de Cronacytus para adquirir seus recursos, como os minérios. O vento avisou Tâmira antecipadamente sobre os perigos que estavam a caminho. Já com sua posição estratégica na montanha, por ser a mais alta, ela conseguiu avistar os inimigos. Eram cerca de 150. Canalizou sua energia, convocando os ventos mais poderosos, criando um ataque catastrófico, que chegou a destroçar a maioria dos corpos de seus oponentes, e os mais resistentes tiveram cortes profundos, o que os intimidou de maneira absurda, não compreendendo o poder. Então, os sobreviventes fugiram sem nem hesitar.
Embora tenha conseguido sua vitória, utilizar desse poder tão absurdo, a uma distância consideravelmente grande, esgotou suas energias por completo. Tâmira desmaiou e começou a escorregar montanha abaixo. O vento, por sua vez, a segurou e a carregou sutilmente até Samira, que estava em outra parte da montanha, treinando suas habilidades.
Quando Samira avistou o corpo de sua avó, já quase sem vida, ficou em choque, começando a chorar. Em seguida, a abraçou. Com seu último suspiro, Tâmira disse suas últimas palavras, sussurrando no ouvido de Samira:
— Vá! Desenvolva suas habilidades, conheça o mundo. Me orgulhe! Estarei sempre com você. — Disse, tocando no amuleto que estava no peito de Samira, e então fechando seus olhos, dissipando-se no ar em seguida.
Chorando, Samira berrou aos ventos:
— EU SEREI A MELHOR! CONTINUAREI MEU TREINO E TE LEVAREI JUNTO DE MIM PARA SEMPRE! — Por fim, sussurrou: — Muito obrigada por tudo, vó!
Tudo teve seu fim e seu início com a guerra. No ano de 2077, os céus foram rompidos por um clarão, em simultâneo momento em que o solo abaixo de nossos pés se abria, e dessas fendas surgiram eles: a representação física do bem e do mal. Etherral era populada apenas por humanos, suas magníficas construções e a natureza abundante. Mas estes, que antes eram os líderes de seus territórios, se tornaram peões em uma guerra que não começaram.
A guerra já havia durado séculos. Gerações inteiras de humanos já haviam sido extintas. As perdas vinham de ambos os lados; anjos e demônios lutavam quase em pé de igualdade e, ainda assim, as perdas eram incontáveis em seus batalhões. Foi quando a mudança veio. Em meados da época de 2100 em diante, os anjos e demônios começaram a não apenas usar os humanos como soldados, mas como armas potenciais, usando de sua biologia evolutiva para criar criaturas que poderiam ser capazes de pender a balança para o lado necessário. Assim nasceram as Kitsunes.
As apelidadas raposas eram originadas da colisão mágica e espiritual de duas raças. A primeira, e talvez mais abundante na época, eram os Nephilins, humanos que recebiam dos anjos algo chamado de "Fagulha Angelical". Já a segunda, e extremamente improvável, eram os Primes, avatares da natureza criados com a ajuda da essência angelical. Era impensável algo como isso ser possível, mas ocorria quando os Nephilins cediam a seu lado mais primitivo, o cerne de sua origem humana, ligando-se a suas necessidades mais selvagens e encontravam um norte na mais pura selvageria da natureza. Personificando a imagem do anjo, da natureza e dos homens, as Kitsunes eram criadas com seu corpo demi-humano, com características que remetiam a ambas as suas outras origens. Arcanjos possuíam seus numerosos pares de asas, que eram representadas igualmente por caudas: divinas, graciosas e fortes, se separavam em unidades, nascendo da parte baixa das costas e se estendendo por metros. Humanos eram representados por quase todo o corpo. A natureza era espelhada em sua maneira selvagem, com traços animalescos: garras afiadas e resistentes, capazes de cortar uma árvore; caninos; orelhas; olhos. Era algo monstruoso, ao mesmo tempo que gracioso. Seus espíritos encontravam equilíbrio em ser a ligação entre os mundos. Se diferiam dos Primes, criaturas elementais; se diferiam dos anjos, criaturas celestiais; mas estavam imbuídos dos espíritos de ambos.
Receberam o título de Yokais, criaturas espirituais que corriam pelo plano corpóreo de Etherral, com as características de um dos animais mais rápidos e sorrateiros do plano terreno. A elas, foram dadas a função de serem as mensageiras e "espiãs" de batalha... Selvagens e ferozes, elas eram capazes não apenas de correr pelos campos afetados, levando mensagens de lá para cá, mas também de ludibriar os oponentes, se escondendo em florestas e balançando suas caudas como o bater de asas de um anjo; elas criavam a ilusão que atraía os inimigos e, assim, os capturavam em armadilhas.
Mas kitsunes nunca foram abundantes. Afinal, como poderiam? Necessitavam de um Nephilin perdido e um Prime poderoso para serem criadas. Não demorou para que se tornassem raras, quase extintas pouco tempo após seu nascimento... Passaram a proteger a elas mesmas, criando clãs, que inicialmente se diferiam por suas cores, usando de apoio a ideia das raposas originais: Raposas do Ártico, Raposas Vermelhas, Raposas da Areia, entre outras. E, assim, quando a guerra vinha atingindo seu fim, elas se separaram, de modo que cada clã pudesse reger um espaço, um ambiente, com a finalidade de guardar as fendas mais próximas do céu e os bosques mais sagrados da natureza.
Quando a guerra se encerrou, e por anos o solo se viu sem vida alguma, todas as raças tiveram de evoluir para se adaptar. Com as kitsunes, não foi diferente. Aquelas que antes possuíam suas caudas separadas por pares, receberam mais uma, a nona, nomeada de cauda da sabedoria. As Kitsunes que evoluíam até a última cauda recebiam o posto de Kyubi no Kitsune e subiam aos céus, recebendo a capacidade de atravessar o véu que cortava as camadas de existência e voltar a ser as mensageiras do divino, carregando sabedoria, graça e beleza.
O ambiente estava mergulhado em caos. As nuvens negras no céu não sabiam dizer se choveria água, fogo ou sangue. O azul do céu era consumido, e o que restava era apenas escuridão. O chão abaixo de seus pés tremia; a terra parecia sentir a dor dos homens e se contorcer sem sair do lugar. A poeira subia, causando uma neblina irreal. O cheiro de morte assolava o lugar. Os gritos vinham de todos os lados: choro, súplicas por suas próprias vidas e desejos irracionais de serem perdoados por seus pecados, gritos de guerra, xingamentos de repulsa, o estalar de armas se chocando uma contra a outra. Era uma guerra, todos se sacrificando em prol de suas próprias crenças, entregando suas vidas a causas que já não se sustentavam mais... O fogo se erguia; das entranhas do chão, uma chama incandescente emergia por entre as frestas de terra e se espalhava, carbonizando tudo, reduzindo todos aqueles pobres corpos a cinzas, enquanto dos céus uma chuva de raios, relâmpagos e trovões transformava o campo de batalha em um campo minado. Enquanto dos céus recaíam penas e plumas reluzentes, do chão emergia o sangue, até que o silêncio engoliu tudo.
...
Há quanto tempo estava ali? Perdida no imenso silêncio, apenas caminhando por entre as sobras da guerra... Qual tinha sido, afinal, o propósito daquela guerra? Quem eram os heróis? Quem foram os vilões? Quem ganhava quando todos os lados tinham morrido? Ela olhou para baixo, sentindo suas mãos tremerem, buscando saber o porquê tremiam tanto. Quando as viu, estavam banhadas em sangue. Mal conseguia ver sua própria pele, e o sangue não parava em suas mãos; escalava por seus braços e pernas até se espalhar por todo seu corpo. De onde vinha todo aquele sangue? A quem pertencia? Do que ela era responsável?
Ela se virava, revisitando o caminho por onde havia vindo, e agora, tudo o que estava diante de seus olhos era uma pilha de corpos dilacerados, sem vida, rasgados... Ela reconheceu que era a antiga guerra: os corpos híbridos empilhados em montes, asas e chifres caídos pelo caminho. E, de repente, algo novo... Uma sensação, um arrepio em sua espinha. Ela se virou para trás, apressada, e então...
O ambiente havia mudado de novo, mas, de alguma forma, parecia ter mudado para pior. Um peso recaía sobre seus ombros; seus olhos marejavam sem mesmo ter um porquê. Uma culpa que não a pertencia percorria sua mente como um vírus. Ela olhou o ambiente em sua volta: parecia um bosque, ou o que havia restado de um. Era completamente sem vida, pintado de cinza e preto, com a ausência de luz. Ela apenas reconheceu quando ouviu uma voz soar por entre os arbustos...
Era alguém clamando por redenção, jurando ter cumprido sua penitência e implorando pela salvação. Callyope correu até lá, enfiando suas mãos entre as folhagens, separando-as. Foi quando pôde ver o primeiro foco de luz: era uma alma, reconheceu imediatamente, uma alma que, mesmo na presença dela, não reagia. Ela tentou tocá-la, mas sua mão atravessou aquela forma espectral. Foi quando viu que sua mão estava diferente: garras de prata tomavam o lugar de seus dedos. Olhando mais para si, notou que, de fato, não era ela – ou era ela mudada. Seus pelos, antes brancos, se tornaram negros e reluziam em tons púrpura; suas orelhas, abraçadas por acessórios também de prata...
Ela se perguntava o que ocorria, mas brevemente foi respondida quando mais almas apareceram. Como olhos espreitando na escuridão, elas vagavam por aquele bosque, presas em seus perpétuos castigos, com os olhares vazios e despidos de uma casca... Era o Etherdark... o purgatório maligno das almas terrenas, um ambiente criado para castigar as almas que não cumpriram com as regras do divino. Mas o que ela fazia ali? Por que estava ali? Estava morta? Se sim, do que era culpada? Pelo que estava sendo julgada?
Enquanto se perdia em perguntas, amarguras e arrependimentos, ela caminhava para trás, espantada com sua aparência, temerosa com seu destino e apavorada com o seu presente. Mas algo cortou o clima mórbido como uma lâmina afiada deslizando sobre o vento: uma sensação de algo conhecido, familiar... Foi quando viu uma raposa, ou algo próximo a isso, uma kyuubi, com o pelo negro, runas vermelhas em seu corpo e carregando lamparinas. Ela parecia guiar as almas como um cão pastor guiava as ovelhas. Callyope sabia não só o que era, mas também quem...
— ALECTO! — esbravejou a kitsune enquanto corria em sua direção.
Quando ouviram sua voz alta e viva, as almas se dissiparam no ar, enquanto Alecto, a kitsune da penitência, virou seus olhos brilhantes na direção da garota.
— Callyope? — Sua voz imponente fez com que a garota paralisasse a poucos metros de distância dela. — Isto é impossível. Você não tem idade... Como e por que está aqui?
— Eu... Eu não sei... Eu estava tendo um sonho sobre a guerra dos anjos e demônios, de repente eu estava aqui... Mas você... Alecto, o que faz aqui? Por que está aqui sozinha?
— Eu sou a penitência, Cally. Meu papel, assim como o de muitos outros, é manter essas almas aqui, até que chegue o momento delas atravessarem o véu. Mas você estar aqui tem uma razão, como tudo sempre tem... Você está evoluindo, está crescendo...
— Então quer dizer que eu posso ficar aqui? Com você? — questionava, alegre com a possibilidade de poder ficar com alguém conhecido.
— Não, pequenina. Você não pertence a este lugar, pertence ao mundo dos vivos! E mesmo quando partir, sua alma luminosa não irá agraciar este lugar com sua luz!
— Eu não compreendo... Por quê? Por que eu não posso ficar? Por que me deixaram só? Vocês me abandonaram...
— Nós a deixamos segura, em casa, aguardando o nosso retorno!
— SEGURA?! — esbravejou, enfurecida. — Não profira essas palavras para mim! Eu não estava segura!
Quando ela gritou, o ambiente pareceu tremular, e aquelas almas que antes haviam se dissipado retornavam, olhando para a kitsune. Elas vinham se aproximando, flutuando entre a grama cinzenta.
— Não temos tempo para isso. Você irá entender quando for a hora.
— Eu não quero esperar! Eu não posso! Eu já não consigo mais ficar só! Por favor, Alecto, me deixe ficar...
Alecto parecia apressada, ansiosa e apreensiva. Tentava falar, mas o turbilhão de emoções de Callyope a atrapalhava. Ela olhava para um lado e para o outro e usava as lanternas presas em suas caudas para afastar as almas.
— Callyope, me ouça. Somos Amaquellins. Temos uma razão. Você saberá, cedo ou tarde, mas o motivo de você estar aqui não é para sanar sua saudade. Ela está viva, a profecia está viva! Os espíritos do círculo inferior irão atrás dela, da chama dela. Você tem que protegê-la!
— Mas como eu vou saber quem ela é? Como irei achá-la? Ela pode estar em qualquer lugar...
— A próxima Kyuubi está perto do seu alcance, mas longe do seu domínio. Você irá ver a chama dela brilhar e sentirá o selo. Proteja ela, proteja o selo, proteja-se!
Callyope tentou argumentar, mas não pôde, pois Alecto guiou suas nove caudas negras ao redor do corpo da garota para embrulhá-la como um casulo. Ela, por sua vez, se viu em uma escuridão absoluta. E, quando se deu por conta, Callyope estava em sua cama no instituto. Os lençóis estavam amarrotados, havia marcas de arranhões no colchão, os olhos dela estavam arregalados. Ela estava gritando, desesperada, com a pele suada e fria, enquanto Bills a balançava, com o corpo luminoso, tocando em sua pele...
Depois de alguns segundos respirando e enxugando as lágrimas de seu olho, tentando recobrar não só a consciência, como também a tranquilidade e o fôlego, ela se virou para Billquiz e Baskyaz, que flutuavam ao seu lado, preocupados com o que havia acontecido.
— Bills, você... Você me tocou!
Bills, assustado e sem jeito, olhava para ela e dizia:
— Tadaaaan! — Ele balançava as patas no ar, como se tivesse feito um truque de mágica. — Você está despertando uma nova capacidade. O que achou?! — perguntava, ainda sem jeito.
— Isso não é prioridade, Billz. Ela teve um pesadelo... O que houve?
— Eu... Eu estava na guerra, depois em Etherdark, encontrei Alecto e ela me disse que a profecia está se cumprindo... Mas... Não pode ser real... Não é?! — Ela virou para os espíritos, esperando que eles pudessem respondê-la, mas eles também não sabiam...
Kos-Mos manteve sua posição imóvel por um momento, observando o lobo que ainda rondava próximo à cápsula. Suas análises anteriores haviam indicado que a criatura estava agitada, provavelmente investigando os sons e o calor gerados pela queda. Enfrentar o lobo diretamente seria um risco desnecessário e ineficiente, especialmente enquanto Kos-Mos ainda avaliava o ambiente.
Seu sistema interno sinalizou uma solução: ativar a camuflagem termóptica. Ele ajustou o sistema, e uma série de microcâmeras integradas em sua estrutura começaram a capturar imagens do ambiente ao redor, projetando-as em sua superfície artificial. Em segundos, seu corpo assumiu a aparência de um borrão quase invisível, distorcendo a luz de forma a se misturar ao fundo gelado da floresta.
Sistema: Camuflagem ativada. Tempo restante: 4 minutos e 59 segundos.
Lentamente, Kos-Mos se moveu, ajustando sua postura para reduzir as ondulações visíveis causadas pelo movimento. O lobo levantou a cabeça por um instante, farejando o ar, mas não mostrou sinais de ter notado a presença de Kos-Mos.
Ao passar pelo lobo, ele analisou a criatura uma última vez, confirmando que ela não representava uma ameaça imediata, desde que não fosse provocada. Ele parou por alguns segundos, completamente imóvel, observando o animal e confirmando que sua camuflagem estava funcionando.
Com o tempo se esgotando, Kos-Mos alcançou um grupo de árvores mais densas e se posicionou atrás de uma delas, desativando a camuflagem para evitar superaquecimento. O lobo, sem perceber sua movimentação, permaneceu próximo à cápsula antes de perder o interesse e seguir seu caminho.
Não está em seu funcionamento perfeito, mas será útil.
Agora mais seguro, Kos-Mos começou a avaliar o novo terreno ao redor, pensando no próximo passo para garantir sua sobrevivência: encontrar abrigo e coletar recursos naturais.
Após me despedir de Souma e Bjorn, eu tinha muito trabalho para fazer. Inicialmente, eu precisaria organizar meus pensamentos, para saber a etapa de tudo, passo a passo. Então, corri imediatamente para o meu quarto e comecei a pensar. Peguei um caderno e pincel e comecei a estruturar o meu plano para a fundação do reino de Caellum. Não foi fácil decidir um nome, e eu fui bem resistente em relação a colocar neste reino o sobrenome de minha família, mas decidi que não tinha como simplesmente não honrar a minha missão Nephilin originária. Não a que meus pais tentaram inserir em mim, mas as palavras reais do anjo: "governem sobre a terra", e, convenientemente, a parte onde ele fala "para que os demônios não tenham mais soldados no campo de batalha quando voltarmos". E é exatamente isso que vai acontecer, se o meu plano der certo.
Meu plano consistia em criar um reino seguro e protegido, onde as pessoas pudessem treinar e lutar com segurança, para que pudéssemos proteger a nossa casa, que tanto os anjos quanto os demônios planejam destruir, mas, principalmente, para que pudéssemos proteger a vida: as nossas vidas e as vidas das pessoas que amamos. Para isso acontecer, precisávamos da garantia de que nem anjos e nem demônios pudessem nos matar. Porém, na Terra, não existe nenhuma instituição segura o suficiente para tal ato. Nesse caso, eu iria criar.
O primeiro empecilho do meu planejamento era, na verdade, o fato de que, por maior e mais seguro que fosse o Kamui, não havia vida lá... Neste caso... eu precisava, inicialmente, de animais. Não precisava de muitos, no entanto, precisava conseguir levá-los até lá... Para isso, precisaria capturá-los antes e decidir que tipos de animais, inicialmente, eu precisaria pegar. Então, com todos os ideais, nome do reino, filosofia, motivo de existência, tudo em folha, arrumei toda a minha mala e parti, correndo à velocidade máxima para a biblioteca do Instituto Valyrion.
Depois de algumas horas na biblioteca do Instituto Valyrion, decidi pegar minhas anotações e partir numa viagem que não sabia se daria certo. Com o mapa em mãos, entrei no Kamui e, agora usando todo meu potencial dobrado, parti correndo em direção aos lugares marcados. Eram pontos onde eu conseguiria encontrar determinados animais, muito importantes para a minha civilização. A pior parte disso tudo? Eu não poderia matá-los. Chega a ser irônico: um menino criado para caçar se tornar um homem que não pode matar sua presa.
Hoje, o meu maior objetivo estava nas florestas de Himura, além de muitos outros seres que eu poderia encontrar por lá. Eu precisava de dois animais de cada espécie marcada no meu livro. A viagem até a floresta Himura durou quatro horas e meia. Ao chegar, já eram cerca de 18 horas da noite. Me pergunto se hoje eu conseguiria fazer essa viagem sem o Kamui e demorar nove horas para chegar. Já na floresta, estalei os dedos e manifestei a habilidade de ver o espelho do mundo real mesmo dentro do Kamui, e então corri em disparada em meio às florestas para localizar os animais que eu buscava. Até que eu finalmente encontrei. Peguei em minha mochila as cordas e me preparei para sair do Kamui em seguida. Assim que saí do Kamui, parti para cima do animal com velocidade máxima, rendendo-o logo e amarrando as suas patas.
— O Souma não gostaria nadinha disso aqui... — Disse comigo mesmo, enquanto sorria e terminava de amarrá-lo para lançar no Kamui em seguida.
[...]
Já eram 5 da manhã quando eu finalmente parei e respirei um pouco mais aliviado, já dentro do Kamui. Todos os animais já haviam sido soltos. Escrevi no meu caderno de anotações o último animal que finalmente havia conseguido capturar, em par.
Listagem de animais inclusos no Kamui da Floresta Himura:
Dragobosques: Dragões menores, com habilidade para controlar o crescimento das plantas e árvores, ajudando na construção de casas e fortalezas com materiais naturais e duráveis.
Grifuiuvas: Grifos com habilidades mágicas que lhes permitem manipular a tecelagem dos fios das uvas, produzindo vinhos e tecidos refinados praticamente sozinhos.
Hydromantes: Serpentes aquáticas com capacidade de purificar e controlar a água, essenciais para o abastecimento de água potável e irrigação das lavouras.
Pegaflames: Pégasos capazes de respirar fogo controlado, valiosos tanto para defesa quanto para trabalhos de ferreiro e forja de armas mágicas.
Auroricas: Borboletas mágicas que conseguem acelerar o crescimento das colheitas ao polinizá-las, garantindo colheitas abundantes em menor tempo.
Rocáveis: Rochas vivas que podem se moldar em diferentes ferramentas e utensílios de construção conforme necessário, suportando uma variedade de tarefas na edificação de vilarejos e castelos.
Leotempestus: Leões encantados com o poder de gerar e controlar tempestades elétricas, usados tanto em batalhas quanto como fonte de energia para manter a civilização iluminada durante a noite.
Vacas Leiteira-Aurora: Vacas que produzem leite enriquecido com propriedades mágicas, que aceleram a cura de ferimentos e doenças menores.
Bois Trovão: Bois imponentes com força aumentada e capacidade de trabalhar incansavelmente nas plantações e construção de infraestrutura.
Galinhas Explosivas: Galinhas que botam ovos explosivos, úteis tanto em combate quanto na mineração, para abrir novas áreas.
Galinhas de Ouro: Galinhas que botam ovos de ouro, um recurso valioso para a economia da civilização.
Peixes Fortuna: Peixes que, ao serem pescados, trazem joias e pequenos artefatos mágicos presos às suas escamas.
Peixes Guarda: Peixes com habilidades para detectar e afastar predadores, ajudando a proteger lagos e rios próximos aos assentamentos.
Cervos de Luz: Cervos com pelagens que brilham suavemente, ajudando caçadores a localizá-los facilmente à noite e fornecendo uma fonte de luz natural.
Coelhos-Exploradores: Coelhos com habilidades de teletransporte que exploram terrenos ao redor, mapeando e encontrando recursos escondidos.
Cavalos Marinhos: Majestosos cavalos que podem correr sobre a água, permitindo travessias rápidas de rios e lagos.
Cavalos do Vento: Cavalos que manipulam o vento para aumentar suas velocidades, essenciais para transporte rápido de mercadorias e informações.
Fechei o caderno e comecei a voltar para o instituto o mais rápido possível. Porém, devido ao desgaste, no meio do caminho, eu precisei parar para descansar, e ali acabei adormecendo, em meio às colinas que tanto amei um dia.
Naquela noite, o vento empurrava as janelas fechadas como se pedisse desesperadamente para entrar. A pouca iluminação no ambiente do quarto se dava pelas velas acesas, colocadas sobre alguns móveis, e a constante luz prateada da lua brilhante, que reinava soberana nos céus acima do castelo. Naquele quarto, ainda sobre a cama, Callyope se sentava, usando ambas as mãos de apoio para forçar-se e erguer-se. Seus olhos, marejados e ainda perdidos, tentavam focar nas imagens embaçadas à sua frente. Ao seu lado esquerdo estava Baskyas, um espírito que assumia a forma de uma pequena raposa, com um corpo translúcido e rosado. À direita estava Billquiz, outro espírito, também uma raposa, com o corpo translúcido azulado. Eles não tinham completo entendimento do que se passava ali, mas tinham suas próprias ideias e teorias. Acompanhavam Callyope desde o seu nascimento, como espíritos guias, por isso a conexão deles era tão forte. Mas não estiveram sempre com ela, por razões distintas e específicas, e temiam os tempos em que não puderam guiá-la, pois sabiam que eram naqueles momentos em que a escuridão de Callyope se mostrava mais presente.
A kitsune estava perplexa. Não sabia dizer o que tinha sido. Era um sonho? Um sonho incomum? Isso era pouco provável. Talvez tivesse sido uma visão. Era muito comum as kitsunes do clã Amaquellin terem visões, mas elas vinham com a maturidade e tendiam a mostrar algo do futuro, passado ou presente. O que ela acabara de vivenciar podia até ter começado pelo passado, mas evoluiu para algo que transcendia o tempo. Mas a grande questão não se resumia em suma no que haviam sido aquelas imagens, mas sim nas palavras que foram proferidas durante elas... Sua mente confusa se fracionava, ponderando sobre a profecia, mas, principalmente, sobre as vivências do passado. Enquanto seu corpo tremia e os pelos da sua pele se arrepiavam, suas emoções tomavam conta de seus poderes, e o ambiente começava a mudar para um clima gélido. As flores, que ali estavam colocadas como decoração, iam perdendo sua cor, mas, principalmente, suas vidas; se enfraqueciam até que murchavam e despencavam de seus caules, secas, cinzas e ainda mais frágeis. A vida que antes pertencia à flora era absorvida por Callyope sem que esta notasse.
— Cally, se acalme... Nós podemos conversar sobre isso... — dizia o espírito rosado, com certo medo do que estaria por vir.
— É! Está tudo bem. Nós vamos conversar, entender e seguir em frente, juntos, como sempre fazemos! — até aquele que era o mais emburrado tomava o papel de otimista diante das circunstâncias.
— EU NÃO QUERO CONVERSAR! — esbravejou a kitsune, de modo que fazia raramente.
Seu grito havia sido impactante o bastante para fazer com que o que restou nos vasos de flores se despedaçasse em pó. Ela claramente não estava em seu centro. Callyope podia, sim, ser selvagem e, às vezes, impulsiva, mas era raro vê-la ser cruel ou até mesmo birrenta. Era como se as emoções de dor, culpa, raiva e agonia que ela tinha sentido no Etherdark a houvessem acompanhado até o mundo dos vivos. Ela ainda as sentia, principalmente a raiva, a tristeza e a solidão.
— Vocês não estavam lá! Não estavam na visão, não estavam comigo na floresta, não estavam comigo há dez anos! Ninguém estava...
"Então era esse o preço de se viajar para uma realidade composta apenas por sofrimento?" Os espíritos se perguntaram. Eles não sabiam o que dizer ou fazer; só sabiam que ela tinha razão. Independentemente dos motivos que as Amaquellins teriam para abandoná-la, o fato é que a deixaram, uma pequena raposinha de dez anos, deixada para se criar sozinha, apenas com a companhia de espíritos que ela mal sabia como manter no plano visual.
— Nós podemos ficar aqui, então... Só nós três, em silêncio, neste quarto, até as coisas se acalmarem. — tentou novamente mediar a situação para o melhor dos lados.
— É! A Bask tem razão. Nós estamos aqui agora! Você não está sozinha!
Callyope, com seu rosto já molhado por suas lágrimas salgadas, olhou descontente para eles e retirou de si o sino que ficava preso por um colar a seu corpo. Ela o puxou, arrebentando a corda que o mantinha ali e, com este movimento, os espíritos simplesmente se foram, desapareceram sem a oportunidade de se despedir ou tentar impedir. A âncora que os mantinha fixos no plano terreno havia sido removida.
— Vocês não estão aqui! De novo... As únicas pessoas que eu tenho neste plano se vão com o badalar de um sino...
Com uma persona mórbida, a morena levantou-se de sua cama, despiu-se de suas roupas, deixando-as cair sobre o chão, pegou do armário uma capa, um manto que cobria todo seu corpo, vestindo-o e, então, deixando o quarto, esgueirando-se por entre os corredores para não ser vista, até alcançar a liberdade e chegar na área externa do castelo. O primeiro movimento que fez foi olhar em direção da lua, reconfortando-se por poucos segundos de que ela, por mais brilhante que fosse, também estava fadada à solidão. Então, logo seus passos retornaram. Com velocidade, eles se guiaram ao jardim e lá ela se deparou com a pequena floresta. Naquele momento, novamente achou conforto, encontrando algo que ela conhecia: a natureza.
Ela tirou a toca da capa usando ambas as mãos, estas que deslizaram, descendo pelo tecido até encontrar o nó que mantinha aquele longo tecido preso ao corpo, e o desfez, deixando que sua pele sentisse a brisa que batia contra ela. Tomada por seus atos mais primitivos, Cally inclinou seu corpo, quase se colocando em quatro patas, mas suas mãos ainda não tocavam o chão, e assim correu. Correu por entre as árvores, vendo suas silhuetas passarem como vultos por seu campo de visão. Suas mãos livres marcavam os troncos das árvores com suas garras, rasgando-as como se fossem a pele de algum animal, e, sem rumo, ela continuou a correr, até encontrar uma clareira onde pôde, enfim, se agarrar a uma árvore, encostar sua cabeça, respirar fundo e chorar.
Ela não tinha passado por tempos fáceis desde o dia de seu nascimento, mas o mundo se tornou mais cruel depois que ela completou dez anos. Callyope Amaquellin havia nascido em um clã de Kitsunes que se datava de muito tempo. As Amaquellins eram Kitsunes cujas histórias se espalhavam como folhas no vento do outono: eram sacerdotisas, oráculos, precursoras e contadoras de histórias, com a habilidade inata de, alguma forma, tocar ou manipular o véu que cortava os mundos e suas existências. Ela era como um presente para elas; não apenas havia nascido com a capacidade que todas tinham, ela tinha ido além, capaz de manipular a própria energia da vida, uma bênção que foi deixada para trás. Como sacerdotisas, as Amaquellins tinham suas responsabilidades com as outras camadas de existência, e fora essa a razão de todas terem partido quando uma nova guerra entre as raças se iniciou. A pequena Callyope era muito nova, não possuía a capacidade de adentrar nas outras camadas como as suas ancestrais faziam e, por essa razão, teve que ficar – e ficou... Ela não estava só, possuía seus espíritos guias para acompanhá-la, mas ela não podia vê-los ou ouvi-los por muito tempo. Não sabia controlar a magia do sino e tão pouco a sua própria. Então, por boa parte dos primeiros anos, se apoiou nos livros e ensinamentos de seu clã, mas isso não bastou para ela. Curiosa como era, ela queria mais. Em um dia como qualquer outro, a pequenina juntou alguns utilitários em uma bolsa de couro e decidiu explorar mais à frente do bosque das raposas, em direções que ela nunca tinha ido. Depois de muito caminhar e buscar, tomada pela fome, ela ouviu o som de ovelhas; estava certa de que seriam o seu jantar. Então, seguiu o som até uma fazenda e se alimentou de alguma delas, mas o lugar tinha um dono, um homem cruel, da raça berzerker. Ele era quem pastoreava aquelas ovelhas e não ficou satisfeito quando as viu sendo degoladas pelas garras finas e resistentes de uma kitsune. Tomado por uma fúria inexplicável, ele avançou contra a pobre criança, que não conseguiu fugir das garras dele, e naquela noite a pequena kitsune sofreu nas mãos de um homem ruim apenas por querer comida... Não foi a última vez, mas a primeira sempre é a que marca... Callyope se lembrava de cada detalhe com precisão: o cheiro dele, o quanto era forte, a forma como bufava, a velocidade com a qual seu coração batia e, principalmente, da alma dele, negra como a noite. A primeira vez que Callyope se encontrou com outra raça também foi a primeira vez que ela matou outra raça. O berzerker não sabia, obviamente, dos poderes da criança, nem ela mesma tinha total compreensão deles, mas, naquela noite, em um momento de completo descontrole e medo, Callyope sugou a vida de tudo em um raio de 10 metros. As ovelhas, envelhecidas até que só restou delas a pele e os ossos; as plantas, mortas como se alguém tivesse salgado a terra; e o homem... Infelizmente, ele não era como as ovelhas, uma criatura não pensante, possuidora de uma alma/energia vital simples. Sua alma era complexa, por isso não foi completamente sugada, mas o suficiente para torná-lo inválido. Ela o matou cortando sua garganta, assim como havia feito com as ovelhas, se alimentou da carne dura e pútrida dele e retornou para o seu bosque: ensanguentada, violentada, ferida, mas com mais vida em si do que já tinha tido outra vez e do que conseguiria absorver no futuro.
Escorada na árvore, lembrando-se de seu passado, Callyope chorava e batia no tronco da árvore como havia feito com aquele homem. Assim como daquela vez, a árvore era mais forte e maior que ela; sua casca era mais grossa do que suas garras podiam rasgar. Então, quando sua adrenalina passou e seu sangue esfriou, ela apenas deixou seu corpo pesar e ir de encontro ao chão. Caída ali, ela, mais uma vez, sugou a vida ao seu redor, não mais do que 2 metros, e aquele espaço parecia ter sido tocado pela alma infértil de um demônio.
Kos-Mos aguardou mais alguns instantes atrás das árvores, observando o lobo se afastar lentamente da cápsula. Com sua camuflagem desativada e o ambiente seguro, por enquanto, ele calculou o próximo passo: encontrar um abrigo para se proteger do frio crescente e da possibilidade de mais criaturas predadoras.
Seus sensores começaram a mapear o terreno enquanto ele caminhava lentamente. A floresta era densa, com troncos retorcidos cobertos de neve e galhos baixos que formavam um labirinto natural. As temperaturas eram hostis, mas irrelevantes para seu corpo sintético. Ainda assim, ele sabia que longos períodos de exposição poderiam comprometer os materiais externos que imitavam pele.
A uma distância moderada, Kos-Mos localizou um desfiladeiro estreito entre duas montanhas. Suas análises indicaram a presença de uma pequena abertura na rocha – potencialmente uma caverna. Ele acelerou os passos em direção ao local, cauteloso com qualquer som ou movimento ao redor. Ao chegar à entrada, ele parou. A escuridão dentro da caverna era quase absoluta. Seu sistema ativou sensores de infravermelho para escanear o interior, revelando que a caverna parecia vazia, exceto por alguns sinais de pequenos roedores.
Antes de entrar, Kos-Mos considerou:
Deveria reforçar a entrada com materiais naturais para ocultar sua presença e evitar visitas indesejadas?
Deveria priorizar explorar o interior antes de decidir permanecer ali?
Deveria retornar à cápsula para verificar recursos restantes antes de se estabelecer no abrigo?
Seus cálculos apontaram para a opção mais racional: garantir que o abrigo fosse seguro e funcional. Ele adentrou a caverna, ativando uma luz em seu corpo para iluminar o caminho.
Estrutura estável. Recursos naturais adequados podem ser utilizados para reforçar a segurança. (Pensamento de Kos-Mos em itálico)
Ele começou a observar e catalogar as rochas e a neve acumulada próxima à entrada, enquanto mantinha sua atenção dividida em possíveis sons externos, sempre vigilante. A questão do lobo havia sido resolvida, mas Kos-Mos sabia que o ambiente selvagem podia guardar outras surpresas.
A caverna era silenciosa, exceto pelo som distante do vento uivando do lado de fora. Kos-Mos avançou com cuidado, analisando cada canto do interior. Após um exame rápido, confirmou que a caverna era estável, com paredes rochosas sólidas que protegiam do vento gelado e espaço suficiente para ele se movimentar com conforto.
Ele iniciou a organização do espaço. Primeiro, usou suas mãos para mover algumas pedras maiores, empilhando-as estrategicamente na entrada. Camuflagem passiva: criar barreira para reduzir visibilidade externa, pensou enquanto ajustava a formação. Com o tempo, a neve que caía naturalmente preencheria as lacunas, tornando a entrada quase imperceptível. Com a entrada parcialmente segura, Kos-Mos voltou sua atenção para o interior. Ele usou seus sensores para identificar pontos mais elevados no chão, que estavam menos frios e úmidos. Observou pequenos roedores escondidos em fendas na parede. Eles não apresentavam ameaça, mas ele monitorou seus movimentos. Sua presença indicava que o local estava relativamente protegido de predadores maiores.
Enquanto analisava os arredores, Kos-Mos ativou seu sistema de dados para obter informações sobre os materiais disponíveis na área.
Sistema: Análise ativa: presença de musgos resistentes ao frio e pequenos galhos secos nas proximidades da caverna.
Decidido, saiu por um curto período para coletar materiais. Os musgos serviriam como isolamento rudimentar, e os galhos poderiam ser usados para criar uma barreira mais firme na entrada. Seu corpo avançava rapidamente na neve, enquanto ele analisava continuamente os arredores para evitar encontros indesejados.
Após retornar, Kos-Mos organizou o abrigo:
Colocou os musgos nos pontos elevados do chão para reduzir o impacto do frio em seu corpo.
Empilhou os galhos secos ao lado da entrada, deixando-os prontos para uso.
Ajustou a luz embutida em seu corpo para criar uma iluminação suave dentro da caverna, garantindo que não fosse perceptível do lado de fora.
Finalmente, ele se posicionou no canto mais protegido da caverna. Sentado, ativou uma função de descanso para otimizar sua eficiência enquanto permanecia em alerta passivo.
Sistema: Abrigo funcional. Condições de segurança aceitáveis. Prioridade: restaurar energia e planejar exploração da região.
Do lado de fora, a neve continuava a cair, cobrindo os rastros de Kos-Mos e do lobo. A caverna estava agora camuflada, e ele, protegido do ambiente hostil.
Enquanto Kos-Mos descansava na caverna improvisada, a tempestade de neve continuava a açoitar a entrada. Ele acessou novamente seu banco de dados, mergulhando fundo nas informações acumuladas por sua espécie sobre a Terra.
Os primeiros registros sobre a humanidade datavam da Idade do Bronze terrestre. Ele visualizou imagens de cidades rudimentares, ferramentas de metal e estruturas primitivas, mas com sinais claros de engenhosidade e criatividade. Mesmo em sua infância tecnológica, os humanos mostravam um potencial incomum para inovação.
Sistema: Espécie Homo sapiens: intelecto adaptativo. Evolução acelerada em comparação com espécies similares em outros mundos. Foco principal: desenvolvimento de ferramentas e exploração do ambiente local.
Conforme os séculos passavam, o banco de dados mostrava a ascensão da humanidade. Durante a Revolução Industrial, as máquinas tornaram-se um pilar central das civilizações humanas. Vapores e engrenagens deram lugar a motores mais avançados e circuitos elétricos. Na era moderna, a tecnologia evoluiu rapidamente, culminando na criação das primeiras inteligências artificiais rudimentares.
Sistema: Registro: primeiro marco significativo. Desenvolvimento de autômatos primitivos baseados em circuitos binários. Função: assistência industrial. Limitação: ausência de consciência.
Kos-Mos analisava imagens de fábricas cheias de robôs mecânicos simples, movendo-se em padrões repetitivos, construindo máquinas e auxiliando na expansão das cidades humanas. Foi então que ele encontrou registros ainda mais fascinantes: a evolução de sistemas que tentavam imitar a mente humana.
Sistema: Registro: transição para inteligência artificial avançada. Período: início do século XXI. Desenvolvimento: redes neurais artificiais e aprendizado de máquina. Aplicação inicial: pesquisa, serviços automatizados e exploração científica.
O banco de dados revelou que, com o tempo, os humanos começaram a construir androides mais sofisticados, projetados para imitar não apenas a forma física, mas também as capacidades cognitivas da espécie que os criou. As primeiras versões eram limitadas, com movimentos rígidos e expressões faciais quase caricatas, mas os humanos não pararam por aí.
Sistema: Entrada: início da criação de androides semi-inteligentes com autonomia limitada. Propósito: integração social e exploração de ambientes hostis. Registro visual: protótipos exibindo semelhanças humanas básicas.
Kos-Mos visualizou imagens de laboratórios cheios de cientistas testando androides. Muitos falharam em replicar a verdadeira inteligência humana, mas houve progresso. No auge de sua tecnologia, a humanidade conseguiu criar androides incrivelmente avançados, capazes de pensamento lógico, comunicação fluida e, em casos raros, até de expressar algo próximo de emoções humanas.
Sistema: Entrada: marco final antes da interrupção do monitoramento. Protótipo registrado: androide de Classe Ômega. Capacidade: interação emocional básica, autonomia em ambientes extremos e aprendizado adaptativo. Finalidade: exploração interestelar e assistência em zonas de risco.
Os registros, porém, terminavam de forma abrupta. As visitas de sua espécie à Terra haviam sido suspensas após o surgimento de “instabilidades energéticas”. Essas energias, identificadas como anômalas, coincidiram com o início da transformação do planeta. O progresso humano, tão promissor, parecia ter sido interrompido.
O que aconteceu com a civilização humana? A evolução tecnológica foi interrompida ou redirecionada? Existiram mais avanços antes da transformação do planeta? (Pensamentos de Kos-Mos em itálico)
Ele sabia que precisava explorar este mundo para obter respostas. Era possível que os humanos tivessem levado suas criações a níveis inimagináveis ou que seus feitos tivessem sido destruídos pelos eventos catastróficos. A dúvida o incomodava profundamente.
Se os humanos realmente avançaram tanto, seria possível encontrar algum resquício de suas criações? Eles sobreviveram como eram, ou se transformaram em algo totalmente novo? (Pensamentos de Kos-Mos em itálico)
Com essas perguntas ecoando em sua mente, ele priorizou entender mais sobre o ambiente imediato. O primeiro passo seria investigar os arredores, mas um objetivo maior agora pairava em sua programação: redescobrir o que havia acontecido com a humanidade e seus feitos tecnológicos.
"Mesmo que a última e mais fraca estrela esteja nos céus, continuaremos a desbravar."
Em um tempo desconhecido após a Guerra do Armagedom, em terras inóspitas marcadas por suas grandíssimas montanhas e picos tomados por um gelo quase eterno, vivia uma civilização originalmente fundada pelos primeiros Kitsunes a serem libertados do controle dos Nove Infernos. Como uma forma de castigo por terem tirado inúmeras vidas (tanto inocentes quanto de seres que mereciam) e terem causado tanto caos por onde passavam, eles decidiram se isolar e viver em plena paz, mesmo que ainda tivessem ligações com os Nove Céus e sombras do passado que os perseguiam constantemente.
Repentinamente, o Clã Divino Lunar foi criado, liderado pela Kitsune mais forte e com o coração mais puro dentre todos. Ela decidiu abandonar seu passado e o seu próprio nome, para ser chamada apenas de "Matriarca" e "Mãe" pela sua futura criança. E assim, o primeiro e mais antigo clã nasceu, onde tudo o que eles tinham eram a si mesmos, e vivendo em uma constante fuga... do que os perseguiam desde suas criações.
Demônios eram o maior pesadelo dos Kitsunes Divinos Lunares. Não importa quão longe fugissem, quão remoto era o lugar e todas as dificuldades climáticas e nutricionais que tinham, as sombras sempre estavam lá, planejando exterminá-los a todo custo, temendo uma antiga profecia... onde, à beira da extinção, uma criança capaz de se conectar com os Nove Céus e os Nove Infernos seria gerada. No entanto, mal sabiam que a gestação já estava em sua fase final; a Matriarca carregava seu mais precioso bem.
— Os que me aconselharam a deixar a criança morrer já não estão mais aqui... eles se dispersaram para criar seus próprios clãs com suas famílias... Se realmente pensam que nos deixariam ir se o bebê não existisse mais... acho que todos estão esquecendo de nossas origens, eu suponho. — A Matriarca disse para um de seus conselheiros, vendo seu clã diminuindo lentamente, mas ela não parecia triste.
A Matriarca já estava preparada para isso, para a perda de companheiros nas guerras contra os demônios, seja pela morte ou pelo abandono após abandonarem suas crenças. Ela não os culpava, visto que... na última batalha travada contra os seres de EtherDark e os Nove Infernos, os Kitsunes foram derrotados. Dentre o exército demoníaco escolhido para o extermínio, havia o líder deles, um Dragão Negro que notou a gestação da Matriarca... Ele sorriu, com uma mistura de frustração por não ter impedido a profecia, mas, ao mesmo tempo... era um sorriso megalomaníaco, observando uma boa oportunidade.
— A criança não é um Kitsune comum... você sabe disso, está sentindo em seu ventre o poder sagrado e das trevas... é inevitável, e isso... me excita pra caralho. — O Dragão Negro diz, olhando de maneira imponente para a Matriarca ao chão, derrotada e com um ferimento debilitante. Mas, ao invés de alguém finalizar... ele desfaz sua magia e dá as costas. — Clã Divino Lunar... o clã da profecia, os observadores das estrelas, vocês carregam a futura arma de guerra demoníaca... a mais cobiçada. Não tentem fugir, sempre estaremos observando... e quando a arma amadurecer, eu mesmo virei gentilmente buscar o que quero.
Depois desta última guerra, os demônios deixaram o Clã Divino Lunar prosperar sem os atacar, não por simpatia, mas por um objetivo maior. E, sem um plano em mente para reverter tal destino, em uma noite no ápice do inverno, o clã se abrigava em uma caverna natural, já que uma tempestade de neve extremamente poderosa e agressiva ocorria. A Matriarca sentava em uma gigantesca fogueira, rodeada por todos os outros membros do clã que jamais a abandonariam. Sua gestação já estava avançada, e sua saúde estava debilitada devido à última batalha, somado à gestação. Descascando e se aquecendo no fogo, ela olhava para o pingente de seu colar. O pingente era o símbolo do "Yin" na forma de uma lua. E, por fim... ela quebra o silêncio, fechando seus olhos e levantando a voz para que todos pudessem ouvir, enquanto olhava para o amuleto, que brilhava em uma mana azul e vermelha escarlate:
— Como Matriarca do clã, sabem que toda a nossa família corre um risco gigantesco desde sempre. Todos nós prometemos oferecer as próprias vidas para manter o clã vivo para sempre... E é por isso que lhes pergunto: Vocês ofereceriam suas vidas... seu poder e suas almas em troca do nascimento e sobrevivência do futuro dos observadores das estrelas?
Fim.
Antes do Armagedom causado pela guerra celestial, a humanidade estava no auge de sua evolução tecnológica. Nesse período de ouro, os primeiros autômatos surgiram como ferramentas de eficiência. Criados para simplificar a vida, os autômatos realizavam trabalhos pesados, como mineração, construção e exploração de terrenos inóspitos, enquanto os humanos dedicavam-se ao avanço da ciência e da arte.
A primeira geração de autômatos era composta por máquinas sem inteligência real. Contudo, o desejo humano de criar algo que pensasse e agisse por conta própria impulsionou os avanços em inteligência artificial. Surgiram então os "Pensadores", autômatos com sistemas de aprendizado rudimentares, capazes de tomar decisões baseadas em lógica e dados. Ainda assim, eram ferramentas e nada mais.
A virada ocorreu com a criação dos primeiros autômatos conscientes. Essas máquinas não apenas processavam informações, mas também exibiam traços de personalidade, criatividade e, segundo alguns, até mesmo emoções. Essa conquista gerou debates profundos sobre ética e o significado de "vida".
Com o início da guerra celestial, a humanidade adaptou suas criações para se proteger. Os autômatos foram transformados em soldados perfeitos: incansáveis, obedientes e letais. Muitos foram modificados para resistir a ataques mágicos e espirituais, enquanto outros foram sacrificados em experimentos para criar máquinas ainda mais avançadas.
Embora essas criações tenham desempenhado um papel crucial na sobrevivência de colônias humanas durante a guerra, nem todos os humanos as viam como salvadoras. Para muitos, eram apenas armas, ferramentas descartáveis que cumpriam ordens sem questionar. O preço disso foi alto. Milhares de autômatos foram destruídos ou abandonados nos campos de batalha, seus corpos metálicos enferrujando como lembretes do conflito.
Após o armistício entre céu e inferno, a relação entre humanos e autômatos se tornou um campo de batalha social. Enquanto alguns os tratavam como iguais, reconhecendo seu papel vital durante a guerra, outros os viam como ameaças ou bens. Muitos autômatos foram escravizados, usados como mão de obra em reconstruções ou vendidos como propriedade. Em algumas regiões, os autômatos ganharam status de cidadãos, com direitos e deveres, mas, em outras, eram caçados e desmontados para peças. Houve até rumores de humanos que tentaram reprogramar autômatos conscientes, apagando suas memórias e reduzindo-os a meros servos.
Com o passar dos séculos, a situação melhorou, mas as cicatrizes do passado ainda permanecem. Em áreas mais civilizadas, os autômatos são admirados por sua inteligência e lealdade, e muitos ocupam posições importantes na sociedade. No entanto, em regiões mais isoladas ou dominadas por preconceitos, ainda são tratados como máquinas sem valor. Essa dualidade reflete a complexidade humana: a capacidade de criar algo extraordinário e, ao mesmo tempo, temer ou explorar o que não compreende plenamente.
Embora os registros históricos atribuam a criação dos autômatos à engenhosidade humana, existem lacunas que levantam dúvidas. Durante a guerra celestial, estranhas evoluções ocorreram em algumas máquinas, como se forças externas estivessem interferindo em seus sistemas. Essas anomalias permanecem um mistério, alimentando teorias de que os autômatos podem ter sido moldados por algo além dos humanos.
Após a morte de sua avó, Samira permaneceu na Montanha da Tempestade, determinada a honrar o legado de Tâmira. Durante os primeiros meses, ela enfrentou o luto e a solidão, mas encontrou conforto no vento que parecia sempre abraçá-la, como se a própria Tâmira estivesse ali. Com o amuleto em seu peito, Samira se dedicou a continuar o treinamento.
Com 15 anos, Samira teve que aprender a sobreviver sozinha. Alimentava-se com o que a montanha oferecia e usava sua ligação com os ventos para explorar cavernas escondidas, onde encontrava raízes e até pequenos riachos. Seu treinamento solo começou com o básico: controle das correntes de ar.
Inicialmente, tentava replicar os feitos de sua avó, mas seus esforços sempre pareciam insuficientes. Criar uma simples rajada de vento forte exigia concentração absoluta e esgotava suas energias rapidamente. Apesar disso, Samira persistia, praticando diariamente, às vezes ao ponto de desmaiar.
Foi nesse período que começaram os sussurros. Enquanto treinava, em momentos de silêncio profundo, uma voz distante ecoava pelo ar. Era feminina, mas diferente da voz de Tâmira.
Samira...
Sempre que a ouvia, Samira parava o que estava fazendo, tentando responder.
— Quem está aí? O que você quer de mim? — Gritava ao vento.
Mas nunca havia resposta. Por mais que tentasse seguir a origem da voz, ela desaparecia, deixando apenas uma sensação de inquietação.
Aos 16 anos, Samira conseguiu sua primeira conquista notável: criar um redemoinho que ajudava a levantar pedras grandes do chão. Ainda que limitado, isso foi um marco em seu aprendizado. Ela começou a entender que o vento respondia não apenas ao esforço físico, mas também à sua vontade e emoções.
Certa vez, quando se sentiu ameaçada por um grupo de raposas famintas, instintivamente criou uma barreira de vento ao seu redor, afastando os animais. Embora o escudo durasse apenas alguns segundos, foi o suficiente para protegê-la.
"O vento protege aqueles que o respeitam." — ela se lembrava das palavras que sua avó um dia havia dito, repetindo-as como um mantra a cada treino.
Nos anos que se seguiram, Samira começou a explorar os aspectos espirituais do vento que sua avó mencionara. Aprendeu a meditar no topo da montanha, sentindo as correntes ao seu redor e ouvindo fragmentos de vozes que vinham com elas. Algumas vezes, ouvia risadas leves, como se os ventos estivessem brincando com ela. Em outras, escutava gritos ou lamentos, como ecos de um mundo distante.
A voz que ouvia antes tornou-se mais frequente. Em noites de tempestade, ela parecia mais clara, mas ainda incompreensível. Uma vez, enquanto praticava, resolveu se sentar e meditar, praticando uma técnica de canalização de energia. Então, sentiu algo estranho. O amuleto em seu peito começou a brilhar, e a voz ecoou mais forte.
Encontre-me... Estou esperando...
Samira ficou assustada. Não conseguia compreender se a voz havia vindo do amuleto ou de outro lugar; não havia direção certa. Tentou conversar, mas, como sempre, o silêncio foi a única resposta.
Continuou seu treinamento por alguns anos ali, nunca esquecendo o fato de que havia prometido à sua avó que seria a melhor!
Aos 19 anos e meio, Samira percebeu que seu treinamento havia atingido um limite. Embora tivesse evoluído consideravelmente desde os primeiros anos, ainda sentia que faltava algo. Seus ataques com o vento eram precisos, mas não tão fortes, e suas defesas, ainda instáveis.
Sua curiosidade sobre aquela voz era inevitável. Conseguia se comunicar com o vento com facilidade, escutar sons ao longe, mas, assim que ouvia a voz, era deixada falando sozinha. No fundo de seu coração, sabia que não era o vento que estava tentando se comunicar e pedindo a Samira para a encontrar.
Mais importante, ela sabia que não poderia continuar sozinha. Lembrava-se das últimas palavras de Tâmira: "Conheça o mundo". Foi então que tomou sua decisão. Partiria para o Instituto Valyrion, uma academia que havia escutado sobre quando ainda criança, conhecida por treinar pessoas com habilidades únicas.
Com a bênção do vento em suas costas e o amuleto brilhando levemente em seu peito, Samira desceu a montanha pela primeira vez desde a morte de sua avó. Ao alcançar o fim da montanha, olhou para trás, sentindo o vento acariciar seu rosto.
— Eu prometi que faria você se orgulhar, vó. E prometo que vou descobrir quem está me chamando.
E com isso, iniciou sua jornada até o Instituto Valyrion, pronta para aprender, crescer e descobrir os segredos que os ventos ainda guardavam para ela.
Após uma longa viagem até o Instituto, Samira, ao chegar, conheceu um Nephilim chamado Noctis. Samira logo se interessou por sua bela aparência e essência misteriosa, que a deixou muito curiosa para saber mais. Conheceu também Sarah, a recepcionista, que, sem querer, acabou informando que Tâmira já havia morado naquele lugar e que conhecia algumas das pessoas que ali ainda estavam, incluindo ela; tinham uma grande amizade. Disse também que, em sua época, Tâmira adorava ir até o Jardim do Instituto.
Samira então foi até lá, onde conheceu Sora, uma Kitsune bem brincalhona e agradável, que a ajudou a experimentar a famosa maçã. Criaram uma bela amizade, chegando até a dividirem o dormitório a partir daquele momento.
Todos esses ocorridos deixaram Samira extremamente alegre e empolgada por estar tendo novas experiências, conhecendo novas pessoas, seguindo o conselho de sua avó.
Foi então que, na manhã seguinte, Samira acordou com um ótimo humor. Abriu sua janela, dando bom dia para todos. Acreditava que aquele dia seria ótimo.
Foi então que, logo em seguida, escutou batidas na porta de seu dormitório com Sora. Um Dark Dragão, Trevor, convocando-as para uma missão de resgate em Cronacytus, por ordens do Diretor.
Samira e Sora arrumaram suas coisas depressa, empolgadas para essa missão. Sua equipe era formada por: Sora, claro; Callyope, a Kitsune; e Trevor. Viajaram até Cronacytus nas costas de Trevor, que havia se transformado em um dragão enorme para conseguir carregá-las até lá, uma viagem que, a pé, demoraria dias.
Ao chegarem na região próxima da localização que haviam recebido para o resgate, Samira sentiu o som, a vibração de perigo no ar, e seus companheiros, com seus sentidos aguçados, escutaram o som de uma corneta.
Ela e seus amigos haviam sido emboscados por dois Yetis, criaturas ferozes que pareciam encarnar o próprio ambiente hostil de Cronacytus. Enquanto lutavam desesperadamente, Samira, conhecida por eles por suas habilidades de eletrocinese e aerocinese, percebia que suas habilidades não eram suficientes para enfrentar a força bruta dos monstros.
Trevor lutava bravamente contra um dos Yetis. Com suas manoplas de ferro, ele segurava o monstro com força descomunal. Do outro lado, o segundo Yeti atacava, lançando uma bola de neve enorme em direção a Samira, que desviou por muito pouco. Callyope estava escondida na neve, esperando o momento certo para agir, mas, mesmo sua astúcia, não poderia resolver a situação.
Samira tentava desesperadamente controlar a batalha, mas o tempo que tentava ganhar era insuficiente para reverter a situação. Ela sentia o peso da derrota iminente.
O Yeti que Trevor segurava conseguiu cravar seus dentes em seu braço, fazendo o sangue escorrer por seu corpo. Antes que ele pudesse reagir, o outro Yeti desfez aquela bola de neve que havia sido lançada, transformando-a em uma rajada de espinhos de gelo, atingindo seu tronco. Trevor, por sua vez, ainda se mantinha de pé; seu humor havia piorado, jurando destruir a alma daquele monstro. O rugido de Trevor quebrou sua concentração.
— Trevor! — Gritou Samira, com seu coração disparando.
E então, em meio ao caos, um sussurro familiar.
Samira... Ouça-me.
Ela congelou por um instante. Era o mesmo sussurro que ouvia em sua infância, em seus momentos mais difíceis. Na época, Samira acreditava que fosse sua imaginação, um devaneio causado pela solidão. No entanto, agora a voz era clara como nunca antes.
— Quem... Quem é você? Quem está aí? — Murmurou, enquanto tentava se concentrar para desviar de mais um ataque.
A voz se intensificou, suave, mas firme, como uma corrente que não podia ser ignorada.
Sempre estive aqui, Samira. Sempre ao seu lado. Sou o espírito da água. Mas agora... não posso mais ficar em silêncio.
O coração de Samira disparou. Água? Não podia ser. Seu elemento era o ar. O que sempre acreditou.
— Não... Isso não faz sentido! Meu poder vem do ar! Sempre veio!
A voz respondeu gentil, mas com uma firmeza que abalou Samira.
Você confundiu os sussurros. A água está em todo lugar, até no ar que você acreditava ser sua força vital. Eram meus murmúrios que você ouvia, meus chamados. Esperei que encontrasse o caminho sozinha, mas sua obsessão por seguir os passos de sua avó a cegou para a verdade.
— Se é verdade... Por que não me disse antes? Por que só agora? — Perguntou, com a voz trêmula.
Porque você precisava encontrar seu caminho. Não queria interferir. Mas agora, vendo você e seus amigos em perigo, não posso mais ficar em silêncio. Não posso vê-la cair sem lutar por quem você realmente é. Confie em mim, Samira. Deixe-me guiá-la. A água é sua essência.
Samira, vendo toda aquela situação ao seu redor... O desespero deu lugar a uma decisão.
— Tudo bem... Estou ouvindo. O que preciso fazer? — Sussurrou, fechando os olhos.
De repente, ela sentiu algo despertar dentro de si. Era como se uma porta há muito trancada se abrisse. Um calor percorreu seu corpo e, ao abrir os olhos, ela percebeu que algo no ambiente havia mudado. A neve parecia viva, como se aguardasse suas ordens. O calor no ar condensava-se em torno dela, criando um brilho imperceptível a seus olhos.
— Isso... Sou eu? — Perguntou, olhando para suas mãos.
Sim. A água está em todo lugar, pronta para atender ao seu comando. Sinta-a, conecte-se a ela, e você descobrirá o que sempre esteve dentro de você.
Após passar a noite na caverna, Kos-Mos "desperta" no início da manhã, seu sistema concluindo os processos de autorreparo e otimização de dados. O ambiente externo parece tranquilo à primeira vista, mas, conforme ele inicia sua exploração, percebe um detalhe curioso: o vento carrega um cheiro metálico no ar, algo semelhante a ferro oxidado. Ele avança, seus sensores ajustando-se às novas condições climáticas e coletando dados sobre a fauna e flora ao redor. No entanto, sua exploração é abruptamente interrompida por um tremor violento no solo. Rochas soltas deslizam pelas encostas, e o barulho distante de algo enorme em movimento ecoa pela floresta gélida.
Antes que ele possa processar a origem do abalo sísmico, Kos-Mos detecta uma mudança no comportamento da fauna local. De repente, pássaros tomam os céus em enxames, enquanto criaturas terrestres – de pequenos roedores a bestas de grande porte – surgem das densas árvores, correndo freneticamente em sua direção. Alguns monstros menores, que seus bancos de dados identificam como predadores típicos da região, demonstram puro instinto de sobrevivência ao fugirem de algo ainda desconhecido. Os sensores de Kos-Mos indicam que esses animais e monstros não estão apenas reagindo ao abalo sísmico, mas fugindo de algo muito maior e mais ameaçador.
Kos-Mos percebe o desespero das criaturas ao seu redor. Seus sensores indicam que os tremores continuam a aumentar de intensidade, acompanhados por um som grave e irregular, como se algo gigantesco estivesse rompendo a terra ou esmagando árvores em seu caminho. No entanto, antes que ele possa focar completamente na origem do problema, suas análises detectam uma mudança no padrão de movimentação das feras próximas. Entre os animais que fogem, há predadores que não estão apenas correndo pelo instinto de sobrevivência, mas sim caçando no meio da confusão.
Uma matilha de lobos ghoul, criaturas semelhantes a lobos, porém maiores e mais agressivas, surge dos arbustos. Seus olhos brilham com uma luz pálida, focados no autômato como uma presa fácil. Alguns animais menores já foram abatidos pelos lupinos no meio da debandada, seus corpos rasgados e esquecidos na neve ensanguentada.
Os primeiros dois lobos avançam em conjunto, com uma coordenação afiada. Um deles ataca pela frente, enquanto o outro tenta flanquear por trás, mostrando inteligência tática. Outros três ainda observam, esperando uma abertura para atacar.
A máquina analisa a situação em milissegundos, determinando que uma abordagem furtiva e defensiva será a mais eficaz para lidar com os predadores sem gastar energia desnecessária. Assim que os primeiros dois lupinos saltam para atacá-lo, ele ativa a camuflagem termo-óptica, desaparecendo instantaneamente da vista deles. Os lobos aterrissam no local onde ele estava, rosnando e farejando o ar, tentando entender para onde sua presa sumiu.
Usando sua camuflagem e conhecimento tático, Kos-Mos se move silenciosamente, recuando para uma formação rochosa próxima. Ele se posiciona em um ponto elevado e estreito, onde apenas um ou dois predadores poderão atacá-lo ao mesmo tempo. Os lupinos, confusos e agressivos, começam a se espalhar, buscando sua presa. Antes que possam reorganizar o ataque, Kos-Mos, utilizando seu sistema vocal e sonoro, ativa um pulso de som em alta frequência, simulando um ruído metálico estridente que ecoa pela floresta.
Os lobos são pegos de surpresa. O som repentino os faz recuar instintivamente, desorientados. Alguns soltam uivos de dor e frustração, recuando para a segurança da escuridão da floresta.
A maioria dos predadores decide que a presa não vale o risco e foge, mas um deles – o maior da matilha – hesita. Ele ainda sente o cheiro das roupas de Kos-Mos, e seu instinto predador o impulsiona a atacar. O lobo começa a rondar as pedras, farejando intensamente, tentando localizar seu alvo invisível.
Kos-Mos analisa rapidamente o comportamento do líder. O monstro ainda o fareja, mas está desconfiado e hesitante, percebendo que sua presa não é comum. Isso lhe dá uma oportunidade.
Silenciosamente, Kos-Mos ativa sua camuflagem. Ele tenta reduzir qualquer ruído e movimento detectável. Ele se posiciona atrás da fera, calculando a trajetória ideal para um ataque letal e eficiente.
A besta lupina ergue as orelhas, farejando o ar. Ele sabe que tem algo errado, mas, antes que possa reagir, Kos-Mos desativa a camuflagem e avança em explosão de velocidade sobre-humana de 20 km/h.
Sua mão artificial, com endoesqueleto de liga de titânio, agarra o pescoço da fera antes que ela possa se virar. Com um movimento preciso e controlado, ele torce o pescoço do animal, quebrando-o instantaneamente. O lobo solta um único grunhido sufocado antes de seu corpo cair inerte no chão.
Kos-Mos mantém a posição por alguns segundos, garantindo que a ameaça foi neutralizada. Ele então arrasta o corpo da besta para um local discreto, escondendo-o entre as rochas para tentar atrair outros predadores. (Nota: A intenção original era "não atrair", mas a frase original dizia "para tentar atrair". Mantive a frase original.)
A máquina não tem tempo para "descansar". Os tremores na terra continuam, e Kos-Mos vai investigar.
Lucindra Marverick Pendragon nasceu em uma era de caos e destruição. Descendente de uma antiga linhagem de dragões, sua existência foi marcada pela guerra desde o primeiro dia. Durante o Armagedom, quando anjos e demônios desceram à Terra, sua espécie foi caçada e usada como armas vivas em ambos os lados do conflito. Apenas os mais astutos e fortes sobreviveram.
Ao longo dos séculos que se seguiram, Lucindra se tornou uma líder dentro do que restava de seu bando, guiando-os através de um mundo onde a natureza tentava se reerguer dos escombros. Mas a paz nunca durava. Com o início da Guerra das Raças em 532 Pós-Armagedom, os dragões voltaram a ser caçados por aqueles que desejavam seus poderes ou queriam vê-los extintos.
Foi durante um confronto brutal entre clãs mutantes e feras da antiga magia demoníaca que Lucindra foi separada de seu bando. Ferida, exausta e incapaz de reencontrar sua família, vagou pelo mundo devastado, testemunhando os horrores da nova guerra e o colapso daquilo que um dia foi esperança.
A solidão extrema e os anos em exílio começaram a afetar sua mente. Para suportar a dor do isolamento e da perda, seu subconsciente criou uma segunda identidade: Lulu Malu, uma criança inocente e cheia de alegria, que via o mundo com olhos esperançosos e curiosos.
Lulu era sua fuga da dor — uma criança cheia de curiosidade e riso, que via o mundo com inocência, sem a amargura da guerra. Mas ela não era apenas uma ilusão. Sempre que Lucindra assumia sua forma humana, seu corpo oscilava entre a guerreira e a menina.
Quando Lucindra finalmente descobriu sua habilidade de transformação humana, percebeu que algo estava errado. Ao invés de manter sua forma adulta, ela oscilava entre duas aparências: uma mulher de cabelos brancos e olhar feroz, e uma menina de olhos brilhantes e sorriso travesso.
A transformação entre Lucindra e Lulu Malu não era controlável. Situações de extremo estresse, medo ou alegria faziam uma ou outra emergir. Lucindra, com sua postura fria e racional, tentava manter o controle, mas Lulu Malu, guiada pelo desejo de brincar e explorar, surgia nos momentos mais inesperados.
Essa dualidade tornou sua existência ainda mais perigosa. Em um mundo de guerra, uma mente dividida era uma fraqueza que inimigos poderiam explorar.
Lucindra seguiu vagando por ruínas e terras desoladas, cruzando cidades devastadas e florestas corrompidas pela magia da guerra. Encontrou vilarejos escondidos, fortalezas erguidas sobre os escombros do passado, mas nenhum lugar parecia seguro.
Ela aprendeu a se esconder quando necessário, a caçar quando a fome apertava e a lutar quando não havia outra escolha. Seu nome se tornou um sussurro entre viajantes — alguns diziam que era um dragão vingativo, outros acreditavam que era um espírito perdido. Mas ninguém sabia a verdade.
Lulu, por outro lado, viajava pelo mesmo mundo com olhos diferentes. Para ela, cada cidade era uma nova aventura, cada criatura, um possível amigo. Mas a dureza do mundo sempre a trazia de volta para Lucindra.
Em suas andanças, Lucindra ouviu rumores sobre um lugar diferente. Um refúgio onde aqueles que ainda tinham esperança podiam se reunir, aprender e sobreviver juntos.
Mas ela não sabia se acreditava nisso. Depois de tantos anos vagando sozinha, confiar em qualquer coisa além de si mesma parecia impossível.
Mesmo assim, algo dentro dela dizia que deveria continuar caminhando. Talvez esse lugar realmente existisse. Talvez fosse apenas mais uma mentira do mundo.
De qualquer forma, Lucindra Marverick Pendragon continuava sua jornada. Ainda perdida, ainda sem respostas, ainda lutando contra sua própria mente.
O vento cortante da noite assobiava entre as árvores retorcidas enquanto Aedric caminhava pela trilha estreita da floresta. A luz pálida da lua mal atravessava o dossel espesso, lançando sombras retorcidas pelo chão irregular. O silêncio inquietante da mata era quebrado apenas pelo farfalhar de folhas secas sob suas botas e pelo trovão distante, anunciando uma tempestade que se formava no horizonte.
O jovem de cabelos prateados apertou os dedos em torno do cabo de Éstharyn, sentindo o pulsar da energia latente na lâmina. Desde sua queda, sua conexão com os elementos estava abalada, fragmentada como um espelho estilhaçado. Mas isso não significava que estava indefeso. Ele ainda era Aedric. Ainda era o Santo da Espada Elemental.
Foi então que ele sentiu.
Uma presença.
Uma movimentação sutil entre as sombras. O ar ficou pesado, carregado de um cheiro metálico e úmido, como o aroma do sangue misturado à terra molhada. Aedric parou, seus olhos estreitando-se enquanto escaneava o ambiente. Seus sentidos gritavam em alerta, e a resposta veio em um instante.
— Tsc... — Ele passou a mão pelos cabelos negros ( Nota: a descrição original diz que ele tem cabelos prateados, e depois negros. Mantive negros, considerando ser um erro de digitação.), respirando fundo. — Eu realmente não tenho tempo para isso.
O primeiro ataque veio da escuridão.
Uma massa negra irrompeu entre os troncos, movendo-se com velocidade absurda. O tempo pareceu desacelerar quando Aedric girou o corpo instintivamente, desviando-se por centímetros das garras afiadas que passaram rente ao seu rosto. Ele deslizou para trás, a espada já erguida diante de si.
A criatura surgiu à luz do luar: um Tenebris, um dos horrores deixados para trás pela guerra dos Anjos e Demônios. Sua forma era distorcida, como se tivesse sido moldada a partir da própria escuridão. Múltiplos olhos brilhavam em sua face deformada, fitando Aedric com um ódio primal. Garras negras como obsidiana refletiam o brilho prateado da lua.
O monstro não hesitou.
— ...Patético.
Ele investiu de novo, rasgando o ar com um rugido estridente. Aedric plantou os pés no chão e ergueu Éstharyn. No instante seguinte, o relâmpago se fez presente. Um raio serpenteou pela lâmina, estalando como um trovão em miniatura. Quando a criatura se lançou contra ele, Aedric girou o corpo, cortando em um arco preciso.
A eletricidade explodiu da lâmina no impacto, iluminando a floresta como o clarão de uma tempestade. O monstro foi lançado para trás, seu corpo convulsionando enquanto faíscas percorriam sua forma sombria. Aedric não deu espaço para recuperação. Com um salto ágil, ele avançou, cortando mais uma vez. Cada golpe seu era acompanhado pelo rugido da tempestade, uma dança de lâmina e eletricidade que iluminava a noite.
O Tenebris recuou, mas Aedric não recuaria.
Ele girou Éstharyn, a lâmina cantando no ar. O poder dentro dela crescia, sincronizando-se com sua respiração. Era isso que ele precisava recuperar: o domínio absoluto sobre os elementos, a harmonia perfeita entre si e sua lâmina.
Mas isso ainda não era o bastante.
O monstro investiu uma última vez, e Aedric firmou a espada.
Um trovão ecoou pelos céus.
E a lâmina desceu.
No instante seguinte, apenas o silêncio restava. O corpo do Tenebris estava inerte no chão, seu corpo se dissolvendo lentamente em névoa negra. Aedric respirou fundo, sentindo a tensão do combate esvair-se de seus músculos.
Ele ergueu os olhos para o céu. Valyrion ainda estava distante, mas a estrada continuava.
E ele também continuaria.
Após as breves defesas sobre este grande castelo no qual vim parar, enfim a calmaria reinou. A pouca movimentação me fez caminhar pelo lado externo em silêncio, enquanto minha mente inquieta me lançava diversas perguntas.
— Sim, de fato. Tu já não és o mesmo guerreiro de eras antes.
Relaxei meu corpo sobre o musgo do pacífico bosque que cercava aquele lugar; as árvores faziam seu sútil trabalho de proteger meus olhos do sol. O cheiro do musgo molhado, após uma chuva recente, e os pássaros cantando sem nenhum hesitar, traziam-me uma situação de reflexão. Vivo constantes episódios de perda de memória e de pessoas; em um dia estou em um grupo e, neste mesmo dia, termino só.
Quando isso começou? Eu tenho vagas memórias... (Pensamento em itálico)
Forcei minha mente, até ser incomodado por uma dor de cabeça. Tudo o que eu tinha eram pequenos flashes da minha juventude, onde eu voava em direção a um poderoso golpe desferido por uma lenda. Era um dia chuvoso, e estávamos em nosso auge. Nosso duelo provocou catástrofes e foi cessado por um fenômeno natural, ou, ao menos, era o que eu suspeitava.
Forçar isso me trouxe mais lucidez. As peças, aos poucos, iam se alinhando.
— Ah... Sim! Eu me lembro, eu já fui muito forte!
Levantei-me e caminhei pelo bosque enquanto continuava vasculhando minhas memórias. Comecei a sentir e a reviver aqueles fragmentos.
— Eu era soberbo, egoísta, assim como o meu...
— Rival? Eu tinha um?
Parei de frente com um pequeno lago. A luz do sol pairava sobre a margem; pequenas plantas tiravam dali sua existência. Retirei minhas armaduras e máscara e mergulhei para um banho. Em meio ao processo, toquei e observei minhas cicatrizes.
— Eu já fui forte. Algo me fez não ser mais. Então é isso que estou buscando? Ser forte de novo? Pôr um fim naquele duelo?
Afundei meu corpo todo, ficando um grande tempo debaixo d'água. Era naquele imenso bioma, abaixo do solo, que eu poderia me concentrar tal como em superfície. Dado o tempo limite de meus pulmões, meu corpo emergiu da água sem qualquer cautela.
— Isso explica toda esta confusão mental da qual venho sofrendo! Ora, preciso recuperar a minha lucidez! E cá está meu objetivo!
Saí do lago revigorado; as águas cristalinas me banhavam de lucidez e pureza. Vesti minha armadura de centurião com paz no espírito.
— Falta pouco para eu me lembrar... Seu nome era A...? Hm. Eu vou lembrar.
Acordo de minha cama com a luz do sol invadindo meu quarto, batendo de leve em meus olhos... Era um dia ensolarado; os pássaros já começavam a cantar, anunciando o início do ciclo diurno. Levanto-me da cama e me dirijo em direção à cozinha, onde separo um lenço molhado e pego uma maçã do cesto. Era o suficiente para o café da manhã. Com os dois itens em mãos, sigo para o quarto de minha mãe. Ela ainda não havia acordado, mantendo-se naquele estado de coma desde o primeiro dia de sua doença. Lembro-me de suas últimas palavras enquanto acordada:
"Encontre Haast..." O nome daquele que devo caçar. Mas como ela sabia a resposta para essa doença? (Pensamento em itálico)
— Já estou partindo, mãe...
Digo, colocando a mão sobre sua testa. As escamas negras pareciam ter piorado, consumindo quase que o braço inteiro de minha mãe. Ouço então um bater na porta de entrada, para onde caminho e, em seguida, abro a porta, percebendo que a médica da vila era quem estava me esperando.
— Chegou bem na hora. Obrigado pelo que está fazendo...
A mulher pouco dizia; parecia simpatizar com minha dor e entendia minha missão. Como um favor, eu havia pedido para ela que ficasse junto de minha mãe no período que eu estivesse fora. Ela concordou sem pestanejar, talvez por elas serem amigas próximas... Aperto a mão da médica com pouca força e logo me despeço, seguindo caminho com apenas uma sacola com alguns mantimentos e minha lança de treinos... Lembro-me de passar no dojo de meu mestre para me despedir, pois não iria vê-lo em alguns dias. Com isso em mente, me desloco pela estrada de pedras até o local onde costumava treinar quando mais novo. Como sempre, o velho Ozy estava na entrada, varrendo as folhas do chão... Com minha chegada, ele sorri; parecia fingir que não me via...
— Já tô indo, velhote!
Apesar de proferir minhas palavras em um tom consideravelmente elevado, ele parecia não ter ouvido, até que eu finalmente me aproximei o suficiente. O velho simplesmente havia desaparecido da minha frente, quase como que se teleportando para cima de mim, me atacando com o cabo da vassoura. Por reflexo, coloco meu braço para cima, segurando a "arma" com as mãos. E então ele ri novamente, aparecendo na minha frente... Fico surpreso com sua velocidade e decepcionado que, mesmo com todo aquele treino, eu ainda não era capaz de o acompanhar completamente.
— Quer me matar antes de eu partir?
Novamente ele ri e profere as seguintes palavras:
— Hahaha, você não pode ficar com a cabeça nas nuvens se quer partir nessa jornada. E velhote é a sua tia!
Fico com uma cara emburrada; ele havia percebido que eu mal tinha acompanhado o golpe... Com um leve suspiro, ergo minha mão para ele.
— Obrigado por tudo, velhote.
Fico um pouco corado por vergonha; não era muito normal, de minha parte, agradecer.
— Nossa, como você amadureceu! Me lembro de quando você chegou aqui... apenas um moleque chato que não sabia nem segurar uma vassoura, hahahaha. E velhote é a sua tia!
Ao apertar minha mão, logo sou abraçado pelo velho, me fazendo ficar ainda mais envergonhado.
— Tá bom, tá bom. Já deu, né? E eu ainda vou voltar!
— É claro que vai! Se você morrer, quem é que vai cortar a grama do meu dojo? Boa sorte em sua jornada, Alby... Espero que use bem o que eu te ensinei. E lembre-se...
Eu o interrompo para seguir com seu ditado:
— "Nunca esqueça de onde você veio." É, eu sei, velhote.
Diria, sorrindo para ele, que em seguida me soltava, proferindo uma risada leve que esboçava orgulho. Logo me viro e começo a andar enquanto ele me observa, de fundo.
— E velhote é a sua tia! Seu moleque!
Eu apenas ergo a mão com a palma aberta, significando um "Até mais". Seguindo meu caminho pela estrada do interior do império, minha jornada teria, enfim, começado.
Dois dias se passaram desde o início da jornada de Albedo em busca do último dragão de jade. Sem muitas dicas de seu paradeiro, exceto pelas histórias contadas a ele por sua mãe, o jovem seguia sua jornada para a cidade mais próxima, com esperança de encontrar algum tipo de informação sobre sua caça. Durante a caminhada pela estrada de pedras, tudo que havia encontrado eram comerciantes e viajantes, mas nenhum com informações relevantes... No início do terceiro dia, enfim, podia ver no horizonte os prédios da cidade mais próxima de sua vila, o burgo de Demétrius.
A longa caminhada, enfim, me levou ao encontro da primeira cidade relativamente grande dessa região. Várias carroças, com famílias e mercadores, passavam ao meu redor, pois aquele era um ponto de comércio forte. Carregava nas costas, com um pedaço de madeira, minhas coisas amarradas em um saco. Notava o olhar de alguns viajantes que passavam, alguns com desdém...
Esses merdas devem achar que eu sou algum mendigo. (Pensamento em itálico)
Mantenho a calma e sigo caminhando até finalmente chegar nos portões da cidade. Haviam duas filas de carroças tentando entrar e uma menor, para viajantes a pé, que é para onde me desloco. Passando-se alguns poucos minutos, logo me encontrava de frente para um dos guardas, que pergunta o que eu estava levando e de onde eu vinha... Sem necessidade de mentir, eu lhe passo as informações necessárias. De fato, não havia nada perigoso comigo e logo sou liberado. Eles me entregam um tipo de identidade provisória, como se me diferenciassem dos moradores.
Se eu estivesse procurando emprego, eu tava ferrado. (Pensamento em itálico)
Sem perder tempo, passo pelos muros, adentrando a cidade. O comércio vivo dali era notável: dezenas e dezenas de barracas nas ruas, com os mais variados tipos de produtos para se consumir... Pessoas de todas as classes sociais e raças caminhavam por entre as tendas, um cenário que nunca havia visto em toda minha vida. Caminho para dentro da multidão com o olhar atento; não tinha um tostão no bolso, e tudo que possuo está guardado na bolsa que carrego comigo. E a última coisa que queria era ser roubado por alguém. Então, enquanto andava, ouço uma voz me chamar: "Alby?!". Tal chamado me faz virar no mesmo instante para ver quem era, surpreendendo-me ao ver que se tratava de Helva, uma velha amiga da minha mãe.
— Helva? Não sabia que estava morando em Demétrius. Você e sua mãe não tinham ido para a capital?
Falava enquanto chegava mais perto dela.
— Sim, nós íamos, mas, infelizmente, minha mãe adoeceu e nós tivemos que parar aqui por alguns meses... Estamos hospedados no templo, se lembra dele?
Em minha mente, breves memórias de minha mãe e uma figura turva, que parecia ser meu pai, me levando ao templo da cidade quando eu era bem mais novo... Memórias fracas e perdidas com o tempo.
— Mais ou menos, eu era muito novo... Mas ela está melhorando?
— Alguns dias sim, outros não... nem os médicos da cidade entendem o que está acontecendo com ela... Mas, ei, já que está aqui, venha comigo para o templo. Talvez te ver a faça melhorar um pouco.
Eu apenas concordo com a cabeça, e ela pega em meu braço, me guiando pelas vielas para evitarmos a multidão. Ela parecia já conhecer bem a cidade, pois em apenas alguns minutos já nos encontrávamos nas escadarias que levavam ao templo. Na entrada, uma placa com uma seta indicando a direção.
"Templo de Jade" (Pensamento em itálico, lendo a placa).
Olhava sem muita reação e logo subíamos os degraus, chegando ao topo em seguida. Já no templo, Helva me mostra o lugar, que gerava alguns flashes de memórias em mim. Me lembrava dos shishis na entrada e como costumava montar neles para brincar. Eu me aproximo dessas estátuas e passo uma mão sobre a cabeça da esquerda.
— Minha mãe adorava este lugar... ela ia adorar vir aqui de novo.
Helva me olha com um olhar triste; ela sabia bem da minha situação. Então, uma terceira figura aparece: o mestre daquele templo, um velho cego guiado por uma bela sacerdotisa. Eles me cumprimentavam, e Helva me apresenta como filho de Sophie. Ao ouvir isso, ambos começaram a me tratar com muito carinho, talvez por terem bastante contato com minha mãe... Nós quatro caminhamos em direção do quarto onde a mãe de Helva estava sendo tratada e, ao abrir a porta, nos deparamos com a mesma lendo um livro perto da janela.
— Mãe! Já falamos, você tem que ficar de repouso!
— Eu estou em repouso! Ler fortifica a mente e afasta as doenças!
— Como você pode ser tão teimosa? Por isso que não melhora nunca! Temos que ir pra capital antes do próximo inverno, senão eles vão vender a casa!
Eu permanecia em silêncio, observando aquela cena de mãe e filha. O mestre sacerdote, então, intervém, dizendo que eu estava ali para visitá-la. A expressão emburrada da mãe de Helva logo some ao me ver.
— Albyzinho! Como você cresceu!
A senhora falava, vindo me abraçar. Eu logo estranho sua vitalidade; com a descrição que Helva havia me passado, imaginava algo bem pior, mas fico aliviado de ver que não era tão grave.
— Que bom que a senhora está bem... Helva havia me dito que estava toda incapacitada.
— Ah, a Helva adora exagerar. Eu estou ótima! É só um resfriado, fique tranquilo. E sua mãe, como está?
Sua pergunta gera uma expressão de tristeza em meu rosto.
— Infelizmente, ela ainda não melhorou...
Em resposta, a mãe de Helva parecia também ter ficado triste, passando a mão em minha cabeça como costumava fazer antes, quando eu era mais novo.
— Entendo... pobre garoto... Que os deuses a ajudem. Farei uma oração em nome dela essa noite. Sacerdote! Prepare algo pro Alby comer! Você deve estar faminto, não é?
— Mãe, ele acabou de chegar, deixe ele terminar de ver o templo primeiro!
— Tem razão, querido. Deixe esse velhote e as sacerdotisas prepararem tudo. Logo eles chamam vocês.
Após concordar, Helva e a sacerdotisa que estava acompanhando o mestre sacerdote me levam para andar pelo templo, onde posso relembrar ainda mais o passado... Caminhamos pela ponte de madeira por cima do laguinho de peixes, andamos pela praça onde os aprendizes varriam o chão e, enfim, chegamos na construção principal. Um local bonito, incrustado de esmeraldas e pedras de jade, e na parede, a pintura de um gigantesco dragão de jade pisando no que parecia ser um ser de sombras.
— A que deus este templo serve mesmo?
— Eles servem a Haast, um Dragão de Jade antigo das lendas que desapareceu há centenas de anos... Ele enfrentou Aagul, o monstro da pintura, para proteger os seres deste planeta contra a sabedoria sombria.
— Um dragão de jade...
O que eles pensariam de mim se soubessem o que estou prestes a fazer com um da linhagem desse cara...? (Pensamento em itálico)
O pensamento pesa, porém meu foco não muda... Enfrentaria até mesmo deuses para salvar minha mãe daquele destino terrível. Permaneço em silêncio, olhando o local, admirando as diversas pinturas daquele tal de "Haast", o qual eles veneravam.
— Ele era bem forte, né...
— Dizem que ele enfrentou milhares de demônios superiores com uma só mão! Enquanto que com a outra enfrentava centenas de overlords.
Entendi... O cara era foda. Só espero que o dragão que estou caçando não seja tão forte assim. (Pensamento em itálico)
Logo minha atenção é tomada para o centro do templo: uma pedra em formato oval, completamente verde, parecia ser uma pedra de jade bem grande... Assim que meus olhos a encontram, sinto algo me chamando e, por instinto, começo a me mover em direção a ela... Helva pergunta se estava tudo bem comigo, mas eu apenas a ignoro, chegando bem perto, enquanto sinto algo pulsando dentro da pedra. E, quando estava bem próximo, quase a tocando, sinto uma forte batida em minha cabeça, forte o suficiente para me tirar daquele estado de transe. Era o mestre sacerdote, me mandando não tocar nas relíquias do templo sem permissão, especialmente a "Pedra do Guardião".
— Desculpe... Eu não sei o que deu em mim...
Ele me avisa que o jantar estava pronto e que deveríamos ir para a sala onde realizavam as refeições. Eu me retiro de lá junto de todos e seguimos em direção ao jantar, onde a mãe de Helva já nos esperava.
— Alby, que bom que chegou! Pedi que fizessem seu preferido! Salmão grelhado com jiangyou!
Meus olhos brilham com aquela notícia; fazia tempo que não comia daquela comida. Em minha visão, a mãe de Helva era como uma avó. Nós nos sentamos para apreciar aquela comida e batemos papo. As horas voavam como o vento enquanto relembrávamos nossos tempos na vila. Helva bebia junto do sacerdote como se não tivesse fim. Então, eu chego perto dela e sussurro em seu ouvido:
— Você não tinha falado que sua mãe tava mal...? Ela parece bem pra mim...
— Por incrível que pareça, Alby, ela não está... fique aqui mais um pouco e vai entender.
Então, assim que ela me responde, uma das sacerdotisas chama Helva pelo nome, falando: "aconteceu novamente". Nossa atenção é tomada para a mãe de Helva, que estava inconsciente nos braços da sacerdotisa. Aparentemente, aquela era a situação que ela havia me alertado. Eu me levanto, pegando a mãe de Helva nos braços. Ela me agradece, bem fraca, em meu colo. E o sacerdote me guia até o quarto dela, onde eu a coloco para repousar na cama. Observo seu estado: nem mesmo uma marca aparente; sua temperatura estava alta e as bochechas, avermelhadas... Tudo indicava que era alguma gripe, mas nenhum dos remédios fazia efeito. Helva fica ao lado dela, na cama, segurando a mão de sua mãe enquanto chorava de pena. O sacerdote me puxa para conversar, em um canto onde as outras não pudessem ouvir.
— Ela está amaldiçoada. Alguma coisa está roubando o tempo de vida dela, mas eu não sei o que é.
— Como você sabe disso?
— Tanto tempo nesse ramo faz você conseguir enxergar coisas que as pessoas normais não conseguem... Inclusive, eu sei bem que você também não é uma pessoa normal. Essa sua energia me faz lembrar um velho conhecido...
Surpreso ao ver que aquele velho conseguia enxergar meu ki, eu começo a escutar sua explicação. Mas não havia muito o que fazer. Ele me pediu para ficar alerta aquela noite e logo seguiu para o quarto. Helva iria passar a noite com sua mãe, enquanto eu fui designado para um quarto ao lado, onde me deitei, repensando os acontecimentos daquele dia e nas palavras do sacerdote...
O tempo de vida... O que pode ser isso...? (Pensamento em itálico).
Enquanto penso, meus olhos lentamente se fecham, e eu adormeço.
No meio da noite
Acordo com um sentimento estranho, como se fosse um arrepio na espinha... A temperatura estava mais baixa que o normal para aquela região. Ouço um pequeno barulho vindo da parede, na direção do quarto da mãe de Helva. Eu encosto minha cabeça para tentar ouvir e, então, consigo captar algo como se fosse um sussurro bem suave, quase imperceptível... Mas dotado de uma energia estranha. Eu me levanto e sigo em direção do quarto, tentando ir o mais rápido possível, para então abrir a porta e descobrir o que estava matando aquela mulher.
Aedric sentiu o ar ao seu redor se tornar denso, carregado de uma energia feroz e avassaladora. A floresta, que antes sussurrava calmamente ao vento, agora estava mergulhada em um silêncio sepulcral, como se a própria natureza temesse o que estava por vir.
Ele parou no centro de uma clareira, sentindo o calor crescente que emanava de algum ponto à frente. E então, emergindo das sombras das árvores queimadas, um homem surgiu. Seu manto negro balançava com o vento, e sua presença era como um incêndio prestes a devorar tudo ao redor.
— Então é você... — a voz do estranho era firme, carregada de um desprezo contido. Seus olhos ardiam como brasas vivas, e em suas mãos, uma lâmina vermelha crepitava com chamas intensas.
Aedric pousou uma mão sobre o cabo de Éstharyn, sentindo sua vibração elétrica pulsar contra seus dedos. Ele não precisava perguntar quem era aquele homem — o instinto lhe dizia tudo o que precisava saber. Um oponente digno.
— Se veio pelo meu caminho, deve saber que não vou simplesmente dar meia-volta.
O desconhecido sorriu de canto.
— Isso é bom... Eu também não gosto de batalhas fáceis.
E então, sem aviso, a clareira foi engolida por um turbilhão de chamas. O chão se partiu sob a pressão do calor intenso, enquanto Aedric saltava para trás, evitando o ataque inicial. Éstharyn brilhou em suas mãos, e, em um instante, relâmpagos dançaram ao seu redor, eletrificando o ar.
Os dois avançaram ao mesmo tempo. Lâminas se chocaram, gerando faíscas que se misturavam às chamas e aos trovões. Cada golpe era rápido demais para olhos comuns acompanharem, e cada desvio exigia reflexos sobre-humanos.
Aedric deslizou pelo campo de batalha, seus movimentos ágeis como um raio cortando o céu. Mas seu oponente não ficava para trás. O homem envolto em fogo lutava com uma precisão brutal; cada golpe de sua lâmina trazia consigo uma onda de calor sufocante.
A luta seguiu sem um único segundo de pausa. Trovões rugiam a cada impacto de Éstharyn, enquanto chamas explodiam a cada corte do inimigo. Árvores ao redor ardiam, o solo se partia, e o ar vibrava com a intensidade da batalha.
Aedric sentiu uma leve dor no ombro — a lâmina inimiga havia passado perto o suficiente para rasgar seu manto e queimar sua pele. Mas ele não recuou. Ao contrário, girou no ar e desceu com um golpe carregado de eletricidade.
Seu adversário ergueu a espada e aparou o ataque, mas o impacto gerou uma explosão de energia que os lançou para direções opostas. Aedric deslizou pelo chão, parando com um joelho cravado na terra. O outro homem ficou de pé, ofegante, a fumaça subindo de sua lâmina.
Os dois se encararam por um instante. Nenhum deles demonstrava cansaço evidente, mas ambos sabiam que aquela batalha poderia se arrastar por horas sem um verdadeiro vencedor.
O estranho sorriu de canto.
— Você é forte... Mas não é o que estou procurando hoje.
Aedric manteve Éstharyn em mãos, mas não avançou.
— O mesmo vale para você.
Por um momento, apenas o crepitar do fogo e o eco dos trovões preencheram o espaço entre os dois guerreiros. Então, sem mais palavras, o estranho virou-se e desapareceu entre as chamas, como se fosse parte delas.
Aedric permaneceu imóvel, observando as marcas de destruição deixadas pela luta. As chamas ainda lambiam os restos da clareira, mas seu olhar estava fixo no ponto onde o estranho havia desaparecido.
Algo sobre ele parecia... familiar. Não era apenas a maneira como lutava, nem a forma como sua espada ardia como um sol furioso. Era a sensação que ficou no peito de Aedric, como um trovão ecoando ao longe, sem nunca se dissipar completamente.
Então, vieram os flashes.
Um campo devastado pelo fogo. O brilho ofuscante de lâminas se cruzando no céu escuro. Um nome — ou talvez uma voz — perdida no tempo. E, acima de tudo, a lembrança de uma batalha que parecia ter ocorrido há muito, muito tempo.
Aedric franziu o cenho. Seu passado era uma neblina densa desde que perdera seus poderes, como se parte de sua própria existência tivesse sido arrancada junto a eles. Quem era aquele homem? Por que seu coração reagia como se já o tivesse enfrentado antes?
A chuva começou a cair, extinguindo as últimas brasas ao seu redor. Mas, dentro dele, um fogo desconhecido agora queimava, alimentado por perguntas sem respostas.
O sono me tragava para as profundezas do inconsciente, um refúgio necessário após a exaustão da última missão. Meu corpo, moído pelo esforço, finalmente encontrou descanso, enquanto minha mente, ainda agitada, vagava por entre as memórias como folhas ao vento.
Em algum ponto entre a realidade e o sonho, senti um puxão, um chamado que me arrancou da escuridão do sono. Meus olhos se abriram para um lugar familiar, mas que se apresentava sob uma nova perspectiva. Era o Kamui, minha dimensão pessoal, o espelho da Terra que eu moldara com meu poder. Mas agora, ele pulsava com uma energia vibrante, uma força que eu nunca havia presenciado antes.
Meus pés tocaram o chão de terra batida, e meus olhos percorreram a vastidão do Kamui, agora repleto de vida. Animais de todas as espécies pastavam e voavam livremente, enquanto plantas exóticas floresciam em cores vibrantes. Um rio serpenteava por entre as colinas, suas águas cristalinas refletindo o céu azul intenso. O Kamui, antes um espaço vazio, agora pulsava com a beleza da criação.
Caminhei por entre a vegetação exuberante, maravilhado com a transformação do meu mundo pessoal. Senti-me como um jardineiro que, após plantar as sementes com cuidado, finalmente presenciava o florescer do seu jardim. A brisa suave acariciava meu rosto, o canto dos pássaros me envolvia em uma melodia suave, e o perfume das flores me embriagava com sua doçura. De repente, uma figura surgiu diante de mim, como se materializada a partir do ar. Era um homem alto e forte, com cabelos longos e barba grisalha. Seus olhos, profundos e sábios, transmitiam uma sensação de paz e serenidade. Ele vestia roupas simples, mas elegantes, e carregava consigo um cajado de madeira.
— Quem é você? — perguntei, surpreso com a aparição, tentando pegar minha espada, que não estava ali. Percebi, então, que não a portava.
O homem sorriu gentilmente.
— Eu sou Azrael — ele respondeu. — Um ancestral seu, um Nephilin que viveu durante a Batalha do Armagedom. — Ele olhou em volta. — Fui eu quem criou o Kamui, muito antes de você nascer.
— Azrael? — indaguei, a voz embargada pela surpresa. Aquele nome ecoava como um trovão ancestral, carregando consigo o peso de lendas e mitos. Mas, ao mesmo tempo, pairava sobre mim como uma névoa de mistério, um enigma indecifrável. Quem seria aquele homem que se apresentava como um ancestral meu, um Nephilin de tempos remotos?
— Sim, Azrael — ele confirmou, como quem acha engraçado a dúvida sobre algo que ele já respondeu. O sorriso gentil realçando as linhas de expressão em seu rosto. — Um Nephilin, assim como você, um guardião de segredos ancestrais. Vivi há um milênio, em uma época de trevas e conflitos, durante a Batalha do Armagedom.
Aquelas palavras me atingiram como um raio. A Batalha do Armagedom! A guerra apocalíptica que assolou o mundo, o conflito cataclísmico que dizimou bilhões de vidas e transformou a Terra em um campo de batalha sangrento. As histórias da minha infância, contadas por meus pais com reverência e temor, ganharam vida diante de mim. As mesmas histórias que encontrei registradas nos pergaminhos da biblioteca do Instituto Valyrion, onde os ecos da guerra ainda ressoavam através dos tempos.
— A Batalha do Armagedom… — Murmurei, a voz embargada pela emoção. — Eu ouvi tantas histórias sobre essa guerra… Mas nunca imaginei que um Nephilin daquela época estaria aqui, diante de mim.
— O tempo é um rio que corre em direções misteriosas, Noctis — Azrael respondeu, o olhar fixo em um ponto distante, como se estivesse revivendo memórias ancestrais. — E o Kamui é um lugar onde o tempo se curva e se dobra, permitindo que o passado e o presente se encontrem.
Ele fez uma pausa, respirando fundo como se estivesse aspirando a poeira dos séculos.
— Permita-me contar-lhe uma história, Noctis — ele convidou, a voz carregando o peso da história e a sabedoria dos milênios. — Uma história que se perdeu nas brumas do tempo, mas que reside no coração deste lugar.
Azrael se sentou em uma pedra, e eu me juntei a ele. Seus olhos se fixaram em um ponto distante, como se estivesse revivendo memórias antigas.
— A Batalha do Armagedom… — ele começou, sua voz carregando o peso dos séculos. — Um conflito que durou quase trezentos anos e que devastou o mundo como nunca antes. Anjos e Demônios, seres de poder inimaginável, lutaram por sua supremacia, e a Terra, em EtherHall, se tornou um campo de batalha sangrento. No início, eram apenas escaramuças isoladas, conflitos menores que testavam a força de cada lado. Mas, com o tempo, a guerra se intensificou, e as batalhas se tornaram cada vez mais brutais e devastadoras. Cidades inteiras foram destruídas, civilizações foram dizimadas, e o mundo se tornou um caos.
Ele fez uma pausa, respirando fundo como se estivesse revivendo a dor daquelas lembranças.
— No clímax da guerra — ele continuou —, quando a batalha atingiu seu ápice de violência, a Gema da Realidade brilhou com toda a sua força. Um raio de luz pura emanou dela, varrendo o campo de batalha e transformando a realidade ao seu redor. A Gema da Realidade, um artefato de poder imenso, forjado no coração de uma estrela cadente, era capaz de alterar a própria realidade, de dobrar o tempo e o espaço, de criar e destruir mundos. Durante a Batalha do Armagedom, ela se tornou a arma mais cobiçada pelos dois lados, a chave para a vitória final. Mas a Gema da Realidade era também uma força da natureza, um poder indomável que podia muito mais do que o esperado. Sob sua influência, montanhas se desintegraram, oceanos se evaporaram, e o próprio tempo se distorceu sob o poder da gema. Exércitos inteiros foram aniquilados em um piscar de olhos, cidades foram transformadas em pó, e o mundo tremeu diante da fúria da Gema da Realidade. Foi um espetáculo de poder e destruição, uma demonstração da força que reside naquele artefato. Mas a Gema da Realidade não era apenas uma arma de destruição. Ela também podia criar, curar e transformar. Em meio ao caos da batalha, a Gema da Realidade também foi usada para salvar vidas, para proteger os inocentes e para restaurar a esperança em um mundo à beira do colapso. Os relatos da época descrevem cenas de cura instantânea, de soldados feridos que voltavam a lutar, de cidades destruídas que eram reconstruídas em questão de dias. Era como se a gema pudesse moldar a realidade de acordo com a vontade de quem a empunhava.
Eu o observava, fascinado e aterrorizado com a descrição do poder da Gema da Realidade. Era difícil imaginar um poder tão grande, capaz de alterar a realidade de maneira tão drástica.
— E o que aconteceu com a gema depois disso? — perguntei.
— A gema desapareceu — Azrael respondeu. — Tomada dos Anjos pelos Demônios, e depois resgatada por um Nephilin. Levada para um lugar seguro, um refúgio oculto que eu mesmo criei: o Kamui.
Ele apontou para a vastidão do Kamui, agora repleto de vida.
— Este lugar não é apenas um espelho da Terra — ele explicou. — É um santuário, um escudo que protege a Gema da Realidade de cair em mãos erradas. Um lugar como este, que espelha o mundo real, mas que está separado dele, era a única forma de garantir a segurança da Gema. E você, Noctis, foi escolhido para ser o seu guardião.
Enfim, eu comecei a entender o propósito do Kamui, a razão de sua existência. Ele não era apenas minha dimensão pessoal, mas também o guardião de um artefato de poder inimaginável. Um artefato que, pelas palavras de Azrael, poderia ser a chave para a salvação ou a destruição do mundo, como eu havia deduzido antes, mas com uma importância deveras maior.
— Mas por que eu? — perguntei, ainda incrédulo. — Por que você me escolheu para ser o guardião da gema?
— Eu vi em você, Noctis, a pureza de coração e a força de vontade necessária para proteger a Gema da Realidade — Azrael respondeu. — Você é um Nephilin como eu, um herdeiro da linhagem de guerreiros que lutaram na Batalha do Armagedom. Mas você também é diferente, um Nephilin que busca a paz e a justiça, que se preocupa com o bem-estar do mundo e de seus habitantes. Eu sei que você busca construir um reino aqui, um refúgio para aqueles que precisam de proteção, um ideal que ecoa com o propósito do Kamui. E por isso eu peço que a proteja.
Senti um orgulho imenso ao ouvir as palavras de Azrael. Ser escolhido para uma missão tão importante era uma honra que eu jamais poderia imaginar.
— Eu não vou decepcioná-lo, Azrael — digo com convicção. — Eu protegerei a Gema da Realidade com minha vida, se for preciso.
— Eu sei que você o fará, Noctis — Azrael respondeu. — Mas você não está sozinho nesta jornada. Eu melhorei seu poder, dando-lhe mais força, mas ainda há muito a evoluir. O caminho será longo e difícil, mas eu acredito em você. E para que você não se sinta sozinho, observe ao seu redor.
Azrael fez um gesto com a mão, e a vida que pulsava no Kamui pareceu se intensificar. Os animais se aproximaram, as plantas floresceram com mais intensidade, e o rio começou a brilhar com uma luz suave.
— Este é o meu presente para você, Noctis — Azrael disse. — Use-o para construir o seu reino, para criar um refúgio para aqueles que buscam proteção. E lembre-se: a Gema da Realidade está segura em suas mãos. Mas, por favor, não se corrompa com o poder que agora possui. Lembre-se do motivo pelo qual você protege esse mundo e não se deixe desviar do caminho do bem. Minha essência se dissipará em breve, mas a mensagem que lhe deixo, espero que permaneça em seu coração.
— Espere! — exclamei, antes que Azrael pudesse desaparecer. — A Gema da Realidade… onde ela está? Você disse que ela está segura comigo, mas eu não a vejo.
Azrael sorriu gentilmente, olhando em meus olhos, agora de pé.
— Ainda não percebeu? — Ele gesticula com o cajado, apontando para o cenário em volta. — A Gema da Realidade é a fonte de poder que rege este mundo, Noctis. Ela está no centro da Terra deste Kamui, inalcançável para qualquer um. Mas sua energia irradia através de toda a dimensão, tomando a forma deste mundo que você conhece. É a Gema que permite que a vida floresça aqui, que concede poderes maiores para ti quando aqui está, que mantém o equilíbrio entre o bem e o mal. Ela é a essência do Kamui, e você, como guardião deste lugar, é também o guardião da Gema.
Com essas palavras, Azrael começou a se desfazer em partículas de luz, como uma estrela que se apaga no céu noturno. A energia que emanava dele se espalhou pelo Kamui, revitalizando a vida e fortalecendo a conexão entre a dimensão e seu guardião.
— Adeus, Noctis — sussurrou Azrael, sua voz ecoando como um suspiro distante. — Que a força e a sabedoria dos Anjos estejam com você.
E então, ele desapareceu completamente, deixando para trás apenas um rastro de luz e esperança.
Eu me vi sozinho no Kamui, agora um paraíso de vida e beleza. Sabia que minha jornada estava apenas começando, mas sentia-me confiante e preparado para enfrentar os desafios que me aguardavam. Sabia que Azrael não estava mais ali, sua essência havia se dissipado, mas sua mensagem ecoava em meu coração, um guia para a minha jornada. Admito ter oscilado perante Ghadius ao ver seu poder, mas, mesmo assim, após ver Azrael... me sentia revigorado, como se isso tivesse me dado um propósito para continuar.
De repente, um raio de sol invadiu meu quarto, despertando-me de meu sono profundo. Sentei-me na cama, confuso e desorientado, como se estivesse voltando de uma longa viagem.
Olhei ao redor, vendo o quarto familiar, os livros e pergaminhos que eu tanto amava. Tudo parecia igual, mas eu sabia que algo havia mudado. O encontro com Azrael, a Gema da Realidade, o poder do Kamui... tudo aquilo era real, eu podia sentir.
Com todos os ingredientes em mãos, sigo meu plano inicial, com Souma junto comigo, agora acelerando tudo. Deixo bem claro, inicialmente, que ele não precisava fazer mais nada, apenas olhar tudo que eu estivesse fazendo ali. Apenas olhar e escutar.
Começo rapidamente a amolar minhas facas até a medida perfeita. E então decido tratar o Sylvanus de antemão, agora com as facas perfeitas.
Com um movimento preciso, a faca afiada desliza pela pelagem macia do Sylvanus, separando a pele do corpo com cuidado. A pele, adornada com um brilho iridescente, será transformada em vestimentas e adornos, enquanto a carne suculenta e aromática promete um banquete memorável. Mas, antes, há muito trabalho a ser feito.
— A primeira etapa é a mais delicada — Falo para Souma, que observa cada movimento com atenção. — A pele do Sylvanus é valiosa, e precisamos removê-la sem danificar. Veja como faço a incisão... Começo aqui — encaixo minha faca na região abdominal inferior, bem próximo à virilha do Sylvanus, onde a pele é bem mais fina — com cuidado, para não danificar órgãos e nem a carne preciosa do animal. — e deslizo a faca rente à pele, em uma linha reta, tênue, precisa e perfeita, finalizando no esterno, em meio ao peito do animal — Termina aqui! Mantendo a pressão constante. É preciso sentir a resistência, ter cuidado para não cortar a carne. O objetivo aqui é ter acesso às vísceras, então, se você não fizer uma abertura longa o suficiente, não dará certo.
Com cuidado, suspendo o Sylvanus pelas patas traseiras, permitindo que o sangue escorra livremente em cima da bacia grande que coloquei ali embaixo dele.
— Esse passo crucial garante que a carne tenha um sabor mais suave e evita que se deteriore rapidamente. O sangue, rico em nutrientes, será utilizado para preparar um caldo fortificante.
Digo, já pegando uma pequena tigela e tirando uma quantidade do sangue que escorria aos montes na bacia abaixo do animal.
— Agora, precisamos drenar o sangue — explico, enquanto amarro as patas do Sylvanus. — É importante remover o máximo de sangue possível para garantir a qualidade da carne. Além disso, o sangue do Sylvanus é rico em nutrientes e pode ser usado para fazer um caldo delicioso e nutritivo, mesmo para outras comidas. Nada se perde aqui, nunca jogue nada fora.
Com a pele agora separada do corpo, começo a retirar as vísceras com cuidado e atenção. Cada órgão é examinado com respeito, reconhecendo a importância da vida que se foi. Separo com muito carinho todas as partes comestíveis, como o fígado e o coração.
— Chegou a hora da evisceração — digo, com um suspiro de concentração. — É preciso ter cuidado para não danificar os órgãos internos. Cada um deles tem um propósito, e devemos tratá-los com respeito. As partes comestíveis serão separadas — Mostro para ele, apontando o fígado e coração já separados — e preparadas com carinho, enquanto as demais ou serão utilizadas em outros alimentos ou serão descartadas de forma adequada, como dando para animais carnívoros comerem.
Com a carcaça limpa e preparada, chegou a hora de dividi-la em cortes nobres. Com precisão e força, separo as costelas, o lombo, o pernil e outras peças, cada uma com suas características culinárias. Agora as peças de carne, agora prontas para serem utilizadas, e eu, com muito cuidado, separo tudo, limpo tudo e começo a preparar todos os temperos e ingredientes.
— Esse é o momento em que vou falando tudo de forma bem rápida para você enquanto preparo. Veja bem... "Vamos preparar um prato digno de um banquete real: Escalopes de Sylvanus com Molho de Frutas Silvestres Luminescentes."
— "Os escalopes de Sylvanus são uma iguaria delicada e saborosa, com uma textura macia e um sabor suave. O molho de frutas silvestres luminescentes é um contraste perfeito, adicionando uma doçura refrescante e um brilho mágico ao prato. Para começarmos, prepare os escalopes de Sylvanus assim" — Mostro para ele — "temperando-os com sal de cristal etéreo e pimenta do reino moída da caverna ecoante. Deixe-os descansar enquanto prepara o molho. Em uma panela média, aqueça o azeite da árvore da eternidade em fogo médio. Adicione as folhas de louro da lua cheia e os brotos de samambaia da fonte mística e refogue por 1 minuto, para liberar seus aromas. Acrescente a cebola roxa luminescente picada e refogue até ficar transparente. Adicione o alho da montanha sussurrante picado e refogue por mais 1 minuto, até liberar o aroma. Adicione as frutas silvestres luminescentes à panela e cozinhe por alguns minutos, mexendo ocasionalmente, até que elas comecem a liberar seus sucos."
Mexo durante um tempo na panela, de forma uniforme e ocasional, enquanto acendo um cigarro, afinal fazia tempo que não fumava já.
—"Agora, despeje o vinho tinto do vinhedo das fadas na panela e use uma colher de pau para raspar o fundo, soltando os pedaços caramelizados. Acrescente o caldo de carne de unicórnio e o mel de flores da boa sorte à panela. Mexa bem para incorporar todos os ingredientes."
Olho para ele e confiro se está observando bem, enquanto aproveito o momento das mexidas para dar mais algumas tragadas no cigarro, descartando-o em seguida, quando está prestes a acabar.
— "Cozinhe o molho em fogo baixo por cerca de 10-15 minutos, ou até que ele reduza e engrosse ligeiramente. Adicione o alecrim da colina dos druidas picado nos últimos minutos para infundir o sabor. Enquanto o molho cozinha, aqueça uma frigideira grande em fogo médio-alto. Adicione os escalopes de Sylvanus e cozinhe por cerca de 3-4 minutos de cada lado, ou até que estejam dourados e cozidos no ponto desejado. Adicione a sálvia da gruta dos espíritos, o manjericão roxo do jardim suspenso e o orégano da floresta encantada picados à frigideira nos últimos minutos, para que as ervas liberem seus aromas."
Termino tudo, e agora vinha a parte onde se mostra que é um verdadeiro chef. Pego todos os talheres necessários e o prato, além do molho e alimentos. No balcão, acerto tudo em posições estratégicas.
— Sirva os escalopes de Sylvanus com o molho de frutas silvestres luminescentes por cima... Acompanhe com purê de batata doce, arroz selvagem ou legumes assados... E... Prontinho!
Dou um sorriso, entregando o prato a ele junto com os talheres necessários.
— Este prato é uma verdadeira obra de arte da culinária, com sabores únicos e uma apresentação mágica. Somente eu, em todo o mundo, teria capacidade de fazê-lo desta forma tão magistral. — Digo, sorrindo, já acendendo outro cigarro. — Experimente, querido aliado, Souma.
O sol já estava se pondo quando Aedric encontrou um pequeno pátio de pedras nos arredores do Instituto. Era um lugar tranquilo, cercado por árvores altas e um silêncio que lhe permitia se concentrar. Sem hesitar, ele retirou sua capa, deixando-a sobre uma rocha, e desembainhou Éstharyn.
Ele girou a lâmina em sua mão algumas vezes, sentindo o peso e o equilíbrio. Não usaria seus poderes. Não desta vez. Precisava relembrar o fundamento daquilo que o tornava o Santo da Espada — não sua magia, mas sua técnica.
Aedric entrou em posição. Um instante depois, seu corpo se moveu.
O primeiro golpe foi limpo, uma estocada precisa no ar. Ele avançou, deslizando o pé pelo chão e girando a lâmina em um arco largo, como se estivesse cortando um inimigo invisível. Seu corpo fluía naturalmente, cada passo calculado, cada golpe uma extensão do próprio movimento.
Ele encaixou um segundo corte e, logo em seguida, abaixou o corpo para um chute giratório, que levantou uma leve poeira ao seu redor. Em um instante, estava de pé novamente, a espada cortando horizontalmente como um vendaval de aço.
"Respire. Controle. Eficiência."
Aedric fechou os olhos por um instante, sentindo a memória do passado guiá-lo. Ele se lembrou de batalhas onde sua lâmina era a única defesa entre ele e o caos. De oponentes que não davam margem para erros. De tempos onde seu título significava algo.
Suas mãos se moveram antes que pudesse pensar, os músculos reagindo com a precisão de alguém que passou uma vida inteira treinando. Desviou de um golpe imaginário, inclinando o corpo para trás e golpeando para cima em resposta. Em seguida, avançou com um passo curto, parando abruptamente antes de desferir um golpe descendente.
A combinação entre espada e corpo era fluida — chutes para abrir brechas, cotoveladas para desequilibrar um inimigo, giros calculados para redirecionar golpes. Mesmo sem sua magia, seu corpo lembrava.
Ele parou abruptamente, a ponta de Éstharyn repousando contra o solo. Seu coração batia acelerado, mas não pelo cansaço — e sim pela clareza.
— Ainda sou eu — murmurou para si mesmo.
No dia seguinte...
O vento frio da manhã soprava suavemente sobre o pátio de treinamento, carregando consigo o cheiro da terra úmida. Aedric fechou os olhos, sentindo o fluxo dos elementos ao seu redor. A eletricidade pulsava sob sua pele como um trovão contido, enquanto o fogo dançava em seu interior, esperando ser libertado.
Ele segurou Éstharyn com ambas as mãos, flexionando os joelhos. Inspirou profundamente e, em um único instante, avançou.
Seu primeiro movimento foi uma estocada veloz, mas, ao invés de apenas perfurar o ar, uma corrente elétrica percorreu a lâmina, crepitando com intensidade. Cada golpe seguinte deixava rastros de eletricidade no ar, marcando padrões erráticos, como se fossem raios cortando o céu.
Mas isso era apenas metade do treino.
Aedric girou o corpo, abaixando-se e deslizando pelo chão em um movimento fluido. Seu punho esquerdo se ergueu e, com um estalo abafado, o fogo irrompeu de sua palma. Combinando os elementos, ele criou uma sequência feroz: golpes rápidos banhados em eletricidade e chutes envoltos em chamas.
O treinamento evoluiu para um ritmo intenso — ele desferia cortes relâmpagos, sua lâmina movendo-se como um trovão caindo do céu, enquanto seu corpo girava e atacava com a brutalidade incandescente do fogo. A eletricidade aumentava sua velocidade, o fogo ampliava o impacto de seus golpes.
Aedric estreitou os olhos, sentindo que ainda havia algo faltando. Ele precisava testar sua sincronia com os elementos, elevar sua conexão a um novo nível.
Segurando Éstharyn com firmeza, ele se concentrou, tentando mesclar fogo e eletricidade em um único golpe. Se conseguisse, poderia criar um poder que combinasse a velocidade avassaladora da eletricidade com a destruição implacável das chamas.
— Vamos ver até onde posso ir…
Ele ergueu a lâmina acima da cabeça, e faíscas douradas começaram a se acumular ao longo do fio da espada. Em seguida, chamas alaranjadas envolveram a eletricidade, dançando em espirais instáveis. A espada zumbia, pulsando entre o calor abrasador e a voltagem destrutiva. O ar ao seu redor começou a vibrar, como se estivesse à beira de um colapso.
— Chama do Trovão…!
Ele desceu a lâmina com força, mirando uma rocha próxima como alvo. No instante do golpe, a eletricidade rugiu e o fogo explodiu — mas, em vez de se fundirem, os elementos se repeliram violentamente.
Uma explosão inesperada se seguiu. O impacto lançou Aedric para trás, jogando-o contra o chão. Ele rolou algumas vezes antes de cravar Éstharyn no solo para se estabilizar. Quando se ergueu, viu a cena diante de si: a rocha permanecia intacta, mas, ao seu redor, pequenas crateras foram abertas, sinais de que o poder descontrolado se dispersou de forma errática.
Aedric passou a mão no rosto, sentindo a ardência da falha.
— Ainda não consigo…
Ele olhou para sua mão, sentindo a energia se dissipar. O fogo e a eletricidade ainda estavam em conflito dentro dele. Ele precisava encontrar um ponto de equilíbrio, compreender como moldar os dois elementos sem que se chocassem.
— Não é apenas sobre força… é sobre controle.
Com um suspiro, ele se levantou e ajeitou as roupas. Seu treino ainda estava longe do fim. Mas cada erro era um passo em direção ao domínio absoluto de sua espada e dos elementos.
Samira estava sentada em sua cama, em busca da descrição da fruta "goiaba". Então, encontrou o livro nomeado: Frutas do Instituto Valyrion.
Ela se ajustou entre seus travesseiros e começou a ler, em sua mente. Respirando fundo, virou a página e começou a explorar os segredos escondidos no Jardim do Instituto, iniciando pelo prólogo.
"As frutas do Instituto Valyrion não são meras dádivas da natureza — elas carregam histórias, mistérios e, em alguns casos, fragmentos de magia. Seus sabores únicos encantaram estudantes e mestres, enquanto suas propriedades especiais influenciaram desde grandes descobertas até lendas sussurradas nos corredores do Instituto. Muitos acreditam que cada fruta dos pomares encantados tem um propósito, como se o próprio solo de Valyrion moldasse seus frutos para atender às necessidades daqueles que as provam. Algumas despertam a mente, outras fortalecem o corpo, e há até mesmo aquelas que parecem tocar o espírito, conectando quem as consome a lembranças esquecidas ou a visões do futuro."
A Lenda da Maçã Aurora
"A renovação e o início de novas jornadas"
"A Maçã Aurora cresce em uma árvore solitária no Jardim do Amanhecer. Sua casca é avermelhada e brilha em tom suave dourado ao nascer do sol, e seu sabor doce com um toque cítrico revigora quem a consome. Dizem que essa fruta é um presente do próprio amanhecer, concedendo clareza mental e energia para aqueles que precisam de um novo começo."
Samira tocou levemente a página, lembrando-se do momento em que provou a fruta pela primeira vez. O gosto doce e refrescante ainda era vivo em sua memória, e ela se perguntava se, de fato, aquilo havia lhe dado energia nos primeiros dias no Instituto.
— Foi a única que experimentei até agora... Mas, pelo visto, há muito mais para descobrir. — Sussurrou para si mesma.
O Mistério do Mirtilo Celeste
"A Fruta das estrelas e dos sonhos"
"Pequenos e de tom azul brilhante, os Mirtilos Celestes crescem apenas nas noites de lua cheia e são conhecidos por ajudar os estudantes a manterem a mente focada. Alguns afirmam que aqueles que os consomem antes de dormir têm sonhos realistas e premonitórios. Uma história fala de um ser que descobriu uma constelação oculta após comer um punhado desses mirtilos antes de uma noite de estudo. Desde então, os alunos de astrologia e profecia frequentemente os buscam antes de noites de estudo intenso."
Uma fruta que pode influenciar os sonhos? Gostaria de ver se isso é verdade... Samira arqueou a sobrancelha. (Pensamento em itálico).
O Encanto do Morango Dourado
"A doçura dos solstícios e da amizade"
"O Morango Dourado é um dos símbolos dos Solstícios do Instituto Valyrion. Seu aroma doce e sabor vibrante fazem dele a estrela das sobremesas e poções comemorativas. Durante o Solstício de Inverno, os alunos se reúnem para colher esses morangos e preparar bebidas que representam laços de amizade. A lenda diz que um antigo professor de Alquimia desenvolveu uma opção especial com essa fruta para fortalecer vínculos entre aliados."
Samira sorriu de leve. Então, se eu quisesse criar laços aqui, talvez um chá de Morango Dourado ajudasse? (Pensamento em itálico).
A Magia da Goiaba Rubi
"A fruta da paixão e da inspiração"
"Uma fruta redonda, de casca esverdeada e polpa vermelha brilhante, extremamente aromática. Seu sabor é uma fusão entre doce e levemente ácido. É muito apreciada por bardos e artistas antes de grandes apresentações. Diz a lenda que um renomado poeta perdeu sua criatividade e vagou pelos jardins do Instituto em busca de algo que reacendesse sua paixão pelas palavras. Quando encontrou uma Goiaba Rubi caída sob uma árvore e a provou, sua mente se iluminou com versos nunca antes escritos."
Samira apoiou o queixo sobre a mão, intrigada. Será que essa fruta também funciona para magia? Ou talvez para inspiração em combate? (Pensamento em itálico).
O Segredo da Uva Brilhante
"A luz das estrelas capturada em uma fruta"
"As Uvas Brilhantes crescem em cachos esverdeados e translúcidos e, à noite, emitem um brilho suave, como se absorvessem a luz das estrelas. Durante os equinócios, quando a magia no ar está mais forte, essas uvas brilham ainda mais intensamente, sendo usadas em rituais de harmonia e equilíbrio. Os mestres do Instituto contam que, em tempos antigos, essas uvas eram deixadas em altares sob a lua cheia, e aqueles que as consumiam conseguiam se conectar melhor com suas emoções e intuições."
Samira imaginou um pomar repleto de vinhas brilhantes sob o céu noturno.
Seria um bom lugar para meditar... Talvez eu devesse procurar essas uvas na próxima lua cheia. (Pensamento em itálico).
A Lenda do Cítrico Solar
"O Toque do sol em forma de fruto"
"Com casca dourada e vibrante, o Cítrico Solar é conhecido por seu suco refrescante e revitalizante. Durante torneios e provas práticas, muitos estudantes o consomem para recuperar energia e foco. A lenda fala de um duelista lendário que jamais entrava em batalha sem beber um chá preparado com o suco desse fruto, alegando que sua essência o tornava mais ágil e preciso."
Samira riu sozinha. Isso explicaria por que alguns estudantes pareciam tão elétricos na Arena, quando passei por lá. (Pensamento em itálico).
Acerola Vitalícia
"O fogo da vitalidade e resistência"
"Pequena, de tom vermelho intenso, levemente ácido, a Acerola Vitalícia é uma fruta conhecida por sua explosão de energia. Seu suco é utilizado em elixires revigorantes, muito procurados por estudantes e guerreiros que precisam recuperar suas forças rapidamente. Diz-se que a fruta nasceu das cinzas de uma Fênix que sobrevoava os campos de Valyrion, abençoando a terra com sua essência de renascimento. Como resultado, a fruta se tornou símbolo de resistência e inovação."
Samira imaginou o gosto explosivo da Acerola Vitalícia, e se perguntou se realmente sentiria a energia correr por seu corpo ao prová-la.
Samira então fechou o livro, reflexiva, absorvendo todas as informações. As frutas do Instituto Valyrion não eram apenas alimento; eram parte da cultura, da magia e das tradições daquele lugar.
Samira olhou para a janela, onde o sol iluminava suavemente seu dormitório.
— Até agora só provei a Maçã Aurora... Mas preciso experimentar as outras. Cada uma delas parece guardar um segredo próprio. Começando pela Goiaba Rubi, que Sora me disse. — Exclamou, com um sorriso enorme em seu rosto.
Samira então se arrumou e partiu em direção ao Jardim do Instituto.
A missão que o senhor Noctis havia me passado não era simples... Eu havia passado a noite minerando, além de ter procurado diversos materiais desde que chegamos nas terras gélidas.
Por fim, nas terras gélidas, modelo 5 anões guardiões. Em seguida, eles começam a minerar junto comigo, por um período. Eu precisava acabar rápido, porém não havia conseguido ainda localizar o cristal que vim procurar. Até que, muitas horas depois, já muito cansado do serviço braçal, consigo enxergar uma luz. Nas profundezas da Grande Montanha Geada, realmente existia um material que não era produzido em lugar nenhum: o Gelo Negro de Mana. Uma lágrima escorre de meu olho, ao mesmo tempo que começo a dar passos vacilantes pela entrada da gruta que havia aberto há pouco tempo, sem saber o que iria encontrar, sem sequer acreditar na existência desse minério maravilhoso. Enquanto caminho, lembro-me aos poucos das palavras do Velho Ornn, contando lendas de nossa tribo para nós, crianças da época.
Em uma era de conflito cataclísmico, conhecida como a Guerra do Armagedom, os exércitos da luz e das trevas se enfrentaram em uma luta titânica pelo destino de Valyrion. Em meio a essa turbulência, um demônio imponente surgiu das sombras, empunhando uma arma de destruição sem precedentes: o Gelo Negro de Mana.
Esse demônio, mestre da malícia e da subterfúgio, exercia um gelo de poder tão absoluto que podia congelar a própria essência da magia. O Gelo Negro que ele comandava sugava toda a energia mágica do ar, concentrando-a e transformando-a em um estado sólido, como água se transformando em gelo sob o toque do frio.
Nas profundezas da imponente Montanha Geada de Cronacytus, esse gelo escuro permaneceu adormecido por meio milênio, absorvendo incessantemente a energia mágica do ambiente. Com o passar dos séculos, toda essa mana concentrada culminou na metamorfose da própria matéria, dando origem a um cristal de poder inimaginável conhecido como Cristal de Mana Congelada, ou Gelo Negro de Mana...
Eu me aproximo do cristal, não muito maior do que eu. Dou uma risada entre as lágrimas quando penso isto. Acaricio o gelo com minhas luvas, entendendo a matéria, antes de qualquer coisa. Eu nunca havia visto algo tão lindo. Ali, me ajoelho, prestando uma reverência ao cristal. Minha marreta anã, Thorfin, abaixada no chão, prestando a reverência igualmente, sabendo que teríamos, enfim, que utilizar aquele material, e que teria que ser muito bem manuseado.
— Por Caellum, prometo lhe utilizar para um propósito nobre, querido cristal. — Declaro em alto som, antes de me levantar, empunhando minha marreta. Um golpe forte e preciso era o que eu precisava. A marreta é posicionada para o alto em linha diagonal; o golpe seria de cima para baixo, arrancando todo o topo do cristal. Com um único movimento, o pedaço de cerca de 1 metro cai no chão, com quase a mesma grossura e largura. Estava feito.
[ . . . ]
Depois de muito tempo, já no Instituto, eu nem sabia mais que horas eram. Apenas sabia que o trabalho não poderia ser interrompido. Dois goblins me ajudavam, fornecendo a agilidade que eu precisava. Quando cheguei, não sabia o que eu poderia fazer para concluir o item tão ambicionado. Precisava de algo que pudesse ser produzido em quantidade. No mínimo, cinco peças, além da principal. Então, sem muito tempo para modelar uma joia, precisava de algo maior. Minhas mãos se moviam sozinhas, enquanto pensava, utilizando minha magia racial de confecção. Algo que pudesse ser útil, algo que não fosse tão pequeno nem tão grande... Perfeitamente balanceado para uma manipulação manual. Talvez uma lâmina. Um lingote de platina surge em minha bancada, posto por um anão. Imediatamente eu tenho uma ideia. Arremesso longe o lingote de platina.
— Mithril, me tragam Mithril agora!
Eu jogava contra o tempo ali, aumentando a temperatura da forja enquanto jogava mais lenha nobre. Cada segundo ali era precioso, e minhas mãos não paravam em momento nenhum. Meus olhos, olhando em volta, buscando materiais e possibilidades, até que eu tivesse em minha frente 8 punhais. Um destes sendo grande, para uma espada, cercado de 7 menores, para adagas. Retiro o Mithril da fornalha e começo a modelar. Minha marreta, viva como nunca, moldando cada centímetro daquelas lâminas. Minhas pinças de forja dobravam o Mithril com precisão e velocidade. Os goblins eram rápidos, grandes ajudantes, substituindo toda ferramenta quebrada instantaneamente, além de aquecendo e reaquecendo todos os materiais que seriam necessários para mim ali. Eles não tocaram em nenhum momento nos trabalhos principais e, mesmo assim, os 8 goblins faziam com que eu mal precisasse sair do lugar naquele instante.
Com muito trabalho, cada uma das adagas toma forma e, no centro de suas lâminas, um núcleo, seguro pelo Mithril prateado, torneado pela platina lapidada, e o punho ornado a ouro azul, fixado por madeira de Eugeo, a árvore negra. A espada, da mesma forma, porém em uma versão de espada longa com pegada para duas mãos, protegida por uma guarda de mão unilateral confeccionada inteiramente por mithril. Todos os trabalhos continham runas que, para mim, eram sagradas, mas o toque final ainda não havia sido feito... E nem poderia... Eu precisava dele aqui.
Imediatamente, saio de trás da forja, correndo até a porta... Mas meu corpo pesava tanto... A porta parecia tão distante. Reparo nas imagens se distorcendo e minha visão descendo ao chão antes de escurecer, sem ouvir nada além de um zumbido fraco... Ah, sim... Isso era exaustão... Quanto poder será que usei...? Entendo... Valeu a pena... Penso, olhando o limbo escuro de minha consciência ser apagado por hora.
O vento frio soprava pelas ruas de pedra, carregando o cheiro de madeira queimada e especiarias das barracas do mercado noturno. Vaelthor caminhava pelo vilarejo, sentindo olhares pesados sobre si. Os anões e elfos pareciam especialmente desconfiados — alguns apenas desviavam o olhar, enquanto outros cochichavam:
"O cheiro dele é estranho."
"Não confie nesse sangue demoníaco..."
Os draconatos e dragões humanoides eram menos hostis, mas também não pareciam ansiosos para iniciar uma conversa.
Vaelthor podia ignorar isso. Já estava acostumado com desconfiança. Mas havia algo diferente no ar. O cheiro da noite estava… errado. Não era só o fogo e a madeira queimando. Algo estava espreitando este lugar.
A madeira da porta rangeu quando Vaelthor entrou na taverna. O ambiente era aquecido pelo fogo na lareira, e o cheiro de cerveja, carne assada e tabaco pairava no ar. O barulho das conversas se reduziu por um instante, olhares furtivos avaliando sua presença antes que os clientes retornassem ao que faziam. Ele já estava acostumado com isso.
Caminhou até o balcão, onde um anão robusto secava uma caneca com ar de tédio:
— Bebida ou comida? — perguntou o taverneiro, direto ao ponto.
Vaelthor respondeu secamente e pagou adiantado, sentando-se num canto para observar. A tensão na taverna era estranha. Anões e draconatos bebiam em silêncio, e até os elfos pareciam mais reservados do que o normal. Havia algo no ar além do cheiro de álcool.
Enquanto comia, notou um draconato velho, de escamas azul-escuras, observando-o do outro lado da sala. Quando seus olhares se cruzaram, o ancião resmungou e fez um gesto discreto para que se aproximasse. Vaelthor foi até a mesa:
— As sombras têm olhos aqui, viajante — murmurou o velho, bebendo um gole de hidromel. — Gente sumindo. Guardas desaparecendo.
Vaelthor permaneceu em silêncio, esperando por mais.
— A primeira vítima sumiu há três noites. Um guarda. Depois, uma moça jovem. E ontem… outro guarda. Sem som, sem rastros.
O velho não disse mais nada, apenas voltou a beber.
Mais tarde, quando deixou a taverna para procurar um lugar onde pudesse passar a noite, caminhou pelo vilarejo quase vazio. O frio da noite soprava contra seu rosto, e os lampiões lançavam sombras compridas nas ruas de pedra.
Ao passar pela praça, ouviu um murmúrio. Seu olhar pousou em uma elfa de cabelos prateados ajoelhada diante de um pequeno santuário. Usava vestes azuladas e segurava um incenso aceso entre os dedos. Seu corpo tremia levemente, e suas palavras eram uma prece. Vaelthor sentiu o cheiro do medo nela.
Quando se aproximou, a elfa ergueu os olhos e o encarou com desconfiança:
— Você sente, não sente? — sussurrou. — Algo nos observa... algo que não deveria estar aqui.
Vaelthor franziu a testa.
— Explique.
A sacerdotisa hesitou antes de responder:
— Senti um espírito maligno rondando a vila. Um vestígio sombrio… como se algo estivesse espreitando na borda da realidade. Eu rezo, mas a presença só fica mais forte.
Antes que ele pudesse responder, uma brisa gelada atravessou a praça. O incenso da elfa se apagou de repente. E então, no silêncio da noite… Um som abafado veio das sombras. Vaelthor ficou imóvel. Seu corpo reconhecia essa sensação. Ele já tinha caçado antes. Alguém — ou algo — estava ali.
Drizzt havia treinado bastante, porém ele queria melhorar a conexão com suas invocações. Então, ele parte em busca de algo para explorar. Após um tempo, ele encontra um local, situado em uma das montanhas perto do instituto. Tratava-se de um salão vasto, envolto pela luz espectral de cristais azuis que tremulavam no teto. Drizzt andava pelo salão, com cuidado. O silêncio era interrompido por um rosnado grave.
— Gwenhwyvar! — invocando sua fiel pantera.
A escuridão se contorceu e ganhou forma. A pantera de Ônix surgiu, seus olhos amarelados brilhando como brasas. Assim que seus pés tocaram o chão, Drizzt sentiu seu corpo responder. Seus músculos estavam mais leves, ele se sentia mais elétrico, mais rápido, conseguindo entender o seu redor com mais clareza. A influência de Gwenhwyvar fazia efeito nele.
No salão, à frente dele, haviam alguns construtos de pedra. Não se sabe o motivo de estarem ali, mas eles não estavam para brincadeira. Três deles avançaram ao mesmo tempo. Drizzt desapareceu num piscar de olhos; sua velocidade ampliada lhe ajudava a enfrentar os perigos do salão. Ele surge atrás de um deles e golpeou com sua cimitarra. Os outros reagem, porém Gwenhwyvar salta e acerta com suas garras o corpo de um dos inimigos, deixando cortes brilhantes. A marca estava feita, Drizzt conseguia sentir a presença da criatura.
Drizzt continuou seu movimento, desviando-se de um golpe pesado e revidando com um chute rápido. No entanto, os inimigos adaptavam-se, ficando mais agressivos. Dois avançaram simultaneamente, obrigando Drizzt a recuar.
Ele ergue a mão. Ao mesmo tempo que sua pantera sumia nas sombras, ele sentia o poder saindo do corpo dele.
— Aereon!
O ar no salão se distorceu. Um uivo cortante ecoou enquanto Aereon surgia, suas asas enormes se expandindo como lâminas vivas. Os ventos ao redor de Drizzt se intensificaram, criando uma barreira de vento. Quando os construtos atacaram, suas lâminas foram desviadas pelo fluxo de ar afiado.
Aproveitando a defesa, Drizzt investiu. Com um salto giratório, ele deslizou pelo vento, usando as correntes para aumentar sua mobilidade. Sua espada brilhou em raios, atravessando um dos construtos com facilidade. Outro ataque veio de trás, mas a barreira reduziu o impacto e permitiu que Drizzt desviasse no último instante.
O tempo passava, e ele sentia Aereon se enfraquecer. Havia um último inimigo. Aereon voa para atacar o inimigo com suas asas, porém ele se esquiva para o lado de Drizzt. O elfo, no mesmo instante, bate suas espadas uma na outra, criando uma descarga de energia, atordoando o inimigo e permitindo que Drizzt avance e destrua o oponente com facilidade.
No mesmo instante, Aereon se dissolveu no ar, levando junto a barreira dos ventos.
Drizzt cai em pé, suavemente, ofegante, observando o salão que agora, sim, estava silencioso por completo. Ele sorriu. O treinamento de hoje foi um sucesso.
Ele retorna ao instituto e caminha pelo local com destino aos seus aposentos.
Conforme meu companheiro dragão dizia que estava ansioso para observar o meu treinamento e minhas técnicas, eu apenas concordei e... quanto mais ele falava, mais suas palavras se abafavam em minha mente. Eu preciso, neste exato momento, demonstrar o meu treinamento, demonstrar o meu verdadeiro poder e... me levar até o limite.
Logo naquela manhã, pouco ensolarada e com uma brisa agradável... eu inicio um treino de espadas que antes era algo que eu apenas guardava para mim... mas agora, que estou revelando para um companheiro presente na Arena de Treinamento, utilizo minhas chamas azuis espirituais para aumentar minhas capacidades físicas em 65% por um tempo (3 turnos). Tal magia fazia os movimentos se tornarem mais rápidos ao acertar bonecos de treinamento; minha agilidade, reflexos e vitalidade pareciam bem mais apurados e poderosos ao usar uma simples magia chamada de... Amplificação.
Além disto, eu também possuo outras técnicas regentes das Chamas Azuis Espirituais, como, por exemplo, o uso ofensivo, onde posso cobrir partes do meu corpo com chamas azuis e tornar meus golpes mais fortes, e até mesmo as minhas técnicas de cura e proteção, onde eu poderia curar a mim e aos meus aliados, como também os proteger com magia. São técnicas cruciais para o campo de batalha e que eu jamais me esqueceria de minhas origens... e de como meus companheiros precisarão de mim para salvá-los.
Eu permaneço naquele treinamento por bastante tempo, mas eu não parecia querer parar. Mesmo me sentindo cansado ou com sede, eu sorria, com a pura sede de querer melhorar, de desejar evoluir a cada movimento que eu fazia com o meu corpo. E então, no momento em que eu sentia que meu corpo estava se acostumando com os movimentos... eu decido utilizar mais uma de minhas habilidades:
— Kodama, me enfraqueça!
As palavras ecoam no ambiente como se eu estivesse em uma sala grande e vazia. E então surgia, em forma de luz, um espírito em estado visível chamado Kodama, seres espirituais da floresta que se aliaram a mim há algum tempo... E, como eu havia pedido, o espírito Kodama me enfraquece fisicamente e magicamente em 25%, não com a intenção de piorar o meu desempenho e evoluir menos, e sim, como o meu corpo e minha mana se adaptariam em situações mais extremas e complexas. E assim se fez... Apesar de minhas técnicas físicas e mágicas se tornarem um pouco mais lentas ou menos poderosas em um período de tempo curto, era notório o meu esforço extremo para eu me equiparar como se eu não estivesse em desvantagem, utilizando sempre o máximo que tenho para crescer ainda mais.
Além disto, os meus Kodamas também conseguem curar aliados em valores grandes de cura, como também me ajudarem em muitas tarefas, como, por exemplo, suas habilidades de rastreio espirituais... Eu possuo um grande respeito pelos Kodamas, assim como eles gostam muito de mim... e, por isso, temos um pacto onde eu jamais poderia tirar a vida de inocentes, e eu poderia caçar apenas pela minha sobrevivência, como uma forma de demonstrar minha pureza.
Um tempo se passou... Eu havia tirado um pequeno intervalo para recuperar minhas energias e minhas técnicas, com o objetivo de cuidar mais de mim mesmo, como também evitar futuras complicações físicas e mágicas. Isso porque... eu sinto que algo quer se conectar a mim e, para isso... eu preciso estar em meu ápice.
Voltando ao meu treinamento... eu decido utilizar o meu Domínio, o Domínio Divino. Minhas chamas azuis se tornam mais poderosas... meus pelos se tornam mais esbranquiçados e com mechas azuis... todo o arredor da Arena de Treinamento se torna o meu Domínio Divino. As pessoas presentes, que também treinavam, recebiam aumentos em seus atributos muito relevantes, estranhamente nas técnicas e capacidades que os mesmos mais costumam treinar, como se fossem... especialmente direcionados a eles. Este é o Domínio Divino: abençoar os meus aliados e amaldiçoar meus adversários, podendo virar a batalha completamente para nosso lado em um piscar de olhos. Isto fazia não apenas a mim melhorar minhas técnicas e treinamento, como também a todos os outros alunos e companheiros que estão naquele ambiente. Era uma habilidade que eu não poderia estender por um longo período de tempo, ou então isto poderia me prejudicar.
Além disto, eu também possuo o Domínio Infernal, que me transforma... em um ser no qual eu não gostaria de citar. Eu amplifico minhas habilidades físicas em 100%, mas, em contrapartida, fico descontrolado, tentando voltar à minha sanidade incansavelmente... até desmaiar.
No entanto, durante uma sessão comum de treinamento de minhas habilidades, que poderiam apenas aprimorar minhas capacidades físicas, mágicas e minha experiência, como sempre faço todos os dias, eu olho para o céu... e, mesmo de dia, eu vejo com os meus próprios olhos, a olho nu... tantas estrelas, planetas e cometas transitando por nossa via. Logo... eu entendo o verdadeiro significado de meu clã, o motivo do Clã Divino Lunar ter sido chamado de "Os Observadores de Estrelas".
— É... tão lindo...
Eu me ajoelho no chão da Arena de Treinamento e estico minha mão para cima, tentando agarrar o universo infinito que eu enxergava. Minha mãe sempre falava das estrelas comigo; eu nunca entendia suas palavras, que soavam como enigmáticas, mas agora... eu realmente entendo, eu compreendo perfeitamente... Lágrimas surgem dos meus olhos, enquanto eu sentia algo novo surgir dentro de mim.
Eu me conecto a uma das habilidades que, na qual, os Nove Céus e os Nove Infernos estiveram almejando ao deixá-lo vivo desde os tempos mais antigos... um poder que não pertence ao divino e, ao mesmo tempo, não existe nada demoníaco... é apenas... poder, algo anômalo e fora das leis naturais do que é bom ou ruim, apenas um "neutro". As "Estrelas" que o Clã Divino Lunar esteve observando e almejando por tanto tempo... eu cheguei até elas. E, para minha surpresa, ao invés de surgir em seu corpo como chamas... uma esfera estelar, um pedaço do cosmos na palma de minha mão, como um pequenino espaço rodeado por lindas estrelas em movimento. Eu sinto uma pressão vindo desta esfera... a mesma sensação que sinto ao ver o Kamui evoluindo. É estranho... talvez estivéssemos sido criados por um propósito maior. E, de repente, antes que eu pudesse abrir a minha boca, escuto uma voz feminina... como se alguém estivesse atrás de minhas costas e, ao sentir seus ombros sendo tocados com um abraço, eu escuto em minha própria mente:
"Agora... as Estrelas te observam, querido Souma... lute por nós, por si mesmo e pelos outros que ama... desculpe por termos demorado tanto. A Constelação do Mundo está aqui, apenas para você, Imperador Divino Lunar."
— .... o que....?
Eu observo o meu palmo, brilhando... e observo o universo, o meu universo. Um poder com uma capacidade desconhecida, infinita e incompreendida, mas, agora, "em nome do mundo e da vida... eu estarei aqui". Essas são as palavras que gritam em meu coração, em meu ser... enquanto eu viver.
Suspirando forte, junto com a fumaça do fogo de seu pulmão, o draconato percebia o treinamento passivo de seu companheiro e sentia seu poder se expandindo por toda a arena.
— Muito bem, chefinho. Eu vi tudo o que o senhor fez, porém agora é minha vez.
Sem enrolação, o draconato abre suas asas. Cada asa tendo 1,35 metros de comprimento e 1,50 metros de altura, da ponta mais alta até a ponta mais baixa. Ele inclina seu corpo para frente e flexiona o joelho da perna direita para frente, enquanto a esquerda se mantém para trás, colocando-se em posição de avanço. Seu corpo é jogado para cima quando suas duas asas se movem para trás. Quando ele está prestes a sair do chão, suas asas batem para baixo, causando um som um pouco alto no ambiente, criando um impulso em seu redor, dando-lhe uma altitude de 10 metros. E, a cada batida, ele ia mais alto. Suas asas batiam a cada dois segundos, com uma força média, fazendo apenas o barulho da força para erguê-lo aos céus para dar mais uma batida.
O draconato começa a dar voltas em sentido horário, contornando os cantos da arena, virando seu corpo para a direita para não encostar suas asas nos cantos, se precisar fazer alguma manobra. Ganhando uma velocidade de 50 km/h, o draconato sente o ar batendo em seu rosto e, com a espada empunhada na mão, mira em um dos bonecos de teste. Repentinamente, ele faz um sorriso diabólico e desaparece do nada. Depois de dois segundos, aparece caindo, direto ao boneco de teste.
Minha primeira vez ativando a furtividade assassina. Dura muito pouco, porém é muito forte, causando um susto em meus adversários. Isso é bom para mostrar para meu aliado o que posso fazer... e como treinar meus ataques surpresas. (Pensamento em itálico)
Ao cair, inclinando-se 110° em sentido horário para o chão, a dois metros de distância do corpo, joga seu ombro esquerdo para o chão e rola com as costas, parando em terra e fazendo um ataque frontal com a espada que está empunhada em sua mão direita, diretamente no coração de seu adversário. E, ao mesmo tempo, retira-a em toda sua agilidade, buscando seu corpo à direita para trás, a 10 cm, para ganhar movimento de defesa e desvio de contra-ataque, e pegando como apoio com a esquerda, girando a espada da horizontal para a vertical (do centro, puxando a espada para cima a ponto 0° e indo a 90°, usando as duas mãos e voltando à horizontal), junto com as duas mãos, causando um corte da direita para a esquerda. Voltando para a horizontal, preparando um golpe cortante da direita para a esquerda, girando o corpo a 360° (dando 180°, movendo o corpo à direita ao centro, jogando a perna direita para o lugar da esquerda e fazendo ela voltar para o lugar determinado do corpo, causando 360° completos). E, após o giro, fazendo um segundo corte e parando 5 cm à esquerda de seu corpo, e empunhando a mão sobre a ponta da base da espada, lança um último ataque frontal na cintura do adversário, avançando a perna esquerda 30 cm para frente.
Bate as asas três vezes, inclinando o corpo para trás e subindo três metros de altitude. Com um respirar profundo, inclinando a cabeça para trás, joga o corpo para frente, ainda batendo as asas, causando um vento forte em volta de 30 metros, e solta uma baforada, um grande fogo vermelho sendo jorrado de sua boca, como uma rajada, e um som como se uma grande quantidade de energia estivesse sendo desperdiçada. A 7 metros de distância do adversário, o incendeia com as chamas vermelhas, que o queimam a 500°C ao decorrer do incêndio. Após isso, sai do alto e cai no chão em pé, descansando as asas nas costas, e solta um suspiro com fumaça de sua boca.
Andando em direção ao corpo sendo incendiado, pega a sua espada, empunhada na cintura direita do boneco. Sente o calor do fogo e, ao pegar a espada, envolve-a de chamas vermelhas que aumentam em +25% de seu ataque. Porém, a luz da espada está branca, simbolizando a mentalidade e emoção de paz que faz as chamas reduzirem, e o boneco começa a parar de pegar fogo, fazendo suas chamas apagarem em curto prazo.
Dá as costas para o boneco.
— Isso foi divertido! Acho que da próxima vez eu devo melhorar!
Voando, transformado em uma ave peregrina, pela estrada principal do reino, avisto um lago a leste. Com o cantil vazio, decido parar para enchê-lo e descansar um pouco.
"Já faz um tempo que não me exercito. Talvez um pouco de shadow boxing seja bom."
Desço e altero para a forma de um humano, facilitando meu trabalho. Após encher o cantil e beber da água do próprio rio, inicio meu aquecimento. O alvo era uma árvore. Inicio usando Corrosão para diminuir sua resistência e sigo com um Veneno que afetaria apenas plantas — mas, claro, que todas na área seriam afetadas. Enquanto ambos os poderes fazem efeito, sigo com uma sequência de golpes leves no tronco da árvore.
"Seria mais fácil se eu tivesse as habilidades de outra raça, ou até mesmo poderes de combate corpo a corpo."
Com o tempo passando, logo meus poderes surtem efeito, o que torna meu alvo muito mais suscetível a meus golpes, o que é óbvio, afinal ela estava definhando. Não demora muito para que a árvore caia com a sequência de golpes.
"Idiotice da minha parte pensar que preciso de força física. Só preciso de tempo, nada mais... Bom... vamos em diante."
Volto à forma de ave e sigo meu caminho, vagando sem rumo na busca de um objetivo.
A lua mal havia alcançado o meio do céu quando um estrondo ecoou pelos portões do Instituto Valyrion.
Guardas e alunos acordaram sobressaltados, luzes mágicas se acendendo nos corredores. Mas antes que o alarme pudesse ser soado, uma sombra colossal se ergueu diante da muralha.
Uma criatura monstruosa, feita de trevas vivas e carne distorcida, tentava invadir o Instituto. Seu corpo parecia em constante mutação, membros se formando e desaparecendo em meio à escuridão pulsante. Seus olhos brilhavam em um vermelho faminto, e de suas garras pingava uma substância que corroía até a pedra.
Ele não buscava apenas destruição. Ele queria devorar tudo.
Mas havia alguém esperando por ele.
Aedric caminhou para fora dos portões.
Seu olhar frio encontrou os olhos da criatura. Ele não disse nada. Apenas desembainhou Éstharyn.
E o ar ao seu redor mudou.
A espada brilhou, e a tempestade nasceu.
O Fulgor dos Céus se ativou e, em um instante, um campo elétrico se formou ao redor de Aedric. Faíscas saltavam pelo solo, e relâmpagos dançavam em sua lâmina. A energia crepitante transformou o ar em um campo de energia destrutiva.
A criatura avançou, sua massa se contorcendo em dezenas de braços e lâminas negras. Mas cada golpe que tentava acertar era punido com descargas devastadoras.
Aedric tentou esquivar, mas subestimou a velocidade do monstro. Um dos braços escuros se esticou rápido demais, atingindo-o no estômago e jogando-o contra o chão com força. A dor irradiou por seu corpo e, por um momento, seu campo elétrico oscilou.
Ele rangeu os dentes, forçando-se a se levantar. A criatura atacou novamente, mas dessa vez Aedric desviou, girando sobre si mesmo e cortando um dos braços da fera.
Foi então que, ao se repelir para trás, em um único movimento, Aedric se lançou para frente, sua velocidade aumentada. Ele passou por baixo de um ataque e cortou o monstro, a espada abrindo um sulco profundo.
A dor da criatura foi respondida por um relâmpago vindo do céu.
Cada golpe de Aedric chamava a tempestade para atingir o inimigo.
Mas ele sabia que aquilo não seria suficiente.
O monstro rugiu, sua carne se regenerando rapidamente, e lançou uma onda de energia sombria que distorceu a realidade ao seu redor. Tentáculos emergiram do chão, tentando perfurá-lo.
Aedric tentou recuar, mas um dos tentáculos acertou sua perna, abrindo um corte profundo. Seu joelho cedeu por um instante, e outra pancada veio logo em seguida, atingindo suas costas e arrancando o ar de seus pulmões. Ele caiu de joelhos, sua visão turva.
Reunindo então a eletricidade residual em seu corpo, concentrou-a em suas pernas e saltou para trás, mas sentiu a pressão mágica o sufocando. Ele precisava aumentar o ritmo.
Se a tempestade não era o bastante…
O fogo julgaria.
Com um estalo de dedos, as Chamas do Juízo irromperam.
Labaredas douradas se espalharam por sua espada, pelo solo e pelo próprio ar, consumindo a escuridão.
Os tentáculos foram reduzidos a cinzas. Cada golpe da espada agora carregava não apenas a força de um trovão, mas também chamas que puniam os indignos.
Aedric canalizou o fogo e disparou fios flamejantes, mas errou o primeiro disparo. A criatura se moveu rápido, evitando as chamas. Ele ajustou sua postura e atacou novamente e, desta vez, os fios se enroscaram na criatura. Desta feita, foi cortando os braços. Cada fio que tocava sua carne aumentava o calor, tornando a luta cada vez mais insuportável para o inimigo.
O monstro tentava escapar, mas era tarde.
Aedric ergueu sua lâmina ao céu, e a Coroa da Tempestade ressoou.
A eletricidade da atmosfera foi canalizada, fundindo-se às chamas. A espada brilhava como se carregasse o poder de um cataclismo.
A criatura soltou um rugido de desespero.
Mas Aedric já havia decidido seu destino.
Com um último golpe, ele desceu sua lâmina.
A energia acumulada explodiu em um clarão devastador. Raios e fogo se fundiram em um único golpe, e o mundo se iluminou.
A muralha tremeu. O solo se partiu.
E quando a luz sumiu…
A criatura havia desaparecido.
O Instituto estava seguro.
Aedric caiu de joelhos, sentindo a exaustão pesar sobre ele. Seu corpo estava drenado, os músculos latejando, mas ele não se permitiu desmaiar.
Ele apenas ficou ali, olhando as cinzas ao vento
Nascido da forma mais brutal que é possível imaginar, o fruto do ódio entre dois Berserkers se torna um novo ponto de ódio, que vem ao mundo já banhado em sua ira, pronto para destruir aquilo que está em seu caminho, mesmo que ele nem tenha aprendido a abrir os olhos e respirar por conta própria ainda. A mãe Berserk de Hiei faleceu com o parto da criança e seu pai o abandonou em um vilarejo nas Colinas de Avrus. Ele foi acolhido pela vila, por uma família de elfos que lá morava, e passaram a cuidar dele — por pouco tempo. Episódios sobrenaturais apavorantes começaram a se empilhar, um após o outro. Animais aparecendo desmembrados, com a cabeça empalada sempre na porta de entrada da casa onde a criança estava; incêndios que começavam sem uma explicação plausível e uma seca que não terminava nunca. A falta de chuva estava machucando os camponeses, que não sabiam mais o que fazer. Preocupados, convocaram um sacerdote para ajudá-los. Quando o mesmo chegou e entrou na casa da família do bebê, eles estavam todos amarrados e amordaçados, com os olhos cheios de lágrimas e os rostos vermelhos, enquanto a criança, enrolada em seus panos e com sua chupeta na boca, estava no meio da sala. O sacerdote pensou em virar as costas e correr, mas quando fez isso, seu rosto bateu no peito de um enorme Berserk, sua pele negra como o carvão e seus olhos ardentes como brasa. O toque em sua pele era gélido e fazia com que o sacerdote não pudesse acreditar no que estava sentindo. Com um soco, ele arrancava a cabeça do sacerdote pagão e espalhava seu sangue pelo chão da casa, desenhando um círculo ao redor da criança, antes de ir embora com um tornado de sombras. Quando a família se soltou, instintivamente fizeram o que pensaram ser o certo: sacrificaram a criança, jogando-a de um precipício para uma queda de mais de 100 metros. No fundo desse abismo, o pai da criança, o Berserk de pele negra, a segurava gentilmente, dizendo: "Agora que lhe renegaram, você é finalmente meu...".
Com seu pai, Hiei cresceu e aprendeu as artes das trevas, dominando seus poderes como Berserk e aprendendo a manifestar as chamas demoníacas de seu pai. As suas eram diferentes, púrpuras, e isso sempre parecia intrigar seu pai, que, apesar da aparência assombrosa, atuava como um mestre e se preocupava com o melhor desenvolvimento de seu guerreiro. Com o tempo, ele havia se tornado uma máquina de matar, atingindo graus de força enormes, dignos do filho de seu pai. Era um arauto do caos, que incendiava vilarejos inteiros, cometia brutalidades e se alimentava da carne dos homens e mulheres que matava. Completamente imerso no seu lado mais escuro, Hiei evoluía a passos largos, até seu pai lhe oferecer uma nova missão, que seria a mais difícil até então. Eles viajaram para longe das colinas verdejantes, em direção ao Deserto de Zephiron. Lá, as tempestades de areia revelavam a imagem de um templo feito em mármore escondido entre as dunas. Chegando mais perto, percebiam uma pequena vila ao redor do mesmo. Ele precisava entrar em um templo sagrado e roubar um artefato que seu pai precisava. "Os guardiões desse templo me conhecem, se eu chegar próximo vão me atacar e trancar as portas antes que eu consiga entrar... você, por outro lado, não. Sua má fama não chegou aqui. Então, você vai se aproximar e acabar com eles.". Sem fazer mais perguntas, o jovem Hiei, de 16 anos, desceu pelas dunas e arrombou as portas do templo, onde encontrou monges que estavam prontos a dar sua vida para defender o artefato que o templo havia sido construído ao redor. Um deles, um Nephlim, apresentava um poder realmente considerável, de forma que Hiei o sentia assim que colocava os pés lá dentro.
Após uma sangrenta batalha que quase custou a vida do Berserk, ele estava montado em cima do meio-anjo, que tinha as duas asas arrancadas e cuspia sangue. "Você não entende o que está fazendo... Eu sei para quem você trabalha, não faça isso..." Com um golpe violento, Hiei estraçalhava a cabeça do defensor do templo, finalmente se apossando do artefato — que, ao ser tocado, lhe dava uma visão que arrepiava seus cabelos. Ele e seu pai estavam lado a lado... e em sua frente, estava seu próprio corpo, caído, envolvido em sangue e chamas. O céu estava vermelho, e trombetas podiam ser ouvidas ao longe. A voz do defensor do templo começava a conversar com ele, indagando-o com perguntas filosóficas que o Berserk nem conseguia entender. Suas mãos começavam a ficar douradas e brancas; era como se o artefato estivesse tentando o corromper. Hiei fechava os olhos e, lentamente, a alucinação passava, com a voz do defensor do templo cochichando em seu ombro. Ele olhava para suas mãos, o brilho do artefato dava a mesma sensação que ele havia tido na alucinação, como se seus braços estivessem se tornando pedaços do mesmo. Sua magia de chamas surgia e engolia aquela imagem, protegendo Hiei.
Ao sair do templo, seu pai estava lá, com os braços cruzados, apenas esperando que seu filho voltasse. Ao redor dele, os corpos queimados de dezenas de soldados que haviam visto as chamas se formarem no templo e vieram para socorrer os monges. "Você demorou. Vamos, me dê o artefato." Hiei paralisava por um momento. "O que... para quê você precisa desse artefato?" O pai dele suspirava e estendia a mão: "Ele é a resposta para nossa busca... com ele, eu atingirei os mais altos céus e trarei tudo abaixo. Com ele, vamos parar de cometer pequenos crimes e atacar camponeses... Ele é a chave para algo maior começar." Hiei estendia o artefato para seu pai, que não o pegava. Ao invés disso, ele estendia a mão e atravessava o peito de seu filho, agarrando seu coração. "Mas para dominá-lo, vou precisar da alma daquele que matou o defensor e superou a maldição dele... só você poderia ver a verdade através dele... Não é nada pessoal, Asterion, quer dizer, Hiei. Hiei, né? Bom, tanto faz." A energia de Hiei era drenada pela mão de seu pai, que envolvia seu coração, reduzindo toda a força que ele havia construído até aquele dia a nada. Ele era reduzido a um simples fraco. O Berserk arrancava a mão de seu peito, deixando seu coração exposto, e virava as costas. Um tornado preto se formava, com realces de luz púrpura nele, e a figura demoníaca sumia. Com seu próprio modo Berserk, Hiei tentava ao máximo sobreviver com seu corpo daquela forma, até que ele não aguentava mais e caia em um sono pesado.
Acordando com um grito que ecoava por todo o hospital, enquanto quebrava as duas hastes metálicas dos lados da cama, os olhos arregalados de Hiei percebiam que... ele estava vivo. Não sabia onde estava, não sabia quem tinha salvo sua vida, mas havia acabado de acordar de um coma que havia durado quase 4 anos. As pessoas do hospital tentavam falar com ele, mas ele não respondia; parecia que, apesar de ter acordado, havia uma confusão enorme em sua mente. Eles então o deixavam a sós por um momento, enquanto diziam que estavam indo chamar o médico que havia sido o especialista que conduziu todo o processo do homem até ele acordar... Mas quando voltavam, Hiei havia sumido, e a janela estava aberta. Olhando pela janela do 3° andar, os médicos se perguntavam como alguém que havia acabado de acordar de um coma teria força para fazer aquilo.
Nos próximos meses, após ter descoberto que havia sido misteriosamente trazido do Deserto para o Império Alveinz, ele tentou retomar sua força, recuperando seu corpo dos 4 anos onde esteve à beira da morte e começando a treinar para que seus poderes pudessem lentamente voltar... Ele havia sido traído pela única pessoa que havia lhe estendido a mão naquele mundo... Mas a "pessoa" em questão não havia lhe ensinado nada que não fosse violência e destruição... Então, era isso que iria atrás dele agora
Infância (0 – 7 anos): O Peso da Perfeição
Auriel nasceu em uma das linhagens mais sagradas dos Nephilins, descendente direta dos guerreiros celestiais que lutaram ao lado dos anjos. Sua mãe, Selene Caelestis, era uma sacerdotisa respeitada, dotada de uma voz capaz de acalmar até as almas mais perturbadas. Seu pai, Azrael Caelestis, era um general renomado, inflexível e temido por sua disciplina implacável.
Desde pequena, Auriel foi criada sob um regime de rigor absoluto. Seu pai a via não como uma criança, mas como um projeto de perfeição, moldando-a para ser a melhor a qualquer custo. O erro não era tolerado. Cada falha era punida com severidade, fosse através de longos treinamentos exaustivos ou da frieza absoluta de seu pai, que se recusava a dar qualquer demonstração de afeto.
Selene, por outro lado, tentava suavizar essa criação rígida, cantando para Auriel em segredo, embalando-a com melodias que falavam de amor e liberdade. Mas era difícil equilibrar o papel de mãe amorosa e esposa de um homem que não aceitava fraquezas. Mesmo quando queria protegê-la, Selene era silenciada pelo olhar severo de Azrael.
Aos cinco anos, Auriel foi forçada a aprender a lutar, empunhando lâminas mais pesadas do que seus braços conseguiam segurar. Aos seis, já recitava táticas de guerra e memorizava as escrituras antigas da doutrina Nephilin. Aos sete, compreendeu que, para ganhar o respeito do pai, precisaria ser perfeita.
Adolescência (8 – 15 anos): A Guerra Interna
Os anos se passaram, e Auriel cresceu sob a sombra do pai. Se antes tentava agradá-lo, agora desejava superá-lo. Cada desafio que Azrael impunha, ela superava. Cada teste, ela passava. Mas sua fome por reconhecimento nunca era saciada.
Foi nesse período que descobriu sua verdadeira habilidade: o Canto Celestial. Seu dom não estava na espada ou na força física, mas em sua voz, capaz de tocar as almas e canalizar energias sagradas.
Quando mostrou seu poder ao pai, esperava que ele finalmente reconhecesse seu valor. No entanto, Azrael viu aquilo como uma fraqueza. Para ele, a guerra não era vencida com melodias. “Isso é um presente inútil para quem deveria ser uma guerreira,” ele disse, sem nem olhar nos olhos dela.
A rejeição queimou como uma ferida aberta. Mas, ao invés de desistir, Auriel tornou-se ainda mais determinada. Se não poderia provar seu valor do jeito que ele queria, então mostraria que seu poder era tão grandioso quanto o de qualquer guerreiro de sua linhagem.
Ela começou a treinar sua voz secretamente, fortalecendo suas habilidades enquanto continuava aprimorando sua estratégia e manipulação.
Transformação (16 – 18 anos): A Rebelião Silenciosa
Aos 16 anos, Auriel já era uma força a ser temida. Seus talentos a tornaram respeitada, mas sua frieza afastava aqueles ao seu redor. Sua mãe, vendo o que ela estava se tornando, tentou mais uma vez alcançá-la.
“Você pode ser forte sem ser cruel, minha filha. Você não precisa se tornar como ele.”
Mas Auriel não conseguia ouvir. Para ela, fraqueza era o mesmo que derrota.
Foi apenas aos 17 anos que tudo mudou. Durante um ataque inesperado às terras de sua família, Selene foi ferida tentando proteger um grupo de inocentes. Enquanto sua mãe agonizava, Auriel usou seu Canto Celestial para tentar salvá-la — mas era tarde demais.
Antes de partir, Selene segurou sua mão e disse:
“Você tem a luz dentro de si, minha filha. Não deixe que a escuridão do mundo apague isso.”
A morte da mãe a abalou mais do que qualquer castigo do pai. Pela primeira vez, Auriel sentiu que havia falhado de verdade. Não porque perdeu uma batalha, mas porque perdeu algo que não poderia recuperar.
Quando Azrael, impassível, disse que aquilo era apenas uma consequência do destino, algo dentro dela se quebrou. Pela primeira vez, Auriel viu seu pai não como um líder infalível, mas como um homem cego pela própria obsessão.
Aos 18 anos, ela tomou uma decisão: deixaria sua terra natal e seguiria seu próprio caminho. Não mais para provar algo ao pai, mas para encontrar sua própria verdade.
Agora, Auriel percorre o mundo, determinada a se tornar poderosa por conta própria. Mas, dentro dela, ainda ressoa o eco da voz de sua mãe, lembrando-a de que a força não precisa ser construída apenas sobre dor e ambição.
✦ Eu seguia em direção do quarto, a cada passo a pressão daquele ki maligno ficava mais forte, ficava surpreso de não ter notado isso antes, até enfim chegar em frente a porta. Eu tento abrir apertando a maçaneta, mas estava trancada por dentro, então com um chute forte a porta se quebra em minha frente liberando a passagem. Estava escuro, não conseguia ver com clareza o que estava acontecendo lá dentro... até que por reflexo eu me abaixo, após esse movimento marcas de corte se formam na parede atrás de mim indicando o ataque. Eu forçava os olhos mas mesmo assim não conseguia ver direito. ✦
✦ - Quem está ai?! O que você quer?!
✦ Diria em um tom elevado, mas não obtinha uma resposta imediata. Subitamente uma pressão grande é lançada em minha direção eu não consigo esquivar daquela quantidade massiva de energia e sou lançado contra a parede a destruindo no processo e liberando no cômodo a luz do luar, que iluminava o quarto revelando os seres que ali estavam... No canto do quarto estava a mãe de Helva e ao seu redor, 4 monstros de aparência grotesca, uma energia vermelha saia do corpo da mulher seguindo diretamente para as bocas dos quatro, eles pareciam estar drenando a vitalidade dela. ✦
✦ - Que merda é essa.
✦ Falava enquanto procurava algo que pudesse servir de arma, mas sem muitas opções eu acabo pegando apenas uma vassoura que estava por ali perto. ✦
✦ - Saiam de perto dela agora seus asquerosos.
✦ Enquanto falava salto em direção de um deles desferindo um golpe forte o suficiente para o lançar contra a outra parede do quarto, os outros 3 pareciam observar sem se importar, rapidamente o atingido ergue-se do buraco na parede se jogando em minha direção com suas unhas longas como lâminas, sua velocidade impressionante me faz ter dificuldades para acompanhar, mas com sucesso eu esquivo do ataque, me movimentando na direção contrária das "lâminas", e enquanto a criatura errava o golpe eu desfiro outro mais forte para cima fazendo o monstro se lançado contra o teto, eu olho para os outros que ainda seguiam sem ligar. ✦
✦ 💭Tem alguma coisa errada aqui... 💭 ✦
✦ Então o ser que havia sido ejetado volta ao chão, me encarando, por mais que tenha levado dois golpes ele parecia estar intacto... E até mesmo emanava um som semelhante a uma risada como se estivesse zombando de mim. Logo a mãe de Helva começa a tossir em meio ao sono e entre essas tosses sangue escorria de seus lábios, a conexão carmesim parecia ter se intensificado. ✦
✦ - Será possível?
✦ 💭 Eles estão transferindo uma boa parte do dano pra ela... tenho que arrumar um jeito de desfazer essa maldição 💭 ✦
✦ Sem muitas ideias teria que me conter nos golpes, não queria acabar matando a mulher sem querer... E após pensar um pouco tenho uma ideia sobre a situação. ✦
✦ - Vocês parecem ter consciência, me digam o que vocês querem com essa mulher?
✦ As criaturas riem em conjunto novamente debochando de mim, o que me irritava um pouco, mas tento não esboçar, afinal não era só minha vida que estava em jogo ali. ✦
S̶̡̬̜̳̭͍̖̲͇͐̑̎̂́̍̑̅̋̄̓͐́́͂̒̍͘̕͘͝O̸͚̳͇͎̬̘̞̯͋̊̋̒͐̃ ̵̨̺͉͇̰͇̳͖̝̺͎̤̣̼̟̞̳̥̱͙̜̏̀̀͌̈́̀̂̆̒̔̈́̑̔̋̈́͑͐͌̉̒͘̕͜M̷̨̝̪͖͖̱̳͍̯͚̞̝̻̰̘̖͖̓͋̔͋͑̂͛̔̾̒͑́̊̅̕Û̵̱̥̩̹͍̣͔́̓̄̅C̴̢̨͇̥͖̮̼͉̤͙͖̥̺̜͚̻̣̰̄̈́̔́͊̒̇̾͝Ḧ̴͕́̿̽̒̾̓́̍̾͆̆͐̐̋̓̇̊̉̑͗͗ ̵̢̢͔̲͙̭̙̣͓̪͎̩̱̇Ţ̵̧̨̞̘̹̹͇̦̬͚͙̮̺̘̹̜͖͕̥̟͍̦̰̑̈́̄̋̓̓̿͋̄̐͌̚͜͝͝ͅȨ̸̡̩̺͖͙̩̟̣̲̞͇̗̞̩͖͇̭̩̘͙̬̭̟͒͗̃̒̌̌͐̍͜͠ͅͅR̷̛̮͎̦̳̤̦̬̩̆̆̍̅͆͌͂͛̆̿̀̋͌͆Ŗ̶̢̰̤̲̞̘̘̯̲͐̂̄̎̇̐́̾͒̂͒́͒́ͅȌ̶̡̨̼̭̺̟̰̫̼͓̝̭̲̠͇̦̙̱̳̄͆̍̂͌̾̀̀͛̑͌̕̚͝ͅR̴̢̗̮̥̼̠̻̲̤͔͓̦̝̭̲̘̀͛̔̍̓̄ Ỳ̵͙̳̳̺̲̙̥͈̜ǫ̵̞̻̟̦͑̎͊͊́́͝ư̶̡̨̻̯̤̤̩̞͇̠̖̼̱̦̙̩̿̈́̀͆͐̕͘r̵͈̘̮̱͇̺͇̻̞͕̺̞̦͉̅̈́͑̽͐̿̈͑̓̕̕ͅ ̸͖͓͍̖̓̔̌͐̃͑̈̒͋͊̈́͒͑̋̾̚͠s̸̞͕̳͕͎̼͖̎͑͗͊̉͘ͅơ̴̡̦͔̲̠͙̙͚͍͔͇̜̮̭͒̏̒̇̓͐̌̑̎̒̌̀͊̿̚͝ṷ̷̲̰̮̟͎̘̾̓̉̌̓̊̓̚ͅĺ̴̹̙̲̘̺̞̼̦̥̱̰̍̆̐̏͂͠͠ ̴̨̡̡̨͍̜͓͙͓̦̏̎̎͗͛͊̐͒̀̓̒̉̇̕͘i̶͉͎̭͕̟̤̙̘̥̳̱̱̻̥̯̙͒͌s̵͔̀̅̔̓͐͒͗̾̃̏͌͗͑̃̔͝ ̷̩͎̰̺͙̘̞̗̍̔̍̃̃͘͘̕ṯ̶̗̭̗̉̅̃̑̋͊̒̚a̸̙͔̭͇͍̽͒̍̌̾̎̏͝͝s̷̡̳͙͚͇̦̲̼̞͎̆̔̽̀̍̍̀̒͝t̸̡̡̮̩͔͍̥̻̠̩͚̞͚͉̯̺̊̓̓̓͘ỷ̷̙̝̱͍̭̹͓̗ Ṯ̵̡̩̳̤̼̗͎̩͓̳͍̱͍͓̈͛̎̆́͒̕ẖ̷͔͖̱̲̹͉̖͔͎͉̪͚͔͚̮̀̿̂̌͑́̈́̅̇̊̐͘ì̵̡̡̧̧̻̜͔̬͎͔͍̥̖̳̙͌ͅs̷̨̛̪͕͍̦͕͈̰̫̗̝̻͚̯͌̔̾̏́̈́͆̉̈́́̓͘ ̷̱͕̩̻̼͎͕̓́͌̄͊̍̀͘͠w̴̩̮̝̞͕̰̹̭͂ờ̶̰͔͍̳̱̮̭͙̰̮͆̽̋̇̉͗̅͘͝m̷̨̛̰̺̦͙̺̱̣͎͛̓͝ą̸̰̱͓̙͙̪͕̮̄͂̍̃̈́̈́̅̉͑̊̀̔̋̚͠ń̴̺̰̥̠̓͋͝ ̵̧̘͓͉̺̄̇̆̓̍͆̀̆̊̚͝ï̷̳̗̥̮̯̻̯̐̍́̈̽̊͐̇̈́͌s̵̢̛̛̼̦̼̩͉̞̰̖̹͆̈́̒̈́̍͋̿͝͝͠ ̷̫̭̟̝̩̞́̇͋̒͂̿͌̕̕o̸̝̹̩̊̈͛̀̈̄̆͊̈́̒̋͝ụ̷͇̗̲̑͒͛̓̈́́̆͘͠r̷̢͓̦͍̾̀͒̿̈́̒͘͝ș̷̨̡̡̘͎̘̹̪̭̭̪̼̹̼̔͛͐̄̌͆̈̂͛͜
✦ Os seres macabros falam em uma língua desconhecida, o som que soava de suas bocas pareciam mais ruídos que palavras, algo perturbador, então um deles da um passo a frente e sua voz amedrontadora com dificuldades se traduzia em palavras que eu conseguia entender. ✦
۞ ❝A alma dessa humana nos pertence❞ ۞
✦ - A alma dessa mulher não pertence a vocês! Libertem-na imediatamente!
۞ ❝Humano tolo, a alma dessa mulher nos foi vendida por ela mesma! Ela é nossa! Se quiser ela de volta, terá que nos dar a sua alma.❞ ۞
✦ *Fico surpreso com aquela revelação, a barganha nada atrativa me faz pensar, estava preso em uma situação complicada... Levo minha mão ao queixo tentando pensar em formas de resolver aquilo...✦
✦ 💭 Aparentemente a mãe da Helva fez algum tipo de acordo com esses bichos... mas o que valeria tanto que ela teve que pagar com a própria vida? 💭 ✦
✦ - Eu não vou dar minha alma, e nem a dela a vocês. Vão embora!
✦ Os seres espirituais pareciam ficar irritados com minha resposta, tão irritados que paravam de dar as gargalhadas. Os 4 me encaravam no escuro do quarto. ✦
V̶̧̀̀̅̋̒͛̕͝O̴̧̢̳̭̼̼͙̲̠͙̳̗̭̭̻̓͜C̵̛̖̐̈́̊̉̎̈́͌̔͂͗̕͠͝Ê̶̝͖̪̼̳̹̥͓̗͖͖̘̬̥̖̓̃͆̎̑̚ ̴̧̧͈͖̤͍̤̦̗̀̌̑̀́̍̌̃͛̕D̴̯̀̾̄̃̃͛̏͊̕͠E̶̹̹̪̬͉̬̪͔͙̗͛͗̽̀́̽̑̈́͐̐̇̿̿V̴͔͒E̸͓͛̈́̾̄̎͂̈̾͋̍̒̿̒͝ ̴̛̛̲̟̠͖͈͍̳̫͓͈̯̼͖̽̎̒͘͝M̷̬̼̰̪̣̞̖̻͎̹͇̲̘̿̍̒̉̈́̋͊̐͗͠Ơ̴̡̛̜̥͎̖̪̫̳͖̰̟̻͙̰̌̀̇͊̆͐̐͛͒̈́̕͘R̸̢̡̫͔̥͎̝̪̥̩̺͉̈́̌̆̿́̓͗̾̔͂̒͊̈́̈́̂͑͠R̷̩̞͈͉̻̙̳̣͇̱̙͓̈́͐͗́͌̌̾̎͒̈́̐̐͂͛͋̕͠E̸̩͍̻̯̜̜̠̼̪̞̣̟̱͖̯̬͝R̸̨̪̼̮͔̩̩͕͑́̈́̒̾̉͋̓̒̆̎͝
✦ Os quatro novamente falavam na língua desconhecida e sem que eu tenha chances de reagir, todos saltam minha direção desferindo golpes poderosos com suas garras, eu salto para trás em resposta para diminuir os danos e usando o cabo da vassoura para me defender, somos lançados para fora do alojamento do santuário indo parar no pátio frontal. Uma sacerdotisa estava passando por ali, aparentemente ela era responsável pela vigília noturna, os monstros ao notarem a presença da moça se camuflam novamente ficando completamente invisíveis. Ela ao me ver grita perguntando o que eu estava fazendo. ✦
✦ - VOCÊ TEM QUE SAIR DAQUI AGORA!
✦ Ela parecia confusa com tudo aquilo, e tentava se aproximar de mim perguntando o que estava acontecendo. Eu tentava me aproximar, mas mesmo um passo em falso poderia ser o meu fim. ✦
✦ - NÃO, NÃO SE APROXIME ELES AINDA ESTÃO AQUI, FUJA!
✦ Então quando ela finalmente consegue me escutar já era tarde... a cabeça da menina simplesmente caia de seu pescoço rolando no chão em direção aos meus pés, os monstros gargalhavam de mim por não ter conseguido proteger a menina, dois deles seguravam o corpo sem cabeça da jovem brincando com o mesmo como se ela ainda estivesse viva. ✦
É̴̢̙̘̣̞̥̰͔̑͂͋̉̽ͅ ̵̪̊͗͂̀͛̾̅̓͋͘S̶͎͖̔͐̌́͆̍̂̀̔̌̊͆͘͠Ư̶̯̏́̋̌͒̎̀͐̔̄̍̈̕Ḁ̷̪͇͇͗͜ ̷̼̳͎̯̹̯̳̜̂̀̎͝Ç̸̢̖̗̩̻̺̰̩͖͔̳͉͖̪̋̇̏͆̌́̄̋̋̎̔͗̀̕͝Ṵ̷̟̱̯̼͖̥̈́͌͘͝Ľ̸̢̨̰̫̲̳͕̩̥̞̯̤̗̣͊̈́̑͊̊́̍͛͘͘P̴̡̡͇̜͍͔̪̱͍͎͙̹̗̳̱͆̀ͅÁ̷̫̮̻̺͉̘̩͓͎̲̽́͘ͅ
✦ Aquilo me deixava com muita raiva, tanta que acidentalmente eu quebrava o cabo da vassoura apenas com o aperto de minhas mãos... deixando o cabo ainda menor porém mais parecido com o tamanho de uma arma. Então em um momento de fúria eu corro em direção dos seres pronto para desferir um golpe fatal no do meio, mas em meio a investida noto o comportamento despreocupado de meus oponentes que nem pareciam se importar em desviar, o que me faz lembrar da situação que estava, mesmo longe a conexão vermelha entre a boca dos montros e a mãe de Helva ainda se mantinha forte, que me faz parar o ataque centímetros antes de encostar em meu alvo. O ser ri de forma medonha chutando minha barriga com muita força e velocidade me fazendo ser lançado contra um dos pilares do salão central do santuário... Não tinha o que fazer, qualquer ataque naquelas coisas poderia ser fatal a mulher que os mesmo mantinham de refém, e sem muitas opções eu decido entrar no salão para ganhar tempo e organizar meus pensamentos. Ao entrar eu fecho a porta e começo a ouvir os passos dos montros lá de fora, eles não pareciam ter pressa... Então ao olhar para frente vejo o velho sacerdote parado no centro do salão. ✦
✦ - Sacerdote! Eu vi as coisas que estão matando a mãe da Helva, não sei o que são, mas definitivamente não são humanos.
✦ Então o velho se levanta calmamente dali, parecia estar rezando ou meditando... E anda em minha direção. ✦
✧ - Sim... Finalmente posso senti-los, talvez por sua causa.
✦ - Minha causa? Como assim, do que você está falando?
✧ - Eu sabia que algo estranho estava acontecendo, mas não conseguia senti-los, eles estavam se escondendo, talvez seu ki os fez se revelarem...
✦ - Meu ki? Espera você sabe o que são aquelas coisas?
✧ - Não é o que são, mas sim quem são. São os 4 generais de Zãn.
✦ - E quem caralhos é Zãn?!
✧ - Zãn é um dos Overlords derrotados por Haast, conhecido como Zãn, Rei dos Ratos. Eles eram responsáveis por levar a vitalidade das pessoas com o tempo em troca de pedidos... Mas não esperava que a mãe de Helva fosse tão tola a ponto de fazer um pacto com esse tipo de espíritos.
✦ - Eu tentei impedir, mas eles estão redirecionando meus ataques para ela, se eu tentar reagir posso acabar a matando sem querer.
✧ - É um pacto de sangue... É impossível de ser quebrado por meios convencionais... Tem uma forma de vencer, mas é compliodado...
✦ - Fala logo velhote, se você sabe uma forma de vencer desembucha!
✦ Então o velho franze a testa como se estivesse bravo com minha falta de respeito, porém logo volta a falar. ✦
✧ - Com a queda do Overlord os generais perderam quase 80% do seu poder original, eles não conseguem se manter em solo sagrado e continuar com o pacto de sangue ao mesmo tempo... Você precisa lutar com eles aqui dentro, assim que eles entrarem eu irei fechar os portões e selar vocês 5 aqui, mas...
✦ - Sem drama! Fala logo.
✧ - Ao selar vocês cinco ai dentro os cavaleiros poderão recuperar mais de seu poder original, por não estarem gastando o ki maligno no pacto de sangue... Você terá que enfrentar os 4 sozinho. Se quiser pensar melh...
✦ Eu logo o interrompo ✦
✦ - Beleza vamo lá.
✧ - Você devia valorizar mais sua vida!
✦ Então o velho cego corre em direção da porta se escondendo atrás de um pilar, eu me aproximo de uma das paredes onde havia algumas espadas cerimoniais retirando uma do lugar e voltando em direção da porta. Os monstros batiam para entrar mas o portão era resistente, eu coloco minhas duas mãos nos portões e com força os abro fazendo um grande vento ser gerado ali. ✦
✦ - Se vocês querem tanto a minha alma venham pegar!
✦ Os yokais nem pensam duas vezes antes de correrem em minha direção, os quatro juntos formavam uma névoa escura que flutuava em alta velocidade até mim, e logo sou atingido, porém eu coloco a espada na frente para absorver um pouco do dano, e assim que estamos todos dentro do salão o sacerdote sai puxando os portões e fechando a sala. Do lado de fora o mesmo coloca selos nas portas e começa sua reza selando a sala completamente do mundo exterior. Logo as correntes carmesim formadas de pura energia maligna que conectavam os seres a mulher desaparecem algo que os deixa muito irritados. ✦
✦ - Agora somos só eu e vocês... Sem truques baratos, sem trapaças...
✦ Ficava animado com aquela situação sentindo a energia maligna dos monstros aumentar como havia dito o sacerdote. Eu me lanço em direção do mais próximo desferindo um golpe com a minha espada em direção de seu peito, o acertando no processo e abrindo um corte que jorrava sangue negro no salão de jade. O monstro grita em raiva e reage desferindo um golpe com suas unhas em minha direção, por ter sido lançado o monstro estava longe, porém algo me dizia para defender aquele ataque, e assim o faço colocando a lâmina da espada na minha frente, e logo um impacto cortante a atinge arranhando a superfície metálica da arma, era um corte invisível assim como foi feito quando entrei no quarto. ✦
✦ - Vocês são cheios de surpresas...
✦ Então eu balanço a espada para retirar o sangue negro e corro em direção deles mais uma vez, o primeiro salta em minha direção em resposta, enquanto o terceiro tenta se recuperar do machucado, o segundo observa e o quarto ficava rindo. Eu novamente desfiro um golpe dessa vez no que vinha em minha direção, mas sou surpreendido com uma rajada de pressão espiritual aparentemente lançada pelo segundo que estava observando que me faz errar o ataque, recebendo um corte bem no peito, a marca das unhas do monstro em minha pele brilhavam no vermelho de meu sangue, mostrava que mesmo um golpe simples poderia ser fatal. Eu sou lançado para trás e sem descanso sou surpreendido com o quarto monstro que me chuta para o lado esquerdo do salão com toda a força, estava começando a tomar danos preocupantes... ✦
✦ - Talvez esteja na hora de usar aquilo...
✦ Os monstros avançam juntos em minha direção confiantes na vitória, então eu coloco a mão em meu peito sentindo o pulsar de meu coração, escamas de jade se formam em minhas mãos e meu rosto, uma aura esmeralda toma conta do salão e uma pressão forte cai encima dos monstros que ficam parados diante a mim, não porque queriam, mas sim pois cada fibra de seus corpos diziam para tomarem cuidado. ✦
✦ - O que foi? Não iam ficar com a minha alma?
✦ Então em minha mão uma aura envolve a espada que agora se transforma em uma katana longa de jade, aquela era a silhueta da lendária Jinhsi. Um semblante confiante surge em meu rosto e logo eu desapareço aos olhos dos montros que ficam confusos com minha movimentação, eles já não me acompanhavam com o olhar... Eu novamente reapareço atrás do terceiro que eu havia cortado perfurando seu peito com a longa espada que por um segundo toma a forma de uma lança com a cabeça de um dragão, o yokai sem reação grita em dor jorrando seu sangue enquanto eu o ergo apenas com uma mão enquanto o mesmo estava espetado em minha espada, os outros me observam, pareciam estar com medo. ✦
✦ - Fiquem tranquilos eu não esqueci de vocês.
✦ Então em outro movimento que para eles parecia um teletransporte, eu lanço o terceiro encima deles o tirando de minha espada e acertando os 3 no processo que são jogados como pinos de boliche em direção das paredes eu fico parado no centro do salão coçando a cabeça. ✦
✦ - Pra generais vocês são bem fracos né.
✦ Estava esbanjando confiança, o coração de jade seguia aumentando minhas capacidades enquanto cada vez mais escamas surgiam em meu corpo. A lâmina feita de jade de Jinhsi brilhava em verde drenando minha energia, e então os seres se lançam cada um de uma direção diferente até mim, suas unhas negras e afiadas como lanças estavam prontas para perfurar meu corpo, mas então segundos antes do impacto eu salto para cima, fazendo os 4 se baterem por estarem em alta velocidade e então enquanto estava no ar o formato de lança novamente se forma com a cabeça do dragão virada para baixo, eu começo a girar indo em direção dos 4 que estavam unidos no centro desferindo um golpe poderoso com a lança de energia, o golpe era tão forte que uma cratera de forma no centro da sala com o formato do rosto de um dragão. Os monstros haviam desaparecido, aparentemente despedaçados pelo impacto. ✦
✦ - Será que eu exagerei? Bom... Agora já era né.
✦ Falava andando lentamente até em direção do portão e confiante colocando uma das mãos para o abrir.
✦ - Falei que ia ser moleza velho...
✦ Então sou interrompido ao notar que a porta ainda não havia sido aberta... Então uma forte energia se forma, uma energia tão medonha que me faz virar lentamente para ver o que era... Os corpos despedaçados dos Yokais estavam flutuando em minha frente, e suas cabeças começavam a rir enquanto proferiam maldições, a energia era tão densa que superava a aura de jade deixando o ambiente sombrio, os corpos começam a girar em um tornado, e as cabeças se juntam formando um só corpo. ✦
N̶̛͓̟͇̯͇̬̝̰̖̗̺̦̈́̌͑̑̌͌͘̚Ǫ̵̥̰͓̺̲͍͇̭́͊̓̐̋̈̀̌̈̾̇͒̓̒͜͝͝S̸̹̐̅͋ ̷̨̤̟͈̘̃̿̚͜S̴̛̛͕̬̳̱̖̘̱̖͖̣̭̠̖̱̙̟͗̔̓͂̄̏̈́̈́̈͛͒̍O̴̦̲̺̬̯͕̰͔͇̙̪̖̙̰̬̘͈͆̅͒͋M̴͚̮̫͎̬̣̞̀̉͛̄̈́̃̉O̸̗̜̱̖̎̇̔̓̔́̎̈͐̊͛̏͝S̴͈̟͓͎̩͙̠͎̉͊̀̔̔͌͊̑̿̈́̍́ͅ ̸̝̝̞̠͛̑̔́͒͂̏̈́̑̎Z̶̢̢̧̹̙̣̺̃̇̔͠A̷̱̲̼͔͔̫͕͌͂͂̄̒̈́̔̂͌̄͊̉̀̀̕̚͜N̵̨̡̨̡̮͕̰̜̗̳͖̰̼̓̐́T̸̨̢͓̞̒̍̋͂̎̓͂̈́͠͝Ơ̵̯̔̀̂̃̓̑̍͂̑͛͠D̸̨̜̠̝̞͙̬̱̜͕͔̋̍͛ͅỢ̴̧̛̥͓͓̝̤̭̯̖̾́͆͋̎͊̈͆̈́̃́͐͘͜͜͝͝ͅͅS̴̨͍͉̥̬͉͇̺̥̑̒̅̏̎̽ ̶̢̡̨͚̮̦̩͚͉̼̹̝͔͉̑̂̋͐͝P̵̧͍͉̞̣̆͌̊̀͌̉̀͊͒̏͑̎̕͝͠Ô̶̢̻͕̜̫͓͉̺̐R̸̨̡̫̳̝͎͔͈̦̪̘͎̍͆̍̈̏͒͋̇͋̚̚̕̕͘͜͝ͅ ̵̨͍̭̬͉͖͖̠̇͐̈́̉̈́̿͒̇͊̀͊̏̎͘͝Z̷̛̜̗̬͎͓͉̞̩̹̮͍̹͍̭̰̗̐̄̎̄́̅̉͂͋A̵̧̨̢̫̩̥͉̼̭͍̫̬̅̈́̈̎͂͋̒̆͝Ń̶͙̗̦̲͇̲̜̘̲̠̺̱̖̎̂̍̾̃̅̃̍͒̚̕Z̸̨̢̢̛̦͍̪͓͈̥̞̹͖̫͙̪̅A̶̛̻̥̱̼̭̿̈̏̈̽͐͝Ṋ̸͓̒̂̈́͜ ̵̨͎̹̞̖͍̣̦̞̲͙̳͚͇̮͕͖̂̈́̑̊̓͗̔̉̂̔̾Ĩ̵̛̳̝̠͐̈́́̃̐̇͂̊̅̕͝͝R̴͈̱̥͑͛͋̿̂Á̸̡̜͙̗͖̞̻͈̪̲͙̠̦̖̖͠͝ ̸̨̣͍̳̣̘͎̻̙̟͖̣̯͚͍͙̋̌̇͌́̂̿̆̔͝͝V̴̡̢͈͔̠̮̙̻̞̲̼̏̽̀͗̍̒̐͌̂̉̈̊̈́̂͘̚͝ͅO̶̢̨̧͖̼̹͓̩̙̹͍̬̔̔̈́̅̔̎́͆̚ͅḼ̶̪̜̘̳͓͉͈͎͇̇́̅͐̎T̶͉̗̖̝̠̣̞͈͉̩̹͍̬̍͒̐Ą̶̰̣̺͓̞͙͇͉̦̟͚̼̳̪̱͆̄̓̈̐̍͑̎͗̕͝͝͝Ŕ̶̳̱̜̩͈̀
✦ O que antes eram quatro agora se forma apenas um. Tal ser maligno emanava uma energia poderosa e sombria, nunca havia testemunhado tamanho poder antes, o que me causava calafrios mesmo em minha transformação. Em um ato de descuido eu corro em sua direção em alta velocidade, para então desferir um golpe certeiro com a espada lendária em seu coração, mas era em vão, a entidade parava meu golpe com apenas uma mão e com a palma aberta, rindo como se estivesse brincando comigo, ele segura minha espada me levantando com a mesma e nos lança contra o chão com força, logo em seguida pisando em minhas costas e chutando minha barriga que me lançava contra a parede que havia a pintura de Haast. ✦
J̶͎̻͇͖̩̠͙̜̜̖̰͉͈̘͖͊̊̆͛̄̾̀͊̂̚ͅͅÁ̴̡̭̦̖̯͕̰̤̎͊́̓̍͑̀̋̄̽́̏͂̓̍̚͘ ̸̨̯̞̣̣͓̲̐̀̓̋͐͗͆́͋͋̐̏͐̐͜͠N̶̻̬͕̺͎͋̉̾̏̽͒͘͜Ö̶̧̨̧̯̱̖̟̮̦̗̻̣͋́͊͝S̷̳̺̮̜͔̝̈́̆̽͗͘͘ ̵̡̗̬́̔̑̌̂̅̐̇̾̕̚͘͠Ḑ̵̛̯̤̳̣̺͖̲̲̟̽̎̎͌̔͋́̄͐́̚ͅI̵͈̺̲̻̊̽͌̃̓̾̉̔̿̆̂͊̃̑V̶̦̞̤̯̪͕͍̐̌́̋͐̍̆̀̏̈̑̈̋͑͝E̶̛̼̝̠͓̪̞̐͂̋̈̓͛̓̓̄̊̒͗̓̃̎̑ͅR̶̡͚̺͈͑̏̽̕͘͜T̸̢̡̮̫̪̪̓̄I̸̛̠̻͈̻͛̅̔̔͆̎̉̕͝M̸̢͕͍͙̥̭͎͍͎̦̍͝Ǫ̵̘̭̱̻͙̦̽̔́̄̃̀̾̈́̔̈́́͘Ṣ̸̥̔̕ ̷͔͎̹̓̒ͅC̶̢̩̯̥̼̙̬̦̐̄̀̀͗̀̓̃͗͠͠O̸̮͙̞̯̎͐͑̃̑͝͝M̷̨̛͚͉̦͕̮̩̤͖̣͍̀̾͗͂̈́̊̀́̈́̕ ̶̢̧̣̠͎̞͙̥͈͓̟̪̰̼̱͋́͗͆́̄͐̌̂̑̕͝Ṽ̵̢̹̣͎̲͙̳̤̋͒͜Ọ̴̢̖̼͌̈̈̓́͆̀͝͝ͅC̸̛̭͈̻̄̉̌̎̔͐̀̌́̀Ê̶̲̙̤̎̅̅̉͐́̈́̿̕ Å̴̢̛͉̺̻̪̜̪̬͍̠̝͖̟̬̩̏̀̔͌̈́̑͑̓́̕͜͝G̶̢̡̛̻͎̻͂̀̇̓̄̍̀̈́͆̀͋͝Ŏ̴̟͕̘͍͕͊̇͑̇̂̈́͂̏̿̑ͅͅR̷̛̼̮͕͙̻͈̝̬̳͉͊͒̀͌̎̀͗̀̔̇̐̊̇̒͝Å̸͎͗͑̈́̓̚͘̕͠ ̸̫̣͚͚̩́̎̃̈́͂̍̈̒̈̆̓̾̅̋̕͜͝V̶̘͚̭̼͇̮̠̳̮̝̱͓͉̜̈́͗͐̓O̶̧̢̹̯̹̜͉̠͎̗͇͛C̷̛͎̀͋͊̌̌̊̐̎̍̄͑͘̚̚͠Ê̸͈̻̱̭̠͈̜͔̪̙̙̮̺̗̪̓͂́͂͛͜͠ ̴̬̰̈́̌͒́͆̚̚͝D̶͎̬̳͖͖̠̯͚̫̲̻̝͛͌͌̔̾͂̕̕E̶̠͚͂͝V̸̥̘͎̪̟̪͇̩̠͇̦̭̜̼̞̈͗̃̏̚ͅE̷̙̩̯̪̫̥̺̬̓͋̿͜ͅ ̸̢̞̣͚͖͙̺̮̪̤̜͉͇̺́́͛̇̔͋̽͌͐̎̇̚͘͜͝M̷̢̤͍̻̋̿̽͒̋̅̃̓̓͐̂͝Ó̷̢̥̙̮̲̻̗̦̯̯̙͍͍͛͂̽͊̄̄̀̿̏̎̀͋̊̾͘̚͜Ŕ̵̢̢̡̛͕͈͖͎̜̮̳̮̹̗̻̏̏̌̂͐̑̋̊̉͒̀́̄͊R̴̤͉̖͇̭̦̰͇͈̤̣̜̾͐͋̐͐͗̽̚͝E̴͙͍̩͛̈̌͝͝Ṛ̴̡̢̢̧̢̛͔̝̤̫̱̥̭̤̔͛̆̾̔̈́̈́̀̾̀̕͘͘͜
✦ Meu oponente canaliza o que parecia ser uma esfera de puro ki maligno, e a lança em minha direção eu estava ferido demais para desviar, a transformação do coração de jade quase se esvaia... ✦
✦ - Nossa fodeu...
✦ O golpe vinha em minha direção e em um ato de desespero eu coloco minhas mãos na frente dos olhos para me defender, e logo em seguida sou surpreendido... de alguma forma o ataque havia sido parado, eu retiro minhas mãos da frente e vejo algo incrível. Flutuando em uma barreira verde a pedra de jade cultuada como "O Guardião" havia se colocado na frente do ataque absorvendo todo o dano que gerava uma pequena rachadura na mesma, a joia caia em minha frente e novamente aquela pulsação estranha me hipnotiza me fazendo me aproximar dela, eu coloco minha mão sobre a joia que começa a brilhar uma luz esmeralda, a silhueta verde de um gigantesco dragão se forma no céu do salão, a criatura adormecida dentro da pedra encara a mim e aos Yokais como se estivesse analisando a situação... Eu estava muito pasmo para dizer algo naquele momento, apenas fico olhando a besta de jade. ✦
Ω - OZYᗰᗩᘉᗞIᗩS... Ω
✦ O dragão falava um nome estranho e então seus olhos começam a brilhar iluminando a sala como se estivesse de dia lá dentro, uma força misteriosa urge dentro de mim, fazendo os traços draconicos aflorarem em meu ser, um pouco da minha consciência se esvai como se aquele dragão estivesse tomando conta do meu corpo. ✦
V̷̡̨̡̤̪̤̝̞̲͎̬͆̓Ở̸̧̡͔̩̪̜̺͎̇̾̓̈́̃̑̑̐̅͌͑̃̕͜͠͠C̷̢͇̱͕̰͕̼͙͙̙̻̼̲̱̭͓̆̌̐̔̓̍̓̈́͐͠͝E̴̢̢̹͕͚̭̟̮̜̭̭̤̖͖̍̂̈͒͒͜͝,̸̧͓̻̾͒̀̏̈́͝ͅ ̴̜̻̞̼̃̊̏̓̓̔̽̅̂̕͝͝͝Ô̸͉͚͕̞͍̑̊̅̊͗̀͝͠͝ ̸̡̛̪͓̻̹̮͛̒͊̎́̇̓͌̀͋̚̕͝͠Q̸̨͍͈̟̜̱̞̬̝͕̑̈́͛͋̊̓̈́͊͋͛̌̚͜͝Ư̴̧͎̺̙͍̺̮͓̪̾̒̈́̋̉̀̈́͐̈͌̌̌͋͝͠͠Ḛ̷̻͓̯̗̜̥̲̅̉́̀̐̈́ ̸͇̫̼̖̜̯͇͚͇́͋͝V̷̟̼̰̗̱͈̝̗͖̥̯̯̮̒͗͆̏͐̂͂̐͂͊̓̑͐͜O̴̙̯̖͓̭͎̞̫̥̲̭̞͕̔̌̾́̈́͝Ç̷͚̯̟̯͚̠͔̰͈̲̮͙͔͉̒E̶̡̧̧̞͕͎̦̟̙̾͛͊̄͂̈́̇́̋̒́̀̀̕͝ ̸̨̢̤̞̦̪̱̙̌͆̂̔̑͊͊̈́̄̏͘E̷̠̳̓̇͗̍͝S̴̮͖̖͖͓̻̻̦̼͂͑̆̑͘͘T̸̖͔̣̩͍̮͊͒̉ͅĄ̸͖̬̻̲̙̻̩̄̒̋̏̈́̏̔ ̶̱̲̼́̽̈́̄̃̿͋̑̆F̸̹̰͎̾͋̑͋̈̚Ȧ̵̭̔͗͊̊̆̾̍͋͌̕Z̷̡̨̛͚̝̬̟͎̪͈̭͕̥̟̜̫̓̎̐̉̍̽̆̀̀͆̅̚̕E̶̢̛̪̭̗͈̤̠̬͊̋̈̈́́̈́̿̎̑͒̚̚͝͠͝N̴͓̼͖̖͕͋͊̍́̈̀̉̀̉͑D̴̤̪̪͔͔͓̝̟̫͎̟͈̤̉͊̚͜͝Ơ̷̡̨̨̛̫̗͓̞̖̘̝̙̇̿̍̾̃̑͘͝ ̵̝̰͖̟̥̆̇̎́͗̈́̎̄̃̚̚͘͠A̷̛̳̟̻̲̪̻̝͙̝̖̹͖̣̩͊̀̃̊̃̂̿̅̑̿̈́̂̔̾̈͊ͅQ̴̡̻̬̓́͑̓̎͐̑̏̄̈́͋̒̓͆̿Ư̷̡̢̰̖͙̰͕̤̰̔͗͛͑̃͒̊̉̍̔̈ͅI̷̡̤͚̩̘̦̟͍̩̋̈́̅͛͋̂̈́͐̀̊̌͐̐̕͝͠!̴̨̨͎̝͇̤̟̭͈̥̗́̑̊̂͑́̾̔̕͘͝
✦ Os yokais diziam ao ver o dragão como se o conhecessem, mas antes que pudessem falar mais meu corpo se move sozinho, meu rosto sem expressão apenas aparece na frente dos monstros e eu desfiro um tapa em sua cabeça para baixo fazendo o ser ficar de joelhos para mim. Por algum motivo me sentia imponente, como se fosse um rei educando seu súdito. Enquanto a criatura surpresa com minha força olhava para meus pés, eu o chuto forte o suficiente para jogar contra os portões do salão, a força era tanta que os selos antes feitos se quebram e a criatura e lançada ao pátio do santuário, o velho sacerdote assustado se levanta, sentindo aquela enorme energia. ✦
✧ - Não pode ser... H-Haast?!
✦ O velho olhava para mim me chamando pelo nome do lendário dragão. ✦
✦ - O que? Sou eu velhote, não tá vendo? Ah... você é cego...
✧ - O que? Albedo... que energia é essa quase não te reconheci.
✧ 💭 Impossível... Tenho certeza, por um segundo pude sentir a energia de Haast aqui, esse garoto... talvez... 💭 ✧
✦ - Vou só terminar ali e já volto.
✦ Sem perder muito tempo de conversa em alta velocidade eu corro em direção do monstro que ainda se recuperava e o agarro pelo pescoço, começava a flutuar com ele enquanto a energia de jade circulava ao redor do meu corpo, uma aura tão grande como nunca havia visto antes, a criatura esperneava em desespero parecia estar suplicando... eu sorrio em resposta, então em um ultimo ato de desespero o monstro fica menor porém o fio carmesim se forma novamente os conectando com a mãe de Helva. ✦
V̵̛̼̺͔͎̦̬͐́̈́̓͘̕͝ͅÒ̵̩̇̊̋̍̍́̎̅͑̆͌̄̕͝C̷̫͇͙̪̆͛̕͘É̴͈̰̘̝͕̿̈́͆͆́̈̀̌͝͝ ̷̨̝̰̤̫̲͓͔͉̗͓̼̅̋́N̷̡̝̼̜̗͍̅̍͗̅̕ͅÃ̵̜͎̦͍̪̘̣͍̝̗̳̗̭̞͈̈́͑̍̾̇̚Ö̵͍̟̯͙̦̼̟́͐̒͆͆̑̏̌̅͛̕̕͝ ̸͕̗̝̭̂̈́͊̇̓̍̇̕͜͠P̶͔̗͚̖͎͍͇͍͆͋̾̊͜Ỏ̸͇̻͖̝͔Ḑ̷̡̮̣̙̊̓͠E̵̡̛̱͓̮̩̞͈͇͆̃͛̃̓͋́͝ ̶̡̹̙̙̻̙͔̼̺̀͆̓͗̀̄ ̵̢̪̲̗̞̫͖̬͉̝̟͋̓N̸̳͎͙̳̹͑̂Ǫ̶̛̰͍̘̻̰̰͇͎̟͓̱̌̑̒̑̑͌̀̂̈́͒̿̀̕̚͝͝S̸̭̙͕̣͕̜̤̟͑̿̽͠ ̷̡͚̜͕͖̥̲̎M̵͖̬͋̐̍͂̏͌A̶̛̯͍͖̒̅̐̏̑͛̽̉͗̅T̴̨̬̠͍͓̼̣̰̞̞͋̂̃̈́̋̑̑̊͘Ǎ̴͔̮̤͙̱̼͓̼̲̱͚̗̺̗̲ͅR̶̛̥̈́̍͆͂̎̇̈́̍̌̈́̒́ ̵̛̩̭̤̘̙͈̦̩̗̞͌͐̆̆́̄͌̌͝A̷̧̧͖͇͍̮̐͛̒̋́̅̀̑G̶̨͕̪̰̘̻̳͒O̵̢̳̣̲̹̦̪̗̥̾ͅṞ̵̛̠̝̆̈́̇̒͑̿͌͠͝Ã̷̢̢̛̖̯͔̝̘͎̾͂͋̋͊͜ͅ ̸̢̛̻͈̲͉͇͓͆̓̂̌̋͂̇̂́̃͘F̷̢͔̜̗̯͙͓͈̿͒͗̃͒͛͐̽͜͝ͅI̵̢̻̫̩̟̹͛̈̽͋̋̏̚L̵̨̨̛̳͉̬͙̝͉̗̥͕̟͙̭̮͚̞̽͗̅̅́̔̍Ḩ̶̡̻͈̝̗̥̳̣̜̱͔͇̮͙̣̐̂͋͊̋͒̓̓̏Õ̷̡̪̣͇̜̱͇̐́̈́̕ ̶̢̘͔̰̳̬̞̼͍͍͍̿̋̏͐͋̊̐͘͝D̶̡̛̺̞͕̭͇̜͛̂͆͌̔̂͘̕ͅĘ̴̤͍̠̜̘̙̬̭͓̟͙̗̀̆̽̽̔͑ ̶̹̼͓̣̝̫̣̭̰͇̃̏͌̓̀̚͘͘J̵̨̡̦̺̝͔̲̈̿̚͜ͅȀ̴͎̞̬̤̱̫̼̭̜͎̞̮̳͒̂̄͗̇̈́͌̕͜͠͝Ḑ̶͕͙̥̬͈̮̣̥̥̟̯͙͆̈́́̅̍̔͑͌̍Ȩ̵̻̱̬̹̱̘̦̲̦̦̮͖̞̝̩̈́̑͒̈̂̽̂̈͝͠ Ò̷̡͓͇̠͍Ự̵̺̀ ̷̱͉̙̝̬̻͇̲͌̈́̀͛̔̏̍͗͒̾͛̀̕Ĩ̶̟̮͗̓Ŗ̶̛̛͕͙̹̱̦̠͙̙̱̹͌̑́̌̔̾͊̀̄̄̇̉̔͊́Á̴̮̮̠͓̰͐̅̄́̏͌͊̈́̔͋͊͗͊̂̚̚͠ ̴̩̫̰̱͛̐Ḿ̵͉̝̳̖̹̫͉̠̿͑̌͒͊̈̓͐͌͊͋̔̿̀̓̋Ả̶̢͉͖͍̟͓̱̘̈́̒͋͜͝Ṭ̴͙̪̦͓͙̘̮̗̗̗̮̱̊͂͛̒̃̂̿̈́͑͘͝A̸̡͕̺͇̰̥̲̦̟͔̥̭̭̩̼͂͌̈́R̴͖̞͋̽̀̌͋̌̇̂̓̆̐̄̆̾͘͝ ̷̬̺͔͉̼͇̖̩̱̦͒̽̓͂͗̍̓͌͐̕ͅÅ̵̛̛̻̩̜̮̺̙̅̋̑̀̄̀͊ͅQ̷̨̰̖͉̞̫͕̙̦̜͖̤͈͖̺͖͍̀̓̊͐͝Ư̴̢͔͓͚͖̦̥̮͍̞̣̩̦̠̜̻̮̓̒͌̃̍͆͒͌̒̌͠E̵̜̮̪̪̥̔̅́͐̄͐̃̌̓͌͒̈͒̏̚L̵̤̦̝̪͓̰̾̃̈́̈́̈̎̔͑͆̐̌Ä̴̠̥̰̙̳͉́̌͌́͠ ̵̣͉͔̘̠̘̲͖̫̟̩͖͙̟̞̺̔͛͆̅̿́̈́̆̓̇̑̕͘͜M̴̡̛̽̀ͅU̸̡̨̠̣͚̞̫͔̳̹͙͚̬͈͂̾͠Ļ̵̜͍͈̻̥̲͓͔̩͍̓̂̐̂̆͒͝H̶̡̠̗̲̞̟̱̦̻͈͈͍̟͈͖̻̔͊̈̈͂̔͑̀͂͑Ë̷̡̛̛̘̞̭̤͉͓͇̺͚̝̂̾̓̋͜R̶̜͐̑̊
✦ Por algum motivo eu quase que perfeitamente eu compreendo, fico confuso com algumas palavras, mas entendo o que aquele ser estava dizendo, mas eu apenas suspiro em resposta o jogando para cima com toda a força, e em seguida saltando em direção dele, no meio do ar Jinhsi se forma em minha mão em sua forma verdadeira de lança e eu corto aquele fio vermelho como se fosse nada... ainda no ar eu encaro a criatura. ✦
✦ - E agora em?
✦ O monstro com medo começa a cair e eu em seguida mergulho em sua direção com a lança apontada para seu peito, a cabeça de dragão que antes era estática agora estava viva e quando finalmente chego perto o suficiente ela engole o monstro quase completamente, simbolizando que a lança havia perfurado o peito do yokai, e com toda minha força eu a lanço com ele espetado, o corpo completo de um dragão de jade feito de energia surge fazendo voltas pelo céu até finalmente ascender e explodir em um brilho esmeralda, enquanto eu atinjo o chão com segurança apenas minha arma volta em minhas mãos, o monstro havia sido completamente obliterado. Ao voltar para perto do sacerdote, vejo o dragão de antes nos encarando. ✦
Ω - OZYᗰᗩᘉᗞIᗩS! Ω
✦ Novamente ele fala aquele nome... fico confuso enquanto o encaro, o sacerdote parecia estar completamente pasmo com aquilo, ele segurava minha roupa com força. E então o grande dragão começa a se mexer novamente eu fico atento pois estava preocupado, porém para nossa surpresa o ser gigantesco ascende ás nuvens e logo em seguida mergulha no chão gerando outro brilho semelhante ao nascer do Sol naquele templo, e no segundo seguinte se apaga. Eu corro em direção de onde ele mergulhou mas nada encontro... ✦
✦ - Onde ele foi?
✦ Então sinto algo cutucar minha perna, eu olho para baixo com o susto e vejo uma criaturazinha pequena e verde semelhante a um dragãozinho ali.✦
Ω - Ozy!
✦ Era um dragãozinho fofo que em nada se comparava com o ser majestoso que antes se fazia presente, esse meio desengonçado tentava se prender em minha perna eu o pego pelo cangote e levanto encarando. ✦
✦ - Que desgraça é você?
✦ Ele então tenta se soltar e eu o libero me surpreendendo ao ver que aquela coisa conseguia voar, ele ficava voando ao meu redor repetindo a mesma palavra. ✦
Ω - Ozy! Ozy! Ozy!
✦ 💭 Ozy? Talvez seja o nome dele... 💭
✦ - Ozy?
✦ Então ao falar o nome a criatura para no lugar, eu começo a rir daquilo enquanto o sacerdote se aproxima lentamente ainda surpreso com o ocorrido.✦
✧ - Então você conseguiu?
✦ - Claro que eu consegui velhote, o monstro se foi, agora completamente.
✦ Eu falava sorrindo enquanto Ozy se aproxima com uma cara de curioso no velho sacerdote. O mesmo sente a energia e o sorri. ✦
✦ - Você sabe que coisa é essa?
✧ - Eu suspeito que esse seja o guardião...
✦ - O guardião? Como assim?
✧ - Nas lendas dizia que Haast tinha um braço direito, esse era o Guardião, aquele que Haast confiava as tarefas mais difíceis. Diziam que ele estava morto, mas aparentemente ele estava preso dentro daquela pedra... que eu falei pra você não tocar!
✦ - Você não vai ficar bravo com isso agora né?! O guardião... Bom vou te chamar de Ozy mesmo. Tá bom Ozy?
Ω - Ozy!
✦ O dia começava a amanhecer, aparentemente as sacerdotisas estavam acordadas o tempo todo fazendo rezas e selos para proteger Helva e sua mãe durante o combate, algumas delas vem para o lado de fora para pegar o corpo de sua companheira falecida durante o duelo... elas pareciam tristes. ✦
✧ - Não se preocupe... elas estão acostumadas, não é a primeira vez que Yokais invadem a cidade. Iremos enterrá-la hoje a noite. Você ficará?
✦ - Acho que sim... É o mínimo que posso fazer por ela.
✦ Então Helva sai para o lado de fora junto do amanhecer, e para nossa surpresa sua mãe estava junto, ela parecia estar muito bem. Ela corre em minha direção enquanto minha aura e poderes diminuem ao extremo, me deixando completamente exausto. E quando Helva finalmente chega para me abraçar eu desmaio em seus braços. ✦
〘 ℕ𝕒𝕣𝕣𝕒𝕔̧𝕒̃𝕠 𝕖𝕞 3º P𝕖𝕤𝕤𝕠𝕒 〙
● Albedo teria dormido por 2 dias inteiros perdendo o enterro da jovem falecida... em seus sonhos ele encontra memórias com sua mãe, e em meio a isso uma visão. Um mulher de manto negro, a mesma que havia o instruído a caçar o último dragão de Jade aparece em seus sonhos, ela se aproxima dizendo. ●
♽ - Você deve ir para Valyrion. Apenas lá descobrirá mais sobre o paradeiro do último dragão. Vá o quanto antes ou irá fracassar em sua missão. ♽
● Albedo então desperta de seu sonho com vívidas lembranças de suas instruções, e assim como no início, ele as segue sem pestanejar, perguntando ao sacerdote sobre o local que procurava, assim obtendo uma direção de como ir para Valyrion. Helva e sua mãe abraçam Albedo antes de sua partida como sinal de eterna gratidão pelo que fez a elas e antes de partir o mesmo conta a Helva sobre sua mãe e o pacto que a mesma fez a deixando preocupada e alerta. Eles se despedem e o jovem segue caminho junto de seu novo companheiro Ozy em direção ao instituto Valyrion, mas seria uma longa jornada até lá. ●
Mesmo Que a Última e Mais Fraca Estrela Esteja Nos Céus, Continuaremos a Desbravar
A Matriarca, após dizer aquelas últimas palavras, momentos antes de seu parto naquela caverna... a criança nasce e é acolhida nos braços da mãe, enquanto seu povo o observava com adivinhação. Era um menino, lindo como um anjo. Já havia pelos brancos e cabelos pequenos que emanavam fagulhas de chamas. Seus olhos eram tão brilhantes quanto as estrelas no céu em uma noite calma e com brisas serenas... Ele não chorava, não emitia um som sequer, além de um bocejo sonolento. Era como uma verdadeira bênção – uma bênção que poderia destruir o mundo que conheciam.
A Matriarca estava apaixonada pela sua criança. Era tudo o que ela sempre quis... uma família com quem ela poderia dividir a mesa, alguém com quem ela poderia descansar lado a lado... um filho, a quem entregar um amor que ela nunca teve. A Matriarca, sentindo a brisa dos ventos e observando o raio de luz em seu colo, associou as palavras e encontrou seu nome:
Souma.
O pequeno Kitsune cresceu em completa paz. Tanto a Matriarca quanto todos de seu clã tinham noção de que os demônios ficariam em silêncio... apenas esperando o poder do jovem florescer na idade correta para, então, buscá-lo e cumprir a profecia... Por esta razão, todos mantiveram total silêncio sobre a profecia e a futura ameaça, cultivando na mente e no coração de Souma, durante toda sua infância e adolescência, sobre o treinamento simples de suas chamas voltadas para a cura dos membros de seu clã, a comunhão completa com a natureza... e, eventualmente, com o mundo espiritual, após um acontecimento que ocorreu quando a criança tinha apenas oito anos. Por alguma razão... ele não se lembra de um único detalhe sobre isso.
Outrora, em uma noite estrelada, era outono, e o Clã Divino Lunar comemorava o oitavo aniversário do filho da Matriarca. E, apesar de a criança sempre ser alegre, adorar festejar e sempre ser gentil com todos... ele estava silencioso hoje. Algo estava diferente, como se alguma coisa estivesse lhe incomodando desde a manhã. Ele não parava de olhar para o céu e de meditar o dia inteiro... E quando o sol cai, a Matriarca caminha, com suas vestes de frio, até o pico de um bosque próximo, onde Souma sempre gostava de meditar e brincar.
— Souma? Já está ficando tarde... está se sentindo bem? — Eu dizia, com minha voz doce e serena, como sempre, enquanto eu caminhava nas trilhas próximas ao pico. — Fiz algo doce para você comer antes de dormir. Posso me juntar a você na meditação e depois...
A Kitsune fica muda ao perceber o que estava acontecendo... Souma não estava meditando, e sim... conversando com as constelações. As estrelas, que estavam no céu para serem observadas, finalmente desceram para dar atenção a uma simples criança, dialogando sobre o dia a dia, por exemplo, coisas que Souma gostava de fazer e brincar, e quem ele mais amava.
— A mamãe! As estrelinhas são minhas amigas... — Souma sorri de maneira doce e gentil, como sempre. — Mas a mamãe é quem mais amo. Eu faria tudo por ela.
Um plural de vozes femininas surge ao redor da criança e da Matriarca. A persona por trás disto é desconhecida.
— Hihi, pequeno Souma... tão adorável, nosso pequeno Príncipe Estelar... seu simples amor, sua alma pura, seu poder... você é o nosso escolhido. O céu de todos os mundos... as estrelas... o poder infinito, oculto e desconhecido. Por favor, almeje isso e nos perdoe por confiar isso a uma criança, Matriarca Divina Lunar...
Desde este acontecimento, muito tempo se passou... A Matriarca e todo o seu clã abandonaram os seus medos e decidiram: "eles dariam suas vidas e suas almas pelo futuro do Clã Divino Lunar". Através de uma magia oculta e muito especial, dada à Matriarca quando a mesma foi abençoada por Inari, um Anjo que entregou a independência aos Kitsunes e um novo propósito a eles, a magia se chamava...
Lamento do Milênio Adormecido
No início da maioridade de Souma, antes que ele pudesse sequer acordar para abraçar sua mãe e cumprimentar seu clã... já era a hora. A Matriarca e os poucos membros do Clã Divino Lunar remanescentes já o rodeavam na cama, decididos do que fariam para a sobrevivência da criança da profecia, o escolhido... o Príncipe Estelar, possessor do infinito.
A Matriarca observa seu filho em um sono profundo, já no transe do primeiro círculo mágico do selo. Lágrimas surgem em seus olhos, e as gotas escorrem lentamente pelo seu rosto.
— Souma... meu filho, eu vou lhe dar... o meu colar, o colar especial que eu queria te entregar hoje, no seu aniversário... sei que valoriza isto muito, mas, a partir de hoje, este colar não é apenas um objeto de valor emocional... ele nunca sairá de seu pescoço... e nós... nunca sairemos de você, meu amor. — A Matriarca começa a chorar em silêncio. Os outros do clã permaneciam em silêncio, com o mesmo sentimento de sua líder. E logo, todos iniciaram o selo especial.
O Lamento do Milênio Adormecido... uma magia dos Nove Céus extremamente especial, onde o escolhido pelo selo entra em um sono profundo milenar, até a magia do selo se quebrar... O corpo, a mente e o coração de Souma foram completamente selados de alterações temporais em uma magia indestrutível e impenetrável. No entanto, o espírito do jovem está eternamente cultivando poder. No entanto... a troca da realização desta magia é um custo gigantesco... as vidas de todas as pessoas que mais amam o ser afetado pelo selo. O Lamento do Milênio Adormecido é... uma tragédia, e Souma não faria ideia do que aconteceu no momento em que acordasse após a quebra do selo. Mas essa é a melhor coisa a se fazer, a melhor escolha para não destruir seu coração e seu espírito.
Enquanto a magia suprema ocorria, uma cúpula de mana era feita ao redor do jovem e, simultaneamente, tudo ao redor parecia ser consumido... todo o Clã Divino Lunar... as florestas e todos que o amavam estavam sendo lentamente desintegrados enquanto observavam Souma dormindo em silêncio... Toda a energia espiritual do Clã Divino Lunar... a alma de sua mãe e de todos com quem ele viveu por toda a sua vida foram para EtherrLune, no lugar mais puro, sagrado e feliz... E o colar dado ao jovem, o objeto mais precioso de sua mãe, ocultamente se tornou uma passagem para EtherrLune, criado para um dia Souma conseguir ver pela última vez sua mãe e todos que ama. Souma, em breve, irá desbravar um mundo desconhecido em busca de respostas dos Divinos Lunares, quando, desde sempre... as estrelas e todos que o amam sempre estiveram com ele, seja através de um colar, ou das estrelas brilhantes e lindas que cintilam pelo céu.
Seguindo viagem rumo a Valyrion, chego à Floresta de Himura, local que só ouvia e lia em contos para crianças, lugar que há muito tempo era meu sonho conhecer, sonho que se esvaiu com o passar do tempo...
"É a Floresta de Himura? Se eu a vejo, posso entrar nela? Não creio que eu tenha um coração puro... Então, porque ela está na minha frente?"
Diversas perguntas sondam minha mente, deixando-a tão distraída que sequer percebo meu corpo se mexendo sozinho, indo em direção às árvores. Quase como uma criança, me encanto com o lugar. Seu brilho é mágico e, mesmo eu, que esperava não haver resquícios de infância em mim, percebo que nem toda a amargura do mundo pode sobrepujar tal sentimento.
"É realmente como nos livros. Será que verei uma fada ou um leotempestus? Seria um sonho realizado. Bom... não que estar aqui já não seja o suficiente."
Continuo meu caminho pela floresta na forma de um coelho-explorador para não chamar atenção e aproveitar ao máximo a experiência do lugar. Afinal, nunca se sabe quando voltarei aqui. Caminhando mais um pouco, chego a um pequeno lago na floresta. Vendo em seu centro um cavalo-marinho bebendo água com seu filhote, um arco-íris paira sobre eles, proporcionando uma visão única, me fazendo questionar se é magia da própria floresta ou algo completamente natural.
Sem muita demora, logo presencio a natureza agindo, quando um leotempestus ataca o lago com uma descarga elétrica, junto de um alto rugido, dando aos cavalos um breve tempo de reação, que acaba não sendo suficiente... O menor é acertado e cai no chão, provavelmente morto. O maior parte em fuga, pois entende a diferença de habilidades, entende o ciclo da vida e o aceita; decisão que eu também tomei ao não me envolver...
"Mesmo Himura não está livre da natureza... Mesmo que tenha magia em abundância, ela não pode sobrepujar o natural, quebraria o equilíbrio..."
Com a cena em mente, me transformo em um pássaro e parto de lá, pensativo, me questionando que talvez a floresta não seja como nos contos. Afinal,
Sopac nasceu e cresceu no bosque de Himura, onde conquistou um pouco de fama por suas dramatizações e aparições. Mas agora, queria conquistar outros públicos. Então, se preparou para viajar para outra região.
— Aqui foi onde tudo começou, e um dia há de terminar... Mas agora é a entrada de um novo arco, de novos públicos.
Dizia em voz baixa para si mesmo, enquanto brincava com as cartas que estavam em suas mãos, passando-as de uma mão a outra com um sorriso no rosto, enquanto se levantava com sua trouxa de viagem.
Saindo do bosque, depara-se de frente com um espírito de raposa. Então, saca suas cartas (ligeiramente afiadas) e, com um sorriso largo, vai em direção ao espírito.
— Vamos ver se não perdi o jeito ainda de como se faz.
Então, enquanto saca uma carta (7 de copas), sai ao seu lado um espírito de um ent raivoso, com faixas negras, como se estivesse corrompido, seguindo a raposa (ilusão).
Enquanto isso, Sopac para onde está, e o ent corrompido avança em direção à raposa. Usando manipulação de emoções, vê que a raposa está brevemente com medo. Então, diminui a recepção de serotonina de seu cérebro e diminui seu sentimento de conforto e tranquilidade, e aumenta sua tristeza, medo e ansiedade devido ao medo.
— E agora... O Clímax!
A raposa se desespera e ataca o ent, mas, no momento em que ela está no meio de seu salto, ele vira a carga que estava em sua mão (sete de copas) e, então, troca de lugar com o ent. Com um único movimento com a mesma carta, passa-a em direção horizontal. Porém, antes de cortar a raposa com a carta, esconde-a entre seus dedos e realiza um soco lateral, jogando a raposa para uma árvore próxima. E, logo em seguida, seguindo o movimento do soco, após acertá-lo, coloca a mão direita estendida no peito, a esquerda para trás, realizando um sinal de apresentação teatral.
— Acho que isso é que nem andar de bicicleta. Já vou indo. Aproveite sua vida.
Após o sinal de reverência, a ilusão de ent desaparece, e uma de suas cartas (7 de copas) acaba perdendo a cor de seu fundo (efeito visual do limite das cartas, não poderia usá-la novamente para trocar). E então, segue seu caminho em direção ao Instituto Valyrion, em busca de novos interesses.
Sopac nasceu e cresceu no bosque de Himura, onde conquistou um pouco de fama por suas dramatizações e aparições. Mas agora, queria conquistar outros públicos. Então, se preparou para viajar para outra região.
— Aqui foi onde tudo começou, e um dia há de terminar... Mas agora é a entrada de um novo arco, de novos públicos.
Dizia em voz baixa para si mesmo, enquanto brincava com as cartas que estavam em suas mãos, passando-as de uma mão a outra com um sorriso no rosto, enquanto se levantava com sua trouxa de viagem.
Saindo do bosque, depara-se de frente com um espírito de raposa. Então, saca suas cartas (ligeiramente afiadas) e, com um sorriso largo, vai em direção ao espírito.
— Vamos ver se não perdi o jeito ainda de como se faz.
Então, enquanto saca uma carta (7 de copas), sai ao seu lado um espírito de um ent raivoso, com faixas negras, como se estivesse corrompido, seguindo a raposa (ilusão).
Enquanto isso, Sopac para onde está, e o ent corrompido avança em direção à raposa. Usando manipulação de emoções, vê que a raposa está brevemente com medo. Então, diminui a recepção de serotonina de seu cérebro e diminui seu sentimento de conforto e tranquilidade, e aumenta sua tristeza, medo e ansiedade devido ao medo.
— E agora... O Clímax!
A raposa se desespera e ataca o ent, mas, no momento em que ela está no meio de seu salto, ele vira a carga que estava em sua mão (sete de copas) e, então, troca de lugar com o ent. Com um único movimento com a mesma carta, passa-a em direção horizontal. Porém, antes de cortar a raposa com a carta, esconde-a entre seus dedos e realiza um soco lateral, jogando a raposa para uma árvore próxima. E, logo em seguida, seguindo o movimento do soco, após acertá-lo, coloca a mão direita estendida no peito, a esquerda para trás, realizando um sinal de apresentação teatral.
— Acho que isso é que nem andar de bicicleta. Já vou indo. Aproveite sua vida.
Após o sinal de reverência, a ilusão de ent desaparece, e uma de suas cartas (7 de copas) acaba perdendo a cor de seu fundo (efeito visual do limite das cartas, não poderia usá-la novamente para trocar). E então, segue seu caminho em direção ao Instituto Valyrion, em busca de novos interesses.
A floresta era densa e antiga, um domínio de sombras e segredos. Árvores colossais se erguiam ao redor da clareira, suas copas bloqueando quase toda a luz do céu noturno. Apenas a lua cheia — um disco pálido e imponente — filtrava sua luz através das frestas entre os galhos retorcidos, banhando o solo em um brilho prateado e etéreo. O vento carregava o cheiro úmido da terra e das folhas em decomposição, misturado ao faro de presas distantes e do sangue seco de antigas caçadas.
No coração desse território intocado, Zev Varkerville aguardava, imóvel como uma estátua. Seu corpo estava livre de armas e vestes, exposto ao frio da noite, mas ele não sentia incômodo. A transformação para sua forma híbrida já havia ocorrido — músculos poderosos recobertos de pelos negros, garras afiadas e olhos vermelhos faiscando como brasas. Cada fibra de seu corpo vibrava com energia primal. Ele respirou fundo, sentindo cada aroma carregado pelo vento. Entre os muitos cheiros, um se destacava. Garran. O assassino se aproximava.
Do outro lado da clareira, uma silhueta monstruosa emergiu das sombras. Garran também já havia se transformado. Seu pelo era acinzentado, salpicado com marcas escuras como as de um lobo da tundra. Ele era mais corpulento que Zev, com ombros largos e um peito vasto, como se fosse uma muralha de carne e ossos. Seus olhos azuis, porém, não eram apenas predatórios — eram insanos. A tradição exigia que ambos se apresentassem antes do combate. A telepatia lupina se ativou naturalmente, permitindo que as mentes dos dois se conectassem em palavras sem som:
— Eu sou Zev Varkerville, caçador da matilha Varkerville. Estou aqui para julgar seus crimes contra os nossos. Você quebrou o equilíbrio da nossa sociedade e derramou sangue inocente. O desafio foi aceito. Que a Lua e os espíritos sejam testemunhas.
Garran rosnou, expondo presas enormes. Sua voz telepática carregava escárnio:
— Eu aceito este combate, mas não aceito suas leis. Os fracos devem cair, e os fortes devem caçar. Esse é o único equilíbrio que existe.
Zev não respondeu. Não havia mais necessidade de palavras. Eles já haviam se encarado por tempo suficiente, os corpos imóveis, mas os instintos ferozes gritando para atacar. Então, como um trovão irrompendo no céu, a luta começou.
Garran foi o primeiro a avançar. Sua investida foi rápida, suas patas esmagando a terra, tentando pegar Zev pelo flanco. Mas Zev era experiente. Ele girou o corpo, desviando no último instante, e contra-atacou com uma investida brutal, cravando as garras nos ombros do oponente e usando seu peso para desequilibrá-lo.
Garran soltou um rosnado selvagem e revidou com um golpe de garras, cortando o lado do tórax de Zev. O caçador sentiu a dor, mas ignorou. Seu foco era absoluto. Ele agarrou o braço do inimigo e puxou para baixo, lançando Garran contra o solo com um estrondo. O assassino se ergueu com um salto ágil, agora mais cauteloso. Ele tentou usar sua força bruta para dominar Zev, investindo de novo, mas desta vez com um salto poderoso, tentando derrubá-lo e esmagá-lo contra a terra.
Zev não recuou. Ele também saltou. Os dois colidiram no ar, presas contra presas, garras contra garras, como dois titãs disputando o domínio da selva. Quando caíram, foi Zev quem saiu por cima. Ele usou sua agilidade superior para agarrar Garran pelo pescoço, pressionando-o contra o solo e imobilizando-o.
— Você perdeu.
O assassino lutou, tentou se soltar, mas Zev não cedeu. O julgamento já estava decidido. Ele aplicou mais pressão e, com um último rugido, Garran finalmente parou de resistir, sua consciência se esvaindo. A clareira ficou silenciosa. Apenas o som do vento e o uivo distante de outros lobos ecoava na noite.
Zev se ergueu, respirando fundo. Ele olhou para o corpo desacordado de Garran. A tradição exigia que criminosos como ele fossem levados ao conselho dos anciãos para julgamento final. A caçada estava completa.